Integrantes da cadeia produtiva da carne ovina estão desenvolvendo uma ação conjunta para impulsionar o consumo da proteína no mercado do Rio Grande do Sul. A iniciativa deve incluir desde mudanças na apresentação do produto nos pontos de venda, como a oferta de cortes porcionados e mais acessíveis ao consumidor, até campanhas de conscientização para divulgar novas formas de preparo e utilização da carne, que ainda é fortemente associada ao tradicional churrasco, explica o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Edemundo Gressler.
O primeiro passo nessa proposta foi dado no final de março, quando frigoríficos, terminadores, produtores, entidades de fomento, pesquisadores e técnicos se reuniram na sede da Arco, em Bagé, com o objetivo de identificar os gargalos da cadeia e construir um plano de marketing. Segundo Gressler, há um consenso, no setor, de que o mercado da carne ovina passou por mudanças nos últimos anos e os consumidores se tornaram mais exigentes em relação à qualidade e à origem da carne. “O que ficou bem claro é que precisamos fazer um trabalho de marketing para aumentar o consumo, com foco na unidade. Não é a carne de uma determinada raça: é a carne ovina”, enfatiza. No Rio Grande do Sul, são produzidas mais de 15 raças ovinas, entre as quais Texel, Ille de France e Suffolk.
Com base nos depoimentos de representantes da indústria, segundo o presidente da Arco, as discussões iniciais refletiram um reconhecimento dos avanços resultantes de investimentos em melhoramento genético das criações, que aumentaram a oferta de animais mais precoces, com até 12 meses de idade. “A ovelha tem cinco meses de gestação, e esse produto já pode estar no mercado, produzindo uma carcaça de 18 quilos a 22 kg”, afirma Gressler. Mas ainda é preciso elevar os índices de natalidade no Estado, que soma hoje um rebanho de 3 milhões de ovinos e enfrenta concorrência da carne ovina importada do Uruguai. “O cordeiro gaúcho tem uma saída extraordinária para o centro do país, pela qualidade da nossa carne ovina. Aí entra a carne uruguaia, mais barata, e isso faz com que o nosso mercado também fique mais barato”, destaca Gressler.
Da perspectiva dos produtores, o setor hoje tem dificuldades na comercialização da oferta e pede mais agilidade na compra de ovinos já terminados. Porém, observa Gressler, muitas plantas frigoríficas realizam também abate de bovinos e operam conforme a demanda. “Se o produto é pouco demandado, não têm como aumentar o abate”, diz. Para os preços, o presidente da Arco diz que a expectativa é de uma reação das cotações nos próximos três meses, em razão da queda sazonal de oferta verificada entre abril e junho – é nesse período que se concentra o nascimento dos cordeiros. Atualmente, o quilo do cordeiro vivo está em torno de R$ 8.