Collares se despede
Fará falta, o “Negão”. Forma como se referia a si mesmo e como era chamado pelos mais próximos.
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Alceu de Deus Collares partiu na madrugada desta terça-feira, véspera de Natal, aos 97 anos. De voz grossa e gargalhada fácil, Collares teve a trajetória marcada pela luta em defesa dos trabalhadores e dos mais necessitados.
Foi protagonista de polêmicas e de bandeiras como a da educação, ao lado do companheiro Leonel Brizola, com quem também ajudou a fundar o PDT.
Apaixonado por declamar, não perdia a oportunidade de soltar o vozeirão ao dar vida a composições como O voto e o pão.
“Mandam no teu destino.
Mas ele é teu, meu irmão.
Ergue teus braços finos
E acaba com a exploração
Faz tua revolução!
Mandam no teu destino.
Mas ele é teu, meu irmão.
Ergue teus braços finos
E acaba com a exploração
Faz tua revolução!”
Collares saiu de Bagé, onde nasceu, para trilhar seu caminho e se tornar o primeiro governador negro do Rio Grande do Sul. Entre as marcas de sua gestão, está a criação dos Cieps, Centros integrados de Educação Pública.
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Apaixonado declarado pela esposa Neuza Canabarro, que ficou ao seu lado até a última despedida, Collares sempre que podia falava do amor pela companheira. Neuza comandou as pastas da Educação durante os governos de Collares no Estado e na prefeitura de Porto Alegre.
Aliás, quando em busca de informações, jornalistas tentavam falar com Collares sem sucesso, bastava uma ligação para a dona Neuza que em instantes ele atendia de bom grado.
Exemplo de político e de uma política em extinção, Collares era admirado e respeitado inclusive por adversários. Nos últimos tempos, afastado da vida pública e com problemas de saúde que dificultavam inclusive sua locomoção, Collares recebia em casa, na Zona Sul, ao lado de Neuza, amigos e políticos como vários ex-governadores.
Fará falta, o “Negão”. Forma como se referia a si mesmo e como era chamado pelos mais próximos.