Entidades e sindicatos estão surpresos com decreto

Entidades e sindicatos estão surpresos com decreto

Governo do RS retirou obrigatoriedade do uso de máscaras para crianças até 12 anos

Taline Oppitz

Escolas poderão decidir sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras

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Já questionado na Justiça, o decreto do governo gaúcho, publicado no último sábado, que acaba com a obrigatoriedade do uso de máscaras, que passam a ser apenas recomendadas, para crianças até 12 anos, está dividindo opiniões. Dentro e fora da gestão. O Executivo tem 72 horas estabelecidas pelo judiciário para se manifestar. Segundo o presidente da Famurs e prefeito de São Borja, Eduardo Bonotto, a iniciativa vai ao encontro da posição da grande maioria dos municípios gaúchos. “Precisamos focar nossas energias em recuperar o vácuo que a pandemia trouxe para nossas crianças e jovens”, disse Bonotto. O cenário é complexo.

Em Porto Alegre, por exemplo, Sebastião Melo (MDB) já havia editado decreto estabelecendo apenas a recomendação para o uso da proteção facial. Já em Pelotas, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), manteve a obrigatoriedade até o dia 18, principalmente para observar os efeitos no período pós Carnaval. O presidente do Sindicato do Ensino Privado do Estado, Bruno Eizerik, afirmou que o decreto pegou a entidade de surpresa. “Para nós, o correto seria esperar mais um pouco, mas com o decreto, as escolas, com bases em seus comitês, poderão decidir pela obrigatoriedade ou não das máscaras”, disse, em entrevista ao programa “Esfera Pública”, da Rádio Guaíba.

Presidente do Cpers, Helenir Schurer, vai na mesma linha, de que o Executivo deveria aguardar pelo menos o avanço da vacinação pediátrica contra a Covid. De acordo com Juarez Cunha, integrante do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, o Piratini se equivocou ao editar decreto de flexibilização neste momento. Ele destacou que a circulação da Ômicron ainda é alta e que apenas 44% das crianças estão vacinadas, segundo o site do próprio governo. “Não tem sentido nenhum. Estamos surpresos. O recado transmitido é o de que a pandemia está mais branda, quando não está. Há 36 crianças em UTIs no Estado e não sabemos dos efeitos colaterais posteriores. A mensagem repassada à população está totalmente equivocada”, defendeu o especialista.

Em tempo: o fim do cronograma vacinal infantil está previsto para abril. Portanto, esperar até lá, sem dúvida, seria a posição mais prudente a ser adotada pelo governo gaúcho. 


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