Bom momento para o feijão

Bom momento para o feijão

Preço superior ao de 2019 e ao da média histórica de dezembro pode incentivar produtor a ampliar cultivo

Por
Nereida Vergara

A cotação média de R$ 253 para a saca de 60 quilos de feijão torna a cultura atrativa para o produtor gaúcho neste final de ano. O preço atual supera de longe o que era praticado na mesma época do ano passado (R$ 146) e também a média histórica do mês (R$ 186), segundo dados da Emater/RS-Ascar. O agrônomo da regional da instituição em Frederico Westphalen, Luciano Schwerz, calcula que a remuneração vai permitir que o agricultor consiga pagar seus custos de produção, estimados em R$ 2,5 mil por hectare com 10 sacos de feijão, e também investir na segunda safra, cujo plantio se inicia logo após o encerramento da colheita do milho.

No entanto, a disponibilidade da primeira safra, que já começou a ser colhida, não será plena. Em lavouras de diversas regiões do Estado, há perdas a contabilizar diante da expectativa de produção, que foi prejudicada pela estiagem da primavera.

No caso dos 7 mil hectares cultivados em 42 municípios da região de Frederico Westphalen, Schwerz afirma que a estimativa inicial de colheita, de 1,68 tonelada por hectare – 27 sacos –, pode ser alcançada principalmente nas lavouras irrigadas e nas semeadas até o início de outubro. Nas áreas de sequeiro, no entanto, a perda pode chegar a 70%. “Algumas áreas foram eliminadas, pois a falta de chuva prejudicou muito o desenvolvimento delas”, relata o agrônomo. Apesar da frustração nessas lavouras específicas, a expectativa é que o plantio da segunda safra ultrapasse a área estimada inicialmente para a região, de 9 mil hectares, dada a procura pelo grão e o preço que alcançou, projeta Schwerz, que também vê o valor das sementes, próximo de R$ 380,00 pelo saco, como um limitador para a ampliação do cultivo na segunda safra.

Já na regional da Emater de Soledade, que inclui entre seus municípios tradicionais produtores de feijão como Arroio do Tigre, Sobradinho e Segredo, a situação das lavouras é melhor. Segundo o assistente técnico regional da Emater, Josemar Parise, foram cultivados 3,78 mil hectares com feijão. Apesar das plantas terem se desenvolvido com baixa estatura em razão da falta de chuva, especialmente em outubro e parte de novembro, as precipitações ocorridas depois disso fizeram a cultura se recuperar. “Aqui acreditamos que a perda não deve ultrapassar os 20% sobre a produtividade esperada de 1,7 toneladas por hectare”, completa.

No total, foram plantados cerca de 36 mil hectares de lavouras de feijão na primeira safra do Estado, e mais 18 mil devem ser semeados na segunda. A produção estimada inicialmente para os dois plantios é de cerca de 90 mil toneladas de grãos, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895