As doenças e o futuro da saúde pós-pandemia

As doenças e o futuro da saúde pós-pandemia

O período de quase dois anos da pandemia de Covid-19 colocou em destaque o tema da saúde, mas também fez com que a maioria das pessoas adiasse ou descuidasse de alguns tratamentos. Agora é hora de voltar ao autocuidado

Por
Taís Teixeira

Mais uma vez é início de ano. Hora de escrever a lista de metas para atingir no ano que chegou. Entre elas, uma costuma estar em boa parte dos planos de muita gente: cuidar da saúde. Perder peso, ter uma rotina de atividades físicas, fazer uma reeducação alimentar, relaxar a mente, praticar o autocuidado. No entanto, entra novo ano e, muitas vezes, a intenção fica no campo da promessa e não se efetiva. O fogo de palha se apaga e a saúde não foi uma prioridade. É adiada para os 12 meses seguintes. Porém, o cenário de quase dois anos de pandemia da Covid-19 colocou em destaque esse tema. E muitos se obrigaram a olhar de frente para um assunto varrido para baixo do tapete. 

Hoje passamos de uma pandemia (doença generalizada no mundo) para uma endemia (doença habitual, como uma gripe). Entretanto, muitas marcas serão para a vida. O futuro da saúde no pós-pandemia deixou sequelas, que vão desde problemas respiratórios até transtornos psíquicos, como a depressão. O quadro pode melhorar mediante mudanças no estilo de vida, que serão alcançadas se a saúde, física e mental for promovida de compromisso temporário para permanente. 

Vista ainda sob o espectro do preconceito, a saúde mental pode ser considerada um aspecto central da questão. A conscientização de que a mente também requer cuidados, assim como os órgãos vitais e as estruturas óssea e muscular, pode ser o começo para prevenir o surgimento de doenças físicas, já que o corpo pode sentir os reflexos de uma vida e mente estressadas e ligadas no automático. Isso ficou evidente no período pandêmico.

Durante a pandemia, as exigências impostas para evitar a transmissão do coronavírus, que causou quase 700 mil óbitos apenas no Brasil, desencadearam muitos transtornos mentais. O presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Marcos Rovinski, disse que há grupos de pesquisas que estudam as sequelas pós-Covid e afirma que algumas se evidenciam. “As principais sequelas são as respiratórias e neurológicas, o que inclui o adoecimento psíquico.” 

O médico entende que a abordagem social de combate à pandemia contribuiu para esse alto número de pessoas que buscaram ajuda profissional para lidar com as emoções. “O isolamento por muito tempo, a perda de pessoas próximas, o alto número de contaminados e as mortes diárias geraram um sofrimento psíquico”, comenta. A psiquiatra e diretora do núcleo de psiquiatria do Simers, Gabriela Schuster, endossa a argumentação e cita que os transtornos de ansiedade (generalizada e síndrome do pânico) e depressão foram os transtornos mais evidentes na pandemia, atingindo expressivamente os adolescentes. “É uma fase em que convivem muito com os amigos, em que estudam diariamente juntos, e isso não pode acontecer, o que favoreceu o surgimento desses transtornos”, explica. 

No entanto, ambos são enfáticos em salientar, uma “herança” do pós-pandemia: o esvaziamento dos pacientes dos consultórios médicos por medo de contrair Covid-19, a consequente interrupção de tratamentos de doenças crônicas e o avanço dessas doenças. “Posso afirmar com certeza que essa lacuna nos tratamentos causou agravamentos das doenças crônicas”, disse. Somando esses fatores, a orientação do dirigente é direta e reta. “Vá ao médico, retome seu tratamento, faça um check-up, a prevenção é uma aliada da saúde.”

A recomendação é um consenso entre as demais especialidades médicas. O cardiologista e diretor clínico do Pronto Atendimento da Unimed Porto Alegre, Carlos Humberto Cereser, incentiva que se faça um check-up cardiológico. Cereser ressalta que, no ápice da pandemia, caiu muito o movimento no consultório por receio dos pacientes de contaminação, e que ele atendia as pessoas por telefone. “Não é a mesma coisa do que presencial”, disse. O médico trabalhou direto no auge da pandemia e lembra que chegava a atender uma média de 400 pessoas por dia, quadro que mudou drasticamente. “Antes 90% dos pacientes testavam positivo para Covid, hoje menos de 10% confirmam para a doença e isso se reflete no número de internações, que são muito poucas”, compara.

Dermatologista titulada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e Associação Médica Brasileira, Mônica Zechmeister Berg realça que a decisão de não comparecer aos especialistas de saúde também atingiu a dermatologia no período pandêmico. “Vários pacientes pararam com as consultas regulares, alguns com quase três anos sem ir ao dermato e retornaram com alterações que poderiam ter sido prevenidas, como um câncer de pele que poderia ter sido tratado, uma alteração inflamatória que poderia ter sido tratada e não ter deixado evoluir de uma forma que provavelmente o tratamento vai deixar uma sequela”, descreve.

A médica assinala que esse é o resultado da demora no retorno anual, que acabou tornando-se bianual, trianual. “Eu tenho pacientes que ainda não voltaram, que recebem atendimento on-line, mas enfatizo a relevância do exame presencial pelo uso de equipamentos”, pontua. Além disso, destaca que, na pandemia, houve muitas pessoas que tiveram queda acentuada de cabelos, sinalizando início de calvície, e manchas na pele em decorrência de problemas vasculares.

O oncologista e diretor da região metropolitana do Simers, Jefferson Oliveira, traz uma observação importante quanto à manifestação de tipos de câncer durante a pandemia. “Com certeza, a pandemia trouxe situações que não se via mais com frequência, como câncer de intestino. Na pandemia, muitos chegavam às emergências com intestino obstruído porque não fizeram uma investigação apurada e não receberam um diagnóstico precoce”, exemplificou. 

A psicofobia atrapalha


Foto: Mauro Schaefer

Termo pouco falado, a psicofobia pode ser compreendida como o preconceito exacerbado a aceitar tratamentos psíquico e psiquiátrico, especialmente quando há prescrição de medicamentos. A situação é séria, tanto que o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) vai iniciar uma campanha neste ano para reduzir essa aversão aos transtornos mentais. A psiquiatra e diretora do núcleo de psiquiatria do Simers, Gabriela Schuster, explica que o projeto “Verão com Mais Saúde” vai ser itinerante, visitando aos fins de semana as principais praias do Litoral Norte. “O objetivo é alertar os veranistas para a importância de cuidar de várias áreas da saúde, entre elas, a saúde mental”. Contudo, a temática vai ganhar outros tons e continuar durante o ano com o objetivo de cessar esse preconceito com os transtornos mentais. 

Gabriela acredita que esse olhar diferenciado das pessoas em relação à área possa estar associado à fraqueza ou à loucura, interpretação que a profissional rechaça com veemência. “Esse entendimento é equivocado e prejudicial, pois se os transtornos mentais fossem encarados com seriedade, muitos problemas físicos poderiam ser evitados”. A psiquiatra exemplifica, citando que um indivíduo com uma vida muito estressante, pode desenvolver ansiedade, que pode se manifestar no corpo com dores estomacais constantes, o que pode evoluir para uma gastrite ou úlcera, ou em compulsão alimentar que pode levar ao sobrepeso e à obesidade. “Se tivesse procurado ajuda médica, esse quadro poderia ter sido evitado”. 

A especialista avalia que a grande oferta de tratamentos alternativos banaliza o termo “terapeuta”, provocando ainda mais esse afastamento da área, já que não se sabe ao certo a formação das pessoas que se intitulam dessa forma. 

Em relação à medicação, o preconceito fica latente. A médica compartilha como os pacientes se apresentam na primeira consulta. “Eles dizem que tentaram de tudo antes, atividade física, outros tratamentos que não adiantaram e por isso buscaram o psiquiatra”, conta, reforçando a resistência. Gabriela atenta para dois aspectos. “É importante e recomendável praticar exercícios e ter boa alimentação, mas não vai ser suficiente em muitos casos.” O medo da dependência de remédios, como ansiolíticos, comumente prescritos para tratamento de ansiedade de depressão, é um fator crucial no cerne do preconceito. “Remédios com faixa vermelha não estabelecem dependência, já os de faixa preta sim, por isso a importância de fazer um acompanhamento”.

Já doenças mentais crônicas, como esquizofrenia e transtorno bipolar, não têm cura e precisam ser acompanhadas de medicamentos durante a vida do paciente. Na pandemia, o mundo ganhou mais ansiosos e depressivos, o que significa que, mesmo no pós-pandemia, seguirão sendo tratados, já que não estão condicionados ao período pandêmico.

Saúde mental das crianças na pandemia

Crianças, adolescentes e jovens poderão sentir o impacto da Covid-19 em sua saúde mental e bem-estar por muitos anos, alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no principal relatório da organização, “Situação Mundial da Infância 2021: Na minha mente: promovendo, protegendo e cuidando da saúde mental das crianças”. Mesmo antes da Covid-19, crianças, adolescentes e jovens carregavam o fardo das condições de saúde mental. Segundo as últimas estimativas disponíveis, calcula-se que, globalmente, mais de um em cada sete meninos e meninas com idade entre 10 e 19 anos viva com algum transtorno mental diagnosticado. Quase 46 mil adolescentes morrem por suicídio a cada ano, uma das cinco principais causas de morte nessa faixa etária. Enquanto isso, persistem grandes lacunas entre as necessidades de saúde mental e o financiamento de políticas voltadas a essa área. O relatório constata que apenas cerca de 2% dos orçamentos governamentais de saúde são alocados para gastos com saúde mental em todo o mundo.

Com a pandemia, esse cenário se potencializou, conforme os últimos dados disponíveis do Unicef, que indicam que uma em cada sete crianças foi diretamente afetada por lockdowns, enquanto mais de 1,6 bilhão de crianças sofreram alguma perda relacionada à educação. A ruptura com as rotinas, a educação, a recreação e a preocupação com a renda familiar e com a saúde deixaram muitos jovens com medo, irritados e preocupados com seu futuro. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou em junho de 2022 a maior revisão mundial sobre saúde mental desde a virada do século. O trabalho detalhado fornece um plano para governos, acadêmicos, profissionais de saúde, sociedade civil e outros com a ambição de apoiar o mundo na transformação da saúde mental.

Em 2019, quase 1 bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes do mundo – viviam com um transtorno mental. O suicídio foi responsável por mais de uma em cada 100 mortes e 58% dos suicídios ocorreram antes dos 50 anos de idade. Os transtornos mentais são a principal causa de incapacidade. Pessoas com condições graves de saúde mental morrem em média 10 a 20 anos mais cedo do que a população em geral, principalmente devido a doenças físicas evitáveis. O abuso sexual infantil e o abuso por intimidação são importantes causas da depressão. Desigualdades sociais e econômicas, emergências de saúde pública, guerra e crise climática estão entre as ameaças estruturais globais à saúde mental. A depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia.

“Por isso, a minha recomendação como psiquiatra engajada em transformar essa realidade é para que se cuide da saúde mental como uma parte do seu corpo. Não deixe a situação se agravar”, aconselha Gabriela Schuster. Os principais sintomas de ansiedade são falta de apetite ou compulsão alimentar, apatia constante, tristeza profunda, irritação excessiva, tremores, suor e vertigens pertinentes, inquietação e dificuldade de concentração, insônia frequente e dificuldade de realizar tarefas do dia a dia.

Mudança de estilo de vida


Foto: Mauro Schaefer

Na era do fast food, das comidas que ficam prontas em minutos no micro-ondas, do domínio dos alimentos de “código de barra” preparados para oferecer uma refeição rápida, acompanhando o imediatismo da vida social, a comida pode ser um caminho para doenças. O endocrinologista e presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Marcos Rovinski, ressalta a importância de se seguir uma alimentação equilibrada não pela aparência, mas por questões de saúde. “Mais do que estar associada apenas ao controle de peso, é uma forma de prevenir doenças crônicas”, destacou. Para esse fim, o médico orienta que a inclusão de exercícios físicos deve resultar de uma programação, de um planejamento e não de um impulso. “A pessoa há 50 anos não se exercita e do nada começa a correr, isso traz prejuízos para a saúde”.

Entre as doenças crônicas, cita a diabete, doença caracterizada pelas altas taxas de açúcar no sangue, o que pode gerar complicações em todo o organismo, causando cegueira, afetando os pequenos vasos, especialmente os inferiores, provocando amputação dos dedos dos pés e da perna, problemas neurológicos e doenças cardíacas isquêmicas. “Por isso, o controle da diabete é tão importante, para não levar o indivíduo à incapacitação e à morte”. As diabetes tipo 1 e 2 são as mais habituais. A tipo 1 é a menos comum e geralmente acomete o indivíduo ainda na infância ou na adolescência, tornando-o dependente de insulina. O tipo 2 costuma se manifestar na fase adulta e pode resultar das condições de saúde do indivíduo, como sobrepeso e obesidade. Por isso, o médico orienta que mudar o estilo de vida é fundamental. “O conselho para 2023 é comparecer ao consultório médico e se atualizar sobre a saúde, retomar tratamentos interrompidos, planejar alimentação, incluir atividades físicas na rotina e olhar para a saúde como um tema sério e vital, que pode ser resolvido com prevenção”, declara.

Outro conselho é com tratamentos alternativos. “É temerário entregar a saúde para tratamentos sem comprovação científica. O paciente assume um risco ao deixar o tratamento científico, afirmo com certeza”. Rovinski conta que a medicina exaltada durante a pandemia é a mesma que trabalha com medicações que passam por provas, contraprovas, ou seja, são dispositivos eficientes para tratamentos. Na mesma linha, atenta para o uso de aplicativos de dietas e de emagrecimento ao acesso na Internet. “Existem aplicativos e aplicativos. Minha sugestão é procurar um profissional para que ele indique aplicativos confiáveis”, destaca.

Testes para o coração

O cardiologista e diretor clínico do Pronto Atendimento da Unimed Porto Alegre, Carlos Humberto Cereser, reitera a necessidade de fazer check-up cardíaco anual, especialmente após os 40 anos. Ele ressalta que a cardiopatia isquêmica, doença causada por obstrução nas artérias coronárias (vasos que levam sangue para o coração) devido ao acúmulo de placas de colesterol, que pode causar infarto do miocárdio ou até insuficiência cardíaca, é “traiçoeira”, já que o paciente costuma não sentir nada e, quando sente, já é uma complicação. “O indivíduo pode estar com esse quadro clínico e o eletrocardiograma dar absolutamente normal, pois esse exame não tem muito valor para entupimento de coronária”, enfatiza, destacando que o exame oferece resultados mais seguros se o paciente já teve infarto.

Para verificar o entupimento das veias coronárias, o exame ideal é o teste ergométrico, que simula caminhada e corrida em uma esteira, mediante monitoramento cardíaco. “É um exame de esforço com resultados mais assertivos para isquemia”, comenta. 

Cereser compartilha uma observação pessoal sobre quando estava à beira-mar, no fim de ano, e viu um homem obeso de aproximadamente 60 anos ir jogar futebol e depois voltar muito cansado para sentar na sua cadeira. “Eu me apresentei como cardiologista e perguntei a ele se praticava atividade física com regularidade. Ele disse que não, estava se divertindo com a gurizada. Esse comportamento é de alto risco. A pessoa passa 11 meses sem atividade física e, em quatro semanas ou em dias pontuais, vai fazer exercício, o que aumenta chances de infarto e acidente vascular cerebral (AVC)”, disse.

Sobre o pós-pandemia, já que trabalhou ativamente no atendimento de pacientes com Covid, acredita que estudos específicos darão continuidade às pesquisas sobre a doença e que políticas públicas devem ser implementadas no tratamento. “Tomamos vacinas que foram eficazes para ajudar a imunidade das pessoas, mas as consequências da doença veremos a longo prazo”.

A pele também representa uma parte relevante do cuidado com a saúde


Foto: Ricardo Giusti

Normalmente associadas a questões de beleza, pele, unhas e cabelos são partes do corpo que estão na esfera dos dermatologistas, podendo evoluir para outras áreas, como o caso de manchas e sinais na pele indicativas de câncer de pele. A dermatologista Mônica Zechmeister Berg, titulada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e Associação Médica Brasileira, explica que dentro da dermatologia há a regra do “ABCDE”, que ajuda no diagnóstico de lesões de pele benignas e malignas. A é de assimetria, B é de borda, C é de coloração, D é de diâmetro e E é de evolução. A especialista explica como se dá a avaliação. 

“A de assimetria se aplica quando se divide um sinal em quatro partes e eles são similares, o que significa que são benigno. O B de borda refere-se às bordas, que devem ser regulares e redondas. O C de coloração é uma forma de alertar pela cor das manchas, que normalmente devem ter uma tonalidade única. No momento que têm duas, três, quatro tonalidades, indicam atenção. D de diâmetro está relacionado ao tamanho, se há aumento, se é maior de cinco milímetros, requer exame. E é de evolução e demonstra a necessidade de acompanhar se há mudanças nestes aspectos descritos nas outras letras no sinais, como alteração de cor, de tamanho”, elucida. Mônica salienta que é normal ter sinais, pintas e manchas, contudo enfatiza que alterações aparentes, como demora na cicatrização, coceira demais, formação de casquinha em cima, precisam de atenção.
Uma orientação já bastante conhecida, mas que sempre se faz imprescindível reiterar é o uso de filtro solar. “Deve ser usado todos os dias, pelo menos o fator 30, e reaplicado a cada, três, quatro horas”, menciona. Além disso, a especialista reforça a importância de ir pelo menos uma vez por ano ao dermatologista para avaliar a pele, unhas e cabelos, ação preventiva que colabora para a manutenção da saúde.

O oncologista e diretor da Região Metropolitana do Simers, Jefferson Oliveira, que também é cirurgião do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e integrante da equipe de cirurgia oncológica do HCPA, chefiada pelo professor e médico Alceu Migliavacca, segue o mesmo raciocínio, dizendo que o mesmo sol “da praia é o da cidade”. Oliveira engrossa fortemente o coro que realça a necessidade ir ao médico uma vez ao ano examinar sinais, pintas e manchas de pele para ter a possibilidade de cura.

Carcinoma e melanona são os dois tipos mais comuns de câncer de pele. O carcinoma é o tipo de câncer que surge quando uma célula epitelial qualquer sofre transformação maligna. Por exemplo, se a célula que sofreu mutação é uma célula epitelial do rim, o câncer que surge dela é o carcinoma de células renais. Já se a origem do câncer for a célula epitelial do fígado, é hepatócito. O melanoma é mais frequente em adultos brancos e pode aparecer em qualquer parte do corpo na forma de manchas ou pintas. A gravidade deste tipo de câncer está na capacidade de afetar outros órgãos, processo chamado de metástase. O oncologista destaca que o Estado registra cerca de 14 mil casos de pessoas com carcinoma por ano e 1 mil casos de melanoma. “O câncer de pele é o mais prevalente no mundo, afetando 1 milhão de americanos por ano”.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no Brasil, sendo que o Instituto Nacional do Câncer (Inca) registra, a cada ano, cerca de 185 mil novos casos. O tipo mais comum, o câncer da pele não melanoma, tem letalidade baixa, porém seus números são muito altos. A doença é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Essas células se dispõem formando camadas e, de acordo com as que forem afetadas, são definidos os diferentes tipos de câncer. Os mais comuns são os carcinomas basocelulares e os espinocelulares, responsáveis por 177 mil novos casos da doença por ano. Mais raro e letal que os carcinomas, o melanoma é o tipo mais agressivo de câncer da pele e registra 8,4 mil casos anualmente.

O endocrinologista amplia e afirma que o câncer é a segunda causa de morte nos Estados Unidos, perdendo apenas para as doenças coronarianas. “De maneira geral, vem sofrendo aumento mundial nas últimas décadas”, disse. 

O oncologista enfatiza que a maior parte dos cânceres pode ser evitado com mudança de hábitos de vida (emagrecimento e alimentação saudável) e que a indústria farmacêutica tem sido pródiga no desenvolvimento de novas linhas terapêuticas. “A prevenção, consulta regular e realização de exames ainda são o melhor tratamento”, finaliza.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895