Qualquer time de tradição, considerado um dos grandes do país, quando inicia uma competição, sonha com o título. Com o Inter não é diferente. Porém, o grande objetivo dos colorados, explicitado pelos próprios dirigentes em várias reuniões no início desta temporada, é construir uma campanha digna no Campeonato Brasileiro, deixando suas melhores forças para tentar buscar a taça da Copa Sul-Americana, que parece bem mais acessível.
Ou seja, no plano colorado, o fundamental é manter-se longe da zona de rebaixamento durante toda a competição, o que, a contar pelas campanhas tanto no Campeonato Gaúcho quanto na Copa do Brasil, já será um feito bastante elogiável. Lembrando que, no ano passado, o Inter fez uma campanha tranquila até o Gre-Nal, sempre sonhando com uma vaga na Libertadores. Após vencer o rival, afundando-o na zona de rebaixamento, o time colorado disputou oito partidas e conquistou apenas quatro pontos. Se houvesse mais duas ou três rodadas, o clube correria altíssimo risco de cair.
É esse risco que o Inter quer evitar passar em 2022. Para isso, manteve Alexander Cacique Medina, que fracassou nas competições que teve até agora, no comando da comissão técnica, mas encostou um homem mais experiente ao seu lado. Caberá ao diretor executivo de futebol Paulo Autuori conversar com o técnico, explicando-lhe os caminhos para uma campanha minimamente tranquila no Brasileirão.
Além de Autuori, o Inter reforçou o grupo com algumas peças após o Gauchão. Wanderson, por exemplo, é o atacante pela ponta pedido por Medina desde o seu desembarque. Porém, lesionado, ele não está em Belo Horizonte, onde o time colorado estreia no Brasileirão enfrentando o Atlético Mineiro, que é, nada mais, nada menos, que o atual campeão. Outros nomes chegaram, adaptando o elenco ao projeto de time do técnico mas também dando prosseguimento à reformulação do grupo. Até o dia 12 de abril, o Inter pode inscrever jogadores e, portanto até lá, os dirigentes trabalharão para concluir algumas negociações pendentes. Por outro lado, esse também é o prazo para jogadores fora dos planos deixarem o Beira-Rio. Há chance de mais alguns saírem.
O Inter, que começa o Brasileirão com o técnico contestado e um grupo marcado pelas derrotas, quer ter apenas uma campanha tranquila. Se ela vier desde o início, poderá sonhar com algum objetivo maior.
Grêmio prepara-se para o que promete ser uma Série B disputada
Presença de mais clubes de tradição como, além do próprio Tricolor, o Cruzeiro e o Vasco, indicam que a briga pelo acesso à Série A vai ser complicada para todos os postulantes
Chegada do técnico Roger Machado após o início da temporada foi suficiente para que o Grêmio passasse por uma reformulação em campo. Agora, o objetivo maior é levar o clube de volta à Série A em 2023 | Foto: GUILHERME ALMEIDA
A disputa da Série B em 2022 é, pelo menos em tese, uma das mais difíceis dos últimos tempos, pelo menos em termos de tradição. Junto do Grêmio, outros grandes clubes do futebol brasileiro, como Cruzeiro e Vasco, também estarão na briga pelo retorno à Série A. Os três times, até mesmo por questões de tradição, figuram entre os favoritos não apenas para o acesso à elite como também para o título da competição.
Para isso, o time de Roger Machado fez uma projeção para o campeonato, dividindo as rodadas. Para a temporada, o Grêmio pretende garantir a classificação com duas rodadas de antecedência, na 36ª (antepenúltima). O departamento de futebol dividiu as 36 rodadas em seis blocos de seis jogos, ainda sem evidenciar o número de pontos desejado para ser conquistado em cada etapa. Desta forma, o Tricolor projeta nas duas últimas rodadas, 37ª em Minas Gerais, contra a Tombense, e a 38ª contra o Brusque na Arena, focar apenas na briga pelo título da competição. Para a direção, apesar de o acesso sendo o quarto colocado ser o mesmo do campeão, o título do campeonato é tão importante quanto a classificação, uma vez que “o Grêmio não entra em disputa para não ser o primeiro”, como afirma o vice de futebol Dênis Abrahão.
Os blocos projetados pelo departamento de futebol tricolor foram divididos principalmente pelo fator casa. Por exemplo, há sequências com mais partidas na Arena, outros em que, nos seis jogos, o clube jogará mais vezes como visitantes e outros que são “mistos”. Afora tudo isso, a comissão técnica do clube avalia que, além do nível técnico dos adversários, a logística também é outro ponto chave para ser levado em conta em uma disputa como a Série B.
A média para obter o acesso à Série A nos últimos anos tem sido de 63 pontos, no mínimo, para o quarto colocado, de acordo com as estatísticas da Universidade Federal de Minas Gerais. Já os últimos dois campeões da Segunda Divisão, Botafogo e Chapecoense, conquistaram a taça com 70 e 73 pontos, respectivamente. Apesar de viver um bom momento com a conquista do pentacampeonato gaúcho e reorganização da equipe a partir da chegada do técnico Roger Machado, os adversários do Tricolor, Raposa e Vasco, também vivem bons momentos. O primeiro foi vice-campeão mineiro e o segundo foi semifinalista no Carioca.
Gaúchos em todas divisões
Além da dupla Gre-Nal, as quatro divisões do Campeonato Brasileiro terão mais sete times gaúchos: Juventude na Série A; Brasil de Pelotas, São José e Ypiranga na Série C; e Aimoré, Caxias e São Luiz na Série D. O Xavante foi rebaixado em 2021 e o principal objetivo é retornar este ano. São José e Ypiranga também querem subir, já que nas edições anteriores “bateram na trave”, ficando fora na última rodada. O Canarinho está embalado porque fez história no Gauchão. A equipe de Erechim chegou à primeira final estadual e dominou a seleção da competição. Porém, perdeu jogadores e terá de reformular o time e o elenco. Após as saídas de Diego Porfirio, Erick e Gabriel Rosseto, mais três deixaram o Colosso da Lagoa. Ao todo, seis nomes saíram do clube após o vice-campeonato gaúcho. Também foram desligados o meia Luiz Felipe, o zagueiro Bruno Bispo e o lateral Roger. O Brasil de Pelotas contratou o zagueiro Gabriel Peres e o lateral-direito Lucas Mazetti, de 21 anos, que chega por empréstimo do Inter. A estreia do Xavante será nesta segunda-feira, recebendo o Manaus, no Bento Freitas, às 20h. Os três gaúchos da Série D já conhecem seus primeiros adversários. O único a estrear em casa é o Aimoré, que receberá, em São Leopoldo, o Marcílio Dias, de Itajaí. O Caxias jogará no Paraná contra o Azuriz e o São Luiz terá como primeiro desafio o Juventus, em Rio do Sul. A competição começa no próximo domingo, dia 17.
