Poder público precisa tratar o atípico como corriqueiro

Poder público precisa tratar o atípico como corriqueiro

Ações anunciadas pela gestão municipal visam fazer frente à crise, mas sem indicativo de atuações antecipadas e preventivas aos episódios

Taline Oppitz

Em coletiva de imprensa nesta quinta, Melo confirmou que prefeitura sabia da previsão de fortes chuvas

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O prefeito Sebastião Melo (MDB) abriu a coletiva desta quinta-feira, em meio aos caos instaurado na cidade, afirmando que a prefeitura tinha consciência das chuvas que atingiram Porto Alegre, especialmente a partir da madrugada desta quinta-feira. E não poderia ter sido diferente. A Metsul e a Defesa Civil, entre outros órgãos, fizeram alertas para nova situação severa há dias. A chuva veio, não apenas na Capital e Região Metropolitana, mas também em municípios do Interior, em um momento em que se acreditava que estaríamos entrando em uma nova etapa após as enchentes, de limpeza e tentativa mínima de retomada.

Já no início da manhã, no entanto, ficou claro que o cenário sofria um revés. Bairros de Porto Alegre, nos quais as águas já tinham baixado, o Centro, Cidade Baixa e Meninos Deus, as inundações voltaram rapidamente e ainda atingindo ruas que haviam sido poupadas da última vez. Locais como o Humaitá, Sarandi e nas Ilhas, o cenário sequer chegou a arrefecer. E se agravou. O clima nesta quinta-feira foi de pânico, medo e apreensão.

Estão cada cada vez mais claras as fragilidades e limitações na atuação do poder público, que definitivamente não estava preparado para um evento climático com essas proporções. Mas mais do que isto. Mesmo após praticamente três semanas do início da tragédia, as ações visam fazer frente à crise, em uma corrida atrás dos prejuízos, em reações às situações inéditas e graves que não param. Entre elas, nova suspensão das aulas nas redes pública e privadas em Porto Alegre e o fechamento de comportas para conter o lago Guaíba.

Não há, pelo menos por ora, em meio aos caos, indicativos de atuações antecipadas e preventivas aos episódios que não dão trégua. Chuvas extremas não podem mais ser tratadas como atípicas. Não mais. Elas tornaram-se corriqueiras.

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A audiência da Comissão Externa do Senado para acompanhar a tragédia climática no Rio Grande do Sul, comandado por Paulo Paim (PT), foi realizada na Base Aérea de Canoas, nesta quinta-feira. Na reunião, foram ouvidos gestores como o governador Eduardo Leite (PSDB) e o prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PSD). A promessa é a de que, na semana que vem, o grupo apresentará a primeira etapa de ações legislativas para ajudar o Estado.


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