Conheça a coleira eletrônica por aplicativo, que auxilia no manejo de gado leiteiro

Conheça a coleira eletrônica por aplicativo, que auxilia no manejo de gado leiteiro

Tecnologia que ganhou destaque no South Summit, em março, já é usada por cooperativa da região Noroeste do Rio Grande do Sul

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Correio do Povo

O manejo de um rebanho de 60 mil vacas leiteiras, todos os dias, para obter dele a melhor produção e garantir bem-estar aos animais, antecipando as decisões sobre tratamento de doenças, reprodução e alimentação, parece uma tarefa bastante difícil de executar. Mas não é com a adoção de uma tecnologia criada em solo gaúcho e já adotada em muitas propriedades do Rio Grande do Sul, como comprova a experiência em andamento na Cotribá, cooperativa da região Noroeste do Estado. A cooperativa monitora hoje com a Coleira CowMed, criada por uma startup que nasceu na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 4 mil animais em 44 propriedades de sua área de abrangência. A intenção é que o número de animais monitorados chegue a um total de 10 mil até o final deste ano, em pelo menos 100 propriedades.

De acordo com o supervisor técnico Iuri Felice, coordenador do projeto na Cotribá, o uso da coleira, sincronizada com um aplicativo, permite o acompanhamento dos animais à distância, permitindo monitorar ruminação, ócio, ofegação e dados para corrigir o padrão nutricional. As coleiras também fazem a detecção da época de cio (e o melhor período para a inseminação), identificam comportamentos que antecedem o parto e dão alertas sobre problemas de saúde das vacas. 

Clenir Fior, produtora de Ibirubá, vem testando na prática a eficiência do equipamento e garante que até a mortalidade de seus animais diminuiu. “Se deu um alerta no aplicativo, algum problema tem. Ou machucou o casco, ou está iniciando um processo de mastite, por exemplo”, relata. 

A tecnologia de monitoramento de bovinos nascida na UFSM ganhou reconhecimento internacional ao ficar entre as 50 finalistas da Startup Competition do South Summit, ocorrida no final de março, em Porto Alegre. “A vaca é um animal que por natureza é uma presa, então ela sempre vai esconder, como todo animal preso, os seus problemas. Quando você encontra um animal doente ele já está muito doente e já se perdeu aquela oportunidade de um diagnóstico e de uma intervenção precoce”, explica o diretor de Pesquisa Animal da CowMed, Marcelo Cecim. 

Para resolver o problema, a coleira contém um sensor com capacidade para 25 tipos de leitura que geram dados posteriormente agrupados em pacotes enviados para a nuvem e interpretados por uma inteligência artificial, que compara com os dados coletados nos sete dias anteriores. “Como elas são animais de rotina, cada vez que elas fizerem alguma coisa diferente isso quer dizer alguma coisa”, reporta Cecim. 

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