Modalidades esportivas reforçam o isolamento russo após invasão à Ucrânia

Modalidades esportivas reforçam o isolamento russo após invasão à Ucrânia

As sanções impostas pelos governos e entidades de todos os cantos do mundo à Rússia como resposta pela invasão do território ucraniano a partir do final de fevereiro não ficaram restritas a decisões econômicas. No mundo esportivo, uma a uma, as principais modalidades do planeta foram excluindo atletas e times russos das competições. O isolamento é inédito, tamanha a onda de proibições. Sempre receosa com decisões políticas, a Fifa desta vez não titubeou e excluiu a Rússia das Eliminatórias da Copa. Dias depois, a Federação Internacional de Vôlei trocou a sede do Mundial de 2022, que seria em Moscou. Nessa semana, os Jogos Paralímpicos de Inverno, em Pequim, anunciaram que estava proibida a participação russa, mesmo sob bandeira neutra.

A seleção russa de futebol

No futebol, eliminação sumária nas Eliminatórias

Sempre receosa com decisões políticas, a Fifa desta vez abriu o caminho. No dia 28, a entidade, junto da Uefa, anunciou a exclusão da seleção da Rússia e de todas as equipes do país de competições organizadas pelas duas entidades. Os russos tinham jogo marcado contra a Polônia pela repescagem das Eliminatórias para a Copa do Catar, no final do ano. Foram sumariamente eliminados. A Federação Russa já anunciou que irá à Corte Arbitral do Esporte contestar as exclusões, ameaçando com uma possível paralisação da Copa do Mundo deste ano.

Moscou não é mais sede do Mundial de Vôlei deste ano

O Mundial masculino de vôlei seria disputado entre agosto e setembro em Moscou. Seria. Nessa semana, a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) anunciou que a competição não vai mais ocorrer em solo russo. A pressão aumentou depois que seleções de peso como França e Polônia ameaçaram boicotar a competição. A entidade prometeu anunciar em breve a nova sede. Antes, já havia confirmado que a Rússia não receberia jogos pela Liga das Nações. O peso da decisão é ainda maior quando levado em conta que os russos são atuais vice-campeões olímpicos.

 Foto: DIVULGAÇÃO FIVB / CP

Golpe no cofre

O peso das derrotas esportivas para a Rússia nos últimos dias não acontece apenas dentro dos campos e das quadras. Nos cofres, o golpe tem sido tão duro quanto. Uma das maiores fabricantes de material esportivo do mundo, a Adidas, que em 2020 registrou 2,9% de seu faturamento na região de Rússia, Ucrânia e países da extinta União Soviética, cancelou seu contrato com a seleção russa de futebol. Os contratos de patrocinadores e outras empresas também foram interrompidos em outros esportes, como o ciclismo. Nessa semana, a fabricante de bicicletas Look decidiu encerrar seu patrocínio à equipe russa Gazprom-RusVelo, membro da UCI Pro Team, segunda divisão do ciclismo de estrada masculino. O acordo havia sido firmado este ano.

Proibição nos Jogos de Inverno

O Comitê Paralímpico Internacional (CPI) até tentou uma saída apaziguadora, liberando os paratletas russos e de Belarus a competir sob uma bandeira neutra nos Jogos Paralímpicos de Inverno, que começaram sexta-feira, na China. Não funcionou. Os demais países pressionaram e a entidade confirmou a proibição para russos e bielorrusos.

Sem atletismo

A Federação Internacional de Atletismo anunciou durante a semana que russos e bielorrussos serão excluídos de todas as competições da modalidade. A medida tem efeito imediato. A entidade se baseou em uma recomendação do Comitê Olímpico Internacional (COI). Isso significa que nenhum russo ou bielorruso poderá participar do Mundial em Belgrado, de 18 a 20 de março, nem do Mundial de Eugene, nos Estados Unidos, em julho. Mesmo os atletas que ainda podem competir sob bandeira neutra já foram avisados que uma proibição mais dura deve ser efetivada ainda nos próximos dias.

Rússia é banida da Fórmula 1

Sochi daria adeus ao calendário da Fórmula 1 este ano, dando lugar a São Petesburgo como lar do GP da Rússia a partir do ano que vem. De agora em diante, nem um nem outro. Nessa semana, a Fórmula 1 anunciou que, com o apoio das equipes e pilotos, o contrato com o GP da Rússia foi rescindido, banindo o país da modalidade.

Tênis ainda é uma exceção

As quadras de tênis são um dos poucos lugares em que atletas russos ainda estão liberados. Pelo menos em parte. As autoridades anunciaram essa semana que há proibição em torneios como a Copa Davis. No entanto, nas principais competições, como os Grand Slam, ainda não há nenhuma medida excludente contra nomes como Daniil Medvedev.

Excluídos

Na natação, o Circuito Internacional em águas abertas retirou de seu calendário as provas que ocorreriam em território russo. A Fina (Federação Internacional de Natação) retirou de Kazan, na Rússia, torneios de saltos ornamentais, nado artístico e Mundial Júnior. As sanções atingem outras modalidades ainda, como canoagem, rugby, patinação no gelo, esqui, triatlo, beisebol e badminton, nas quais todas as competições que estavam marcadas para o território russo foram canceladas e os atletas de Rússia e Bielorrúsia proibidos de participar de qualquer evento de caráter internacional.

Putin perde a faixa preta

Algumas das medidas têm pouco poder prático, mas são simbólicas. A Federação Internacional de Judô não apenas cancelou a etapa de Kazan do Grand Slam, como também revogou o título de presidente honorário ao presidente russo Vladimir Putin. A Federação Internacional de Taekwondo foi além e também retirou de Putin seu status de faixa-preta.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895