Lula sinaliza para setor do agronegócio
Plano Safra integra ações para minimizar resistências do setor
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O anúncio do presidente Lula (PT), nesta terça-feira, de valor recorde histórico do Plano Safra, de R$ 364 bilhões em investimentos, para médios e grandes produtores, representou investida do governo federal junto ao agronegócio, setor estratégico que não tem boas relações com o petista e com as bandeiras de seu partido.
O montante, que pode ainda ser ampliado e chegar a R$ 430 milhões considerando seu total, é superior aos R$ 340,9 bilhões lançados pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), que recebeu apoio maciço do setor nas eleições gerais de 2022.
O Plano Safra é mais um de uma série de acenos que vêm sendo feitos pelo Planalto que visam minimizar resistências e viabilizar uma aproximação com o setor, que é decisivo para o desempenho econômico do país.
"É o primeiro Plano Safra do nosso governo. E como os outros, de 2003 a 2010, não tenho medo de dizer a vocês, que todos os anos a gente vai fazer planos melhores do que o ano anterior. Estou convencido disso", afirmou Lula, durante seu pronunciamento.
O presidente abordou ainda, em sua fala, o viés ideológico que marca as relações com o setor: "Se engana quem pensa que o governo vai tratar o agronegócio de maneira ideológica. Um governo responsável não tem a pequenez de insuflar o ódio”.
Em mais um movimento simbólico, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também discursou no evento, que teve baixa participação de parlamentares vinculados ao agro. "Os senhores poderão ser a linha de frente dessa exportação de sustentabilidade", disse.
Surpresa e bons olhos
Presidente da CPI do MST, o deputado federal Tenente Coronel Zucco (Republicanos) disse ter visto com bons olhos o anúncio do valor histórico do Plano Safra. “Recebi a informação com surpresa e com bons olhos. Lula e este governo rotulam o agro como de direita. Mas Lula deve governar para todos. Não apenas para a esquerda”, disse Zucco, em entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba.
Em tempo: não é de hoje que as relações delicadas com o agronegócio preocupam Lula. Desde antes da eleição a pauta está no horizonte. A própria escolha de Geraldo Alckmin para vice considerou o trânsito do ex-tucano com setores dos quais Lula e o PT têm dificuldades de aproximação.