Renúncia de Doria era pedra cantada

O ex-governador de São Paulo João Doria fez pronunciamento em que retirou sua pré-candidatura ao Planalto. “Me retiro da disputa com o coração ferido e a alma leve”, disse Doria. A manifestação ocorreu após reuniões pela manhã, entre elas com o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, o qual Doria havia retirado do comando de sua pré-campanha e cujo movimento foi ironizado pelo dirigente nas redes sociais.

Na prática, como a coluna vinha alertando há tempo, Doria tentava se manter no páreo, em uma luta cada vez mais solitária. Caso não recuasse, seria forçado a desistir. Doria decidiu, então, pela saída menos traumática. Apesar de ter vencido as prévias do PSDB, as pesquisas internas apontam altos índices de rejeição, o que, na avaliação de tucanos e de dirigentes de partidos que buscam viabilizar a terceira via, com o MDB, impediriam o crescimento do tucano na corrida presidencial.

O movimento de Doria ocorreu na véspera de manifestação da cúpula nacional tucana, que ocorreria nesta terça-feira, e no qual o paulista seria rifado em praça pública pelos companheiros de partido. A partir de agora, as negociações devem evoluir. Ala do PSDB ainda pode tentar emplacar um nome do partido para a cabeça de chapa. O cenário mais provável, no entanto, é o de que a senadora Simone Tebet, pré-candidata do MDB, seja a escolhida. O PSDB, que está em federação com o Cidadania, indicaria o vice.

Em silêncio desde que realizou uma série de ações erráticas nacionalmente, Eduardo Leite não pode ser completamente descartado, apesar de movimentos de algumas lideranças do PSDB gaúcho para que ele concorra ao Piratini. Leite aparece bem colocado nas pesquisas de intenções de voto, mas agora, pode ser tarde para concretizar o apoio de partidos como o MDB, de Gabriel Souza, e do PP, de Luis Carlos Heinze, que já estão com suas pré-campanhas na rua e não tendem a desistir. Os próximos desdobramentos nacionais, ditarão os passos em solo gaúcho.