Acompanhando a ciência ao longo do tempo
Desde sua fundação, o Correio do Povo dedicou grande parte de sua cobertura jornalística e espaços privilegiados para os acontecimentos e descobertas científicas

publicidade
A cultura, a literatura e os principais acontecimentos do mundo predominaram nas páginas do Correio do Povo na virada para o século 20. E as descobertas mais importantes para a humanidade também despontavam entre as preferências dos leitores. Desde a primeira edição, os avanços da ciência estão narrados e repercutidos com merecidos destaques.
Já no ano de fundação, merecem menções o registro da “morte do sábio Pasteur”, referindo-se ao cientista que falecera em 2 de setembro de 1895, e a descoberta do gás hélio, na Inglaterra. Em 1898, o alemão August Karl Bier apresenta a anestesia raquidiana. No ano seguinte, o também alemão Dresser daria ao mundo um dos medicamentos mais populares: a aspirina.
Outro passo marcante ocorreu em 1928. Na página XX do CP, noticiava a descoberta da penicilina pelo escocês Alexander Fleming (Inglaterra).
Médico, Fleming pesquisava substâncias capazes de combater bactérias em feridas e esqueceu seu material de estudo sobre a mesa durante um período de férias. Acidentalmente, comprovou a eficácia do fungo Penicillium, revolucionando o tratamento de doenças como pneumonia, sífilis, difteria, meningite e bronquite, reduzindo mortes e complicações.
A estrutura tridimensional da molécula de DNA foi revelada em 1953, por Francis Crick, James Watson e Maurice Wilkins, em Cambridge, no Reino Unido, e repercutiu, como não poderia deixar de ser, no Rio Grande do Sul. O estudo ganhou destaque em 1957, quando foi demonstrado que o DNA se autorreplica. O prêmio Nobel pelo feito foi atribuído a esses pesquisadores em 1962.
DA GRIPE ESPANHOLA AO CORONAVÍRUS
A história também reserva momentos de dificuldade em que a saúde e a ciência foram decisivas para a superação do momento de crise. Exemplo é a Gripe Espanhola, noticiada a partir de outubro de 1918 no CP, quando primeiros casos da “Influenza Hespanhola” chegaram ao Rio Grande do Sul. Epidemia em escala global, deixou ao menos 50 milhões de mortos pelo mundo, sendo 25 milhões de pessoas nos seis primeiros meses, com aproximadamente 500 milhões de contaminados.
Em 1918, Porto Alegre dispunha de seis estabelecimentos médicos, entre instituições oficiais e particulares, para atender uma população de 163,5 mil habitantes: Santa Casa, Beneficência Portuguesa, São Pedro, Hospital da Brigada Militar, Isolamento São José e Hospital Bananeiras. O número de funcionários públicos também era pequeno, 4.732 pessoas, sendo apenas 56 atendendo na área médica.
Até o Coronavírus assombrar o mundo, em 2020, a Gripe Espanhola foi a mais letal das epidemias. Assim como a pandemia deste século, com origem na China, a doença vitimou especialmente jovens adultos saudáveis, e não crianças e idosos, que costumam ser os mais vulneráveis.
A Covid-19 matou 713.500 pessoas no Brasil, sendo mais de 38 milhões de casos da doença confirmados. Mais de 43.008 gaúchos perderam a vida.
A vacina, que chegou ao Brasil em janeiro de 2022, comprovou o papel decisivo da ciência para o fim da pandemia, reconhecido em 5 de maio de 2023 pela Organização Mundial da Saúde. Na data, a organização apontou cerca de 20 milhões de mortes em todo o planeta.
Outro momento de alerta que resultou em mobilização da comunidade científica foi o surgimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), nos Estados Unidos, em 1981. Apenas dois anos mais tarde, foi identificado o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), que provoca a doença.
No Brasil, o primeiro caso data de 1983, no estado de São Paulo. Em janeiro de 1984, chegava ao Rio Grande do Sul. Foram anos de dúvidas, discriminação, preocupação e temor, só vencidos pela informação e pesquisa em saúde.
AVANÇO NA MEDICINA GAÚCHA
No dia 23 de fevereiro de 1989, às 10h17min, nascia Álvaro Luís Gonçalves Santos. A chegada ao mundo daquele bebê no Hospital São Lucas da PUCRS, em Porto Alegre, representou um marco na história da medicina gaúcha. Ele foi o nascimento do primeiro bebê a partir da técnica de fertilização in vitro do RS. O “primeiro bebê de laboratório” do RS, como noticiou a imprensa em 1989, hoje é Formado em Economia pela PUCRS e estudante de Ciências Contábeis na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Álvaro é auditor na Contadoria e Auditoria Geral do Estado. Feitos registrados nas páginas do CP.