Mosca exótica é monitorada por pesquisadores

Mosca exótica é monitorada por pesquisadores

A espécie Bactrocera dorsalis, ainda inexistente no Brasil, mas de grande potencial de entrada no país, é apontada pela Embrapa como de risco a quatro municípios com cultivos da fruticultura no Rio Grande do Sul

A laranja está entre os frutos que a mosca exótica pode utilizar como hospedeiro, depositando larvas sob a casca, que se alimentam da polpa

Por
Camila Pessoa*

Pesquisadores da Embrapa Territorial lançaram um mapeamento de regiões do Brasil com temperatura, umidade relativa e cultivos favoráveis à manifestação da mosca Bactrocera dorsalis, espécie inexistente no país, mas que está entre as que têm maior potencial de entrada e pode causar prejuízos à integridade de frutas e impor restrições de trânsito internacionais à produção. De acordo com o mapeamento, o Rio Grande do Sul é o único estado da região Sul com áreas favoráveis ao desenvolvimento da praga. Três municípios da microrregião de Cruz Alta e um da microrregião de Ijuí, que não foram especificados na pesquisa, têm ambiente propício à reprodução da mosca, mas apenas no mês de novembro. A laranja, o limão, a tangerina, o feijão, a maçã, o melão, a melancia e o tomate estão entre os principais hospedeiros do inseto. Os nomes dos municípios não foram divulgados por preocupações com o bioterrorismo.

Uma das espécies na lista de Pragas Quarentenárias Ausentes (PQA), que elenca as pragas de potencial importância econômica para o país, mas ainda ausentes ou controladas, a Bactrocera dorsalis foi uma das espécies priorizadas para pesquisa e monitoramento pelo Departamento de Sanidade Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Embrapa. De acordo com a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Jeanne Scardini Marinho Prado, uma das envolvidas no estudo, o mapeamento foi feito “para servir como embasamento a medidas de prevenção ao ingresso da praga no país e medidas de ação para o controle da praga, no caso da sua eventual detecção no Brasil”. 

“O inseto, conhecido popularmente como mosca-das-frutas-oriental, se alimenta em várias espécies diferentes de plantas, produz grande quantidade de descendentes e possui grande capacidade de dispersão”, alerta a pesquisadora. As larvas da mosca, depositadas pelo adulto sob a casca, se alimentam da polpa dos frutos. 

Conforme a Embrapa, a única espécie do complexo Bactrocera que já é encontrada no Brasil é B. carambolae, conhecida como mosca-da-carambola. Para controlar essa praga, o Ministério da Agricultura investe, por ano, entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões, gasto que seria maior se houver entrada da Bactrocera dorsalis, já que esta espécie tem mais possibilidades de frutos hospedeiros.

O chefe do Departamento de Defesa Vegetal da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), Ricardo Augusto Felicetti, afirma que, por se tratar de uma praga exótica e tendo em vista a presença da fruticultura no Rio Grande do Sul, em especial de cítricas, essa é uma praga que merece atenção. Segundo ele, já há monitoramento para verificar presença da Bactrocera carambolae e a Bactrocera dorsalis será uma nova espécie para ficar de olho. O monitoramento desse tipo de praga é feito a partir da instalação de armadilhas e inspeções em pomares para identificar os insetos adultos. “A secretaria ainda está no processo de instalação de armadilhas, mas essas inspeções já são costumeiras”, diz Felicetti.

*Sob supervisão de Nereida Vergara

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895