Transformações ambientais nas páginas do CP
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Transformações ambientais nas páginas do CP

Contados aos leitores durante seus 129 anos, os eventos relacionados ao meio ambiente e às mudanças climáticas formam um importante registro publicado pelo Correio do Povo ao longo de sua história

Cristiano Abreu

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As transformações e os assuntos relacionados ao meio ambiente foram devidamente acompanhados pelo Correio do Povo e contadas aos leitores em suas páginas. Hoje formam um registro histórico importante, uma espécie de linha do tempo que narra os principais momentos ao longo dos últimos 129 anos. Abaixo, alguns poucos episódios acompanhados de perto pelo jornal.

AS GRANDES ENCHENTES

Destaque na primeira metade do século 20 por conta de sua dimensão, a enchente de 1941 recebeu ampla cobertura do CP. Choveu por cerca de 22 dias seguidos de maneira ininterrupta no Estado entre abril e maio daquele ano.

O Guaíba ficou 32 dias acima da cota de inundação, e, por consequência, Porto Alegre permaneceu com ruas do Centro Histórico alagadas por 40 dias. À época, a população de Porto Alegre era de 272 mil habitantes, sendo que ao menos 70 mil pessoas tiveram suas residências e propriedades afetadas.

Enchente de 1941 no centro de Porto Alegre | Foto: CP Memória

Este evento resultou na criação do sistema de proteção contra cheias de Porto Alegre, com a construção do muro da Mauá e suas comportas, na década de 1970.

Em 2024, novamente vimos o Estado tomado pela fúria das águas. Em várias cidades, no período entre 27 de abril e 2 de maio, chegou a chover de 500 a 700 mm, correspondendo a um terço da média histórica de precipitação para todo um ano. Mais de 60% do território gaúcho foi afetado.

VOZ PELA PRESERVAÇÃO

José Antonio Lutzenberger (1926 – 2002), agrônomo, escritor, filósofo, paisagista e ambientalista brasileiro, participou durante praticamente toda sua vida de forma ativa na luta pela preservação ambiental, sobretudo em nosso Estado. Na década de 1970, ele já apontava o norte das discussões para os gases de efeito estufa e sentenciava que as transformações climáticas são resultados diretos da ação humana e do emprego indiscriminado de recursos naturais.

Uma das lutas mais importantes do ambientalista foi a defesa da Floresta Amazônica. No final dos anos 1970 e principalmente nos anos 1980, fez várias viagens à região para conhecer mais de perto a realidade. Tal engajamento resultou para Lutzenberger no prêmio Right Livelihood, conhecido como Nobel Alternativo. Na cerimônia de entrega, realizada em 1988, na Suécia, discursou ressaltando a importância de preservar a biodiversidade e alertando para os perigos das mudanças climáticas.

MORTE DE CHICO MENDES

Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes (1944 – 1988), foi um seringueiro, ativista político brasileiro reconhecido internacionalmente. Lutou a favor dos seringueiros da Bacia Amazônica, cuja subsistência dependia da preservação da floresta, e entre 1987 e 1988, recebeu o Global 500 da Organização das Nações Unidas (ONU), na Inglaterra, e a Medalha de Meio Ambiente da Better World Society, nos Estados Unidos.

Chico Mendes acabou assassinado em 22 de dezembro de 1988, crime que causou indignação no Brasil e exterior. Após a sua morte, prêmios, parques, institutos e memoriais foram criados para divulgar seu legado.

CRISE DO PETRÓLEO

A crise do petróleo foi notícia nos principais jornais do mundo. Ocorreu em quatro choques, todos depois da Segunda Guerra Mundial provocada pelo embargo dos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e Golfo Pérsico à distribuição de petróleo para os Estados Unidos e países da Europa e da África.

No ano de 1973, em protesto ao envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Yom Kippur, os países árabes organizados na OPEP aumentaram o preço do petróleo em mais de 400%. No Brasil, a crise levou o governo a criar o Proálcool, programa que substituiu a gasolina por álcool etílico, o que gerou 10 milhões de automóveis a gasolina a menos rodando no Brasil, diminuindo a dependência do país ao petróleo importado.

RIO 92

A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida como Eco-92 ou Rio-92, marcou época. Foi lá que, em junho de 1992, delegações de 175 países se reuniram para definir medidas para enfrentar os problemas crescentes da emissão de gases causadores do efeito estufa. Movimentos sociais, sociedade civil e iniciativa privada também compareceram em peso. O principal documento ratificado pelo encontro foi a Agenda 21. Ela colocou no papel uma série de ações que tinham como eixo o compromisso com a responsabilidade ambiental. Ressaltava, basicamente, as mudanças necessárias à proteção dos recursos naturais e ao desenvolvimento de tecnologias capazes de reforçar a gestão ambiental dos países.


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