Resiliência para se reerguer após incêndio

Resiliência para se reerguer após incêndio

Agricultor de Santa Clara do Sul, Flávio Antônio Franz, produtor de salgadinhos à base de mandioca e batata, teve prejuízo de cerca de R$ 30 mil no ano passado em razão de um acidente ocorrido na cozinha da agroindústria da família

Por
Patrícia Feiten

O agricultor Flavio Antonio Franz, de Santa Clara do Sul, vende mais de 3 mil pacotes de chips de aipim e batata-doce em cada edição da Expointer. Muitos de seus clientes habituais que visitam a feira, afirma, costumam levar não menos que 15 unidades dos salgadinhos e, no ano passado, estranharam sua ausência no Pavilhão da Agricultura Familiar. “O pessoal ficava procurando o estande, me ligando”, diz. Criador de uma agroindústria que estampa seu sobrenome, ele não pôde participar do evento porque, na época, um incêndio destruiu parte das instalações.

Franz não lembra a data precisa do acidente, que ocorreu por volta do meio-dia. Ele e a esposa, Ivone Cecilia, estavam descascando e fatiando um estoque de batata-doce e aipim para a produção dos salgadinhos, tarefas que costumam realizar pela manhã, e decidiram antecipar o processo de fritura. “Fomos almoçar e eu me esqueci de desligar o forno a gás. Quando voltei, estava tudo em fogo. O que era de inox nós conseguimos salvar, passamos Bombril, mas as persianas de alumínio e o ar-condicionado queimaram”, recorda o agricultor. Enquanto tentava, sem sucesso, debelar as chamas com um extintor até a chegada de bombeiros, o agricultor acabou derramando óleo no pé direito. Ele ainda se recupera do ferimento, que lhe impede de usar calçados fechados.

Apesar do prejuízo estimado em cerca de R$ 30 mil, valor expressivo para um pequeno empreendimento, e dos problemas de saúde, Franz não se deixou abater. A empresa ficou parada por um mês, mas, diante da necessidade de gerar renda para a família, ele ensinou ao filho Daniel Henrique o método de fritura para que eles pudessem retomar as operações. “Fiquei cinco meses sentado numa cadeira com a perna para cima, com muita dor. Mas acho que a gente não pode desistir”, afirma o produtor, que retornou à Expointer neste ano.

Azulejista, Franz conta que, antes de abrir a agroindústria, investiu seis anos na pecuária leiteira e desistiu da atividade em razão dos altos custos de produção. Em 2010, iniciou a produção dos chips de batata-doce, com a proposta de levar ao mercado um item diferenciado. Foram dois anos testando diferentes variedades para o preparo dos alimentos. “Só no Rio Grande do Sul, temos 225 tipos de batata-doce. Botei muito produto e óleo fora, até que um dia deu certo”, diz Franz. Para verificar a aceitação dos produtos, ele conta que enchia uma sacola ou cesta e passeava pelo centro da cidade, oferecendo-os para degustação. Com o auxílio da Emater/RS-Ascar e inspirado no tradicional mandiopã – salgadinho à base de fécula de mandioca – preparado por seus bisavôs, passou a elaborar também os chips de aipim.

Segundo o agricultor, a agroindústria foi formalizada em 2015. Toda a matéria-prima utilizada nos chips é cultivada em sua propriedade, de 5 hectares. A produção é vendida em feiras, e o agricultor também atende pedidos de comerciantes nos municípios vizinhos. “A gente trabalha direto, (inclusive) sábado e domingo, das 6h30 até as 20h na agroindústria, tomando chimarrão, e colando rótulos até 10h da noite”, afirma.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895