Produção e consumo influenciam atividade

Produção e consumo influenciam atividade

Depois de ser levado a aumentar o abate de matrizes na segunda metade do ano passado, como forma de ajustar a oferta diante de preços do boi gordo fortemente deprimidos, ciclo da pecuária começa a mostrar sinais de recuperação

Por
Patrícia Feiten

Com fases de alta e baixa que influenciam os preços dos animais, o chamado ciclo pecuário reflete não apenas os investimentos feitos dentro da porteira, como também a retração no consumo de carne bovina no país. Após um período marcado por retenção de matrizes para procriação e valorização do terneiro entre 2019 e 2021, os valores do boi gordo recuaram fortemente e a queda das cotações dos bovinos de reposição acabou estimulando o aumento no abate de fêmeas, principalmente na segunda metade do ano passado. 

Esse período de baixa foi potencializado pela estiagem, que obrigou pecuaristas a vender parte do rebanho para compensar prejuízos com a safra de verão, explica o professor Julio Barcellos, coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Como resultado, a tendência de abate, que poderia se estender ao longo deste ano ou até a metade 2024, já mostra sinais de inversão.

Para o segundo semestre deste ano, Barcellos projeta uma recuperação de preços e o retorno, ainda que modesto, dos investimentos na pecuária gaúcha, tendência que deverá ser observada nos negócios da temporada de outono. “É um momento de os terminadores irem ao mercado, há uma movimentação de compradores de terneiros de outros estados. Com isso, é possível que nós tenhamos uma safra um pouco diferente, com preços de 5% a 10% abaixo dos do ano passado, mas o terneiro deverá beirar a faixa de R$ 12 a R$ 12,50 por quilo neste período de comercialização”, estima.

Os embarques

No primeiro trimestre deste ano, as exportações brasileiras de carne bovina (in natura e processada) totalizaram 498.888 toneladas, o que indica uma queda de 8% na comparação com o mesmo período do ano passado, informou a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A receita dos embarques recuou 22% no período, para 2,255 bilhões de dólares.
Mesmo com a suspensão temporária das importações, a China se manteve como o principal destino da carne brasileira. De janeiro a março de 2023, o país asiático adquiriu 228,2 mil toneladas, o equivalente a receitas de 1,118 milhão de dólares – os valores refletem queda de 7,1% em volume embarcado e de 28,2% na entrada de divisas frente ao primeiro trimestre de 2022.

As cotações

De acordo com levantamento semanal do NESPro/Ufrgs divulgado em 12 de abril, o preço do quilo vivo do boi estava em R$ 9,63 no Rio Grande do Sul, com aumento de 0,13% ante a cotação da semana anterior, e a cotação da vaca avançou 0,15%, para R$ 8,53.
Com relação ao gado de reposição, foram observadas variações negativas e positivas nas categorias mais jovens. A cotação do terneiro ficou em R$ 10,00, com queda de 0,5%, e o quilo vivo da terneira avançou 2%, atingindo R$ 9,56. A novilha (13 a 24 meses) também teve alta, de 1%, chegando a R$ 8,73. 

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895