O sucessor de Romildo Bolzan Júnior

O sucessor de Romildo Bolzan Júnior

Grêmio terá eleições presidenciais neste ano e até agora pelo menos quatro nomes já circulam como possíveis candidatos

Por
Mauri Dorneles

Se dentro de campo o segundo semestre indica mais tranquilidade para o Grêmio, os próximos meses serão agitados nos bastidores do clube. De setembro a novembro, os sócios definirão o novo presidente do clube, que vai suceder a Romildo Bolzan Júnior, comandante tanto nos títulos da Copa do Brasil de 2016 e da Libertadores 2017, como na campanha que culminou no rebaixamento, em 2021.

Pela primeira vez, um processo eleitoral no clube acontecerá em meio à Série B. Em 1992, a disputa pelo acesso aconteceu no meio do ano e o pleito em dezembro. Em 2005, não houve disputas, pois o então presidente Paulo Odone fora eleito no ano anterior. Agora, a escolha de um novo mandatário se iniciará durante a Segunda Divisão. E, devido ao rebaixamento e traumas recentes, o momento não será – como já não costuma ser a política em geral – tranquilo. 

Apesar das disputas não terem sido iniciadas oficialmente, os movimentos políticos do clube já começaram a se movimentar, interna e externamente. Na últimas semanas, dois nomes de ex-dirigentes manifestaram-se de maneira mais efusiva, indicando as candidaturas. O primeiro é Odorico Roman, diretor de futebol de 2016 a 2017, quando assumiu como vice e acabou deixando o cargo logo após a conquista do Tri da América, no início de 2018. O segundo é Alberto Guerra, vice de futebol em 2010, na gestão de Duda Kroeff, e na administração de Romildo entre maio e setembro 2016. Dois anos depois, voltou como diretor de futebol, onde permaneceu até o final de 2019. Além de ambos, o conselheiro e ex-vereador da Capital, Alceu Brasinha, também declarou que irá concorrer ao posto.

Na semana passada, Odorico circulou nos arredores do bairro Humaitá em meio à Geral do Grêmio antes da partida com o Tombense. O ex-dirigente tem apoio da maior organizada do clube. Questionado sobre a candidatura, o ex-dirigente, que integra o movimento “Grêmio Sempre”, não se alonga na resposta e diz estar focado em outra eleição, em setembro. “Estamos organizando uma chapa para concorrer ao Conselho Deliberativo. A eleição ao Conselho de Administração é depois. Há demanda para eu concorrer, mas isso será definido mais adiante”, pondera.

Já Guerra publicou em suas redes sociais uma foto com o ex-goleiro e atual deputado federal Danrlei, afirmando que, independentemente de qual dos dois fosse para a disputa, o “projeto está muito bom para o clube”. De acordo com o ex-dirigente, desde o final de 2021 ele vem sendo procurado por movimentos políticos para que concorresse à presidência. Desde então, garante que a movimentação foi recíproca para entender a viabilidade e apoio de sua candidatura. “Não vou te negar que tenho alimentado essa questão, mas para ser presidente do Grêmio não basta querer ser, precisa-se de apoio”, destaca. Sobre o planejamento, assegura que o projeto é consistente e será apresentado em um momento oportuno, para evitar que a política atrapalhe o momento dentro de campo.

Brasinha corre por fora. Mesmo que não tenha um movimento de sustentação, diz estar procurando apoio interno e busca construir uma chapa com conselheiros descontentes com a atual situação. Dentre suas propostas, o ex-vereador destaca o caráter social para aproximar a população mais carente do Grêmio.

Há, porém, outro nome que circula nos bastidores como uma possibilidade: o atual vice de futebol Dênis Abrahão, que contaria com o apoio de nomes importantes como o ex-presidente Luís Carlos Silveira Martins, o Cacalo. Dênis, contudo, nega qualquer planejamento. “Fico lisonjeado, mas meu foco é só o futebol. Não vou pensar em absolutamente nada disso enquanto o Grêmio não subir para a primeira divisão”, diz.

Calendário

  • Na segunda quinzena de setembro, os sócios votam para a renovação de 50% do Conselho Deliberativo.
  • Na segunda quinzena de outubro, os conselheiros do clube elegem a mesa diretora do Conselho Deliberativo.
  • No final de outubro, acontece o primeiro turno das eleições para a presidência, no Conselho Deliberativo. Avançam para o segundo turno as chapas que tiverem, pelo menos, 20% dos votos.
  • Em 12 de novembro, acontece o segundo turno, com os sócios votando nas chapas que avançaram.


Presidente Romildo Bolzan Júnior adianta que não deve se envolver com o processo eleitoral do clube no final deste ano | Foto: Lucas Uebel / Divulgação / CP Memória

Presidente ficará de longe

É de se esperar que um presidente que tenha levantado troféus importantes como a Copa do Brasil e a Copa Libertadores tenha saldo eleitoral suficiente para indicar seu sucessor. Não será o que vai acontecer no Grêmio este ano. Em mais de uma oportunidade, o presidente Romildo Bolzan Júnior revelou o desejo de ficar apenas atrás dos holofotes na disputa eleitoral, participando apenas como eleitor e conselheiro. À frente do clube desde 2015, ele viveu os extremos ao longo dos três mandatos: foi campeão da Copa do Brasil em 2016 e da Copa Libertadores em 2017, mas não evitou o rebaixamento do clube à Série B em 2021.

Durante o período de alta, inclusive, viu o estatuto do clube ser alterado, possibilitando uma segunda reeleição. Finalizando a terceira passagem como mandatário, Romildo desta vez escolheu se afastar do processo. “Não estou acompanhando as movimentações, não conheço nenhum movimento, me mostraram a foto do Odorico. Mas isso é uma articulação deles, não sei absolutamente nada, não tenho juízo formado sobre as candidaturas”, diz.

Romildo garante o foco no único objetivo deste ano: voltar à Série A. Apesar da neutralidade no pleito, o presidente torce por um futuro mais próspero para o seu sucessor. “Desejo que o próximo presidente não passe pelo que passei de ruim, mas gostaria que eles passassem pelas vitórias e bons momentos que tive”, destaca o dirigente.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895