A tragédia climática que atingiu o Estado teve proporções humanas, sociais e econômicas gigantescas. Apesar de ter se iniciado antes de maio, foi neste mês que os mais graves episódios ocorreram. Nas páginas a seguir, acompanhe uma compilação de fatos que marcaram esse período que jamais será esquecido.
30/04
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Depois dos desastres no Vale do Taquari em novembro de 2023, o Rio Grande do Sul volta a contar mortos, procurar desaparecidos e socorrer comunidades isoladas em meio aos transtornos causados pelas chuvas em volumes extremos.
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A MetSul alerta para a intensificação dos fenômenos. Com estradas estaduais e federais comprometidas, autoridades apelam para que moradores evitem deslocamentos desnecessários e se protejam.
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A situação se agrava rapidamente. O Estado contabiliza seus primeiros mortos, feridos e desaparecidos. Na região Central, a UFSM suspende atividades em Santa Maria e em Cachoeira do Sul. O mesmo ocorre com o hospital universitário. A área rural de Candelária fica isolada. Rodovias estaduais e federais apresentam bloqueios totais e parciais. Começam a ocorrer interrupções em serviços de energia elétrica, telefonia e Internet, e desabastecimento de água. As águas espalham destruição pelo Vale do Caí, no Paranhana e na Região Metropolitana.
01/05
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Já castigados pelas chuvas torrenciais desde o fim de abril, diversos municípios enfrentam novas enxurradas que arrastam casas e veículos, isolam comunidades e levam ao colapso o sistema de resposta do Estado frente às condições climáticas cada vez piores. No Vale do Taquari, os rios sobem e transbordam, na cheia que vai atingir marcas históricas.
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O governador Eduardo Leite faz apelo dramático para que população busque abrigo seguro e evite risco: “Não será possível atender a todos”.
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Aulas na rede estadual são suspensas. Nova frente fria traz mais chuvas e coloca o RS diante do que acabou sendo a maior tragédia climática já enfrentada pelos gaúchos.
02/05
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Um terço da chuva esperada para todo o ano cai sobre o RS e os rios elevam-se a níveis sem precedentes em mais de um século e meio.
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Muitas cidades ficam isoladas devido à destruição de pontes e pela falta de recursos como energia elétrica, o que impede a comunicação por telefone e Internet.
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Os números divulgados pela Defesa Civil já contam 29 mortes, 60 pessoas consideradas desaparecidas, mais de 15 mil fora de casa e 154 municípios afetados.
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A água ultrapassa 6 metros em ruas da área central de Lajeado. O rio Taquari invade estabelecimentos comerciais e moradores se locomovem em barcos.
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Muçum e Roca Sales também enfrentam problemas com enchentes e estradas interrompidas. Em Arroio do Meio, uma ponte de ferro inaugurada em 1939 é levada pelo rio Taquari.
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Em Porto Alegre, as comportas do Cais Mauá são cerradas para impedir que o Guaíba invada o Centro. A prefeitura decreta estado de calamidade pública.
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Caxias do Sul decreta estado de calamidade pública pelo isolamento do município devido à interrupção das rotas de acesso.
03/05
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Em Porto Alegre, o centro da Capital precisa ser evacuado.
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A comporta 14, localizada na zona norte de Porto Alegre, debaixo da avenida Sertório, é rompida pela força das águas do Guaíba.
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O parque gráfico do Correio do Povo é inundado pela água e a impressão do jornal é suspensa. Edições passam a ser digitais e abertas a todos os leitores.
4 e 5/05
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O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, faz apelo, no dia 5, para que a população esvazie a cidade em vista do risco de desabastecimento de água e energia.
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Estado contabiliza 78 mortes. Autoridades e voluntários atuam no salvamento dos atingidas.
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Em Canoas, no sábado, dia 4, milhares de pessoas começam a ser resgatadas. A água avançou sobre 60% do município, alagando bairros. Helicópteros e embarcações atuam para salvar moradores. Cerca de 400 pessoas, entre pacientes, funcionários e moradores que buscaram abrigo no HPS de Canoas são resgatados no domingo.
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Nas cidades de Guaíba e Eldorado do Sul, ruas estão transformadas em rios e bairros estão completamente submersos. Em Guaíba, no Ginásio Coelhão, equipes de resgate recebem aeronaves que trazem pessoas resgatadas de Eldorado.
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Em sua segunda visita ao Rio Grande do Sul para acompanhar a tragédia climática, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta a garantir que não faltarão recursos ao Estado e diz que a burocracia não impedirá a reconstrução.
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Museus localizados na região central de Porto Alegre movimentam os acervos e realizam ações para preservação do patrimônio.
06/05
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A situação provocada pelas intensas chuvas muda a realidade do Estado. Enquanto alguns municípios começam a se organizar, outros, como Porto Alegre, enfrentam momentos dramáticos, com evacuações e comprometimento de serviços básicos.
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O número de mortos segue aumentando e chega 85, além de haver dezenas de pessoas desaparecidas. Também há mais de 1,1 milhão de gaúchos afetados. Apenas em Porto Alegre, são 9 mil em abrigos. Enquanto isso, os resgates nas mais diferentes regiões do Estado permanecem.
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A Prefeitura de Canoas confirma que duas pessoas morreram em razão das inundações. Os corpos foram encontrados no bairro Mathias Velho. Praticamente dois terços da cidade são atingidos pelas águas e 16,6 mil moradores estão em abrigos, que somam 61 pela cidade. “Mais de 60% das casas, empresas, indústrias e comércios da cidade foram invadidos pela água. Só casas, são 80 mil danificadas. Há locais que a água chega a 4 e 5 metros de profundidade”, afirma o prefeito Jairo Jorge. A prefeitura estima mil animais resgatados, acolhidos em 11 pontos.
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As universidades estão com aulas suspensas no Estado. Nas escolas da rede estadual, a previsão de retorno era para dia 7 em parte do Rio Grande do Sul.
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O cenário é de guerra no município de Estrela. No Bairro das Indústrias, há casas destroçadas, postes caídos, animais mortos e veículos aos pedaços pelas ruas. Apesar da semelhança com conflitos bélicos, o estrago não foi causado por bombardeios, mas pelo rio Taquari, que chegou a superar 33 metros no pico da cheia.
7/05
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Prefeitura orienta evacuação de Eldorado do Sul.
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Três Coroas, no Vale do Paranhana, decreta estado de calamidade pública e confirma a morte de um homem e de duas crianças. O município teve 80% do território devastado.
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O RS tem 155 pontos de rodovias com algum tipo de bloqueio.
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A CBF adia jogos envolvendo gaúchos nas competições nacionais. A Conmebol faz o mesmo.
08/05
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População busca há vários dias por água potável. Na Capital, moradores correm a supermercados, distribuidoras e até a bicas, resultando em filas de muitas horas e término do item.
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Estado tem mais de 67 mil gaúchos em abrigos.
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Moradores e voluntários resgatam mais de 5 mil animais no bairro Sarandi, em Porto Alegre, entre os dias 2 e 8.
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A água toma conta de vias de São Leopoldo. Voluntários e autoridades realizam resgates.
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Em Pelotas, 100 mil pessoas seguem deixando suas casas. Em São José do Norte, a travessia de balsa e de lancha para Rio Grande é suspensa por tempo indeterminado.
09/05
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O governo do Estado anuncia serem necessários ao menos R$ 19 bilhões para a reconstrução do RS após as chuvas.
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Defesa Civil divulga lista de 136 desaparecidos. Até dia 9, há 107 mortos, um caso em investigação e 374 feridos. O número total de desalojados é de 165.112 e o de afetados é de 1.482.006, em 428 municípios.
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De acordo com o governo, 67.563 pessoas estão em abrigos no Estado.
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Moradores do bairro Sarandi, na Capital, ficam sitiados pelas águas, precisando de barcos para saírem de casa. Policiais civis escoltam voluntários para evitar ataques de gangues. Há relatos de arrombamentos e assaltos a voluntários.
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Guaíba fica abaixo dos 5 metros pela primeira vez em cinco dias. Nível recua para 4,86 m no dia 8. A cota de inundação é de 3 m.
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Cavalo Caramelo é salvo. Força-tarefa atuou no resgate do animal, que gerou comoção no país ao ser filmado sobre telhado de uma casa quase encoberta pela água em Canoas.
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Governo federal anuncia medidas que devem injetar R$ 50,945 bilhões na economia do RS.
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O Ministério Público do RS começará a investigar municípios que decretaram situação de calamidade pública sem terem sido diretamente atingidos pelas enchentes no Estado.
10/05
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Novas chuvas aumentam preocupação no Rio Grande do Sul. Governador Eduardo Leite faz novo apelo para que a população adote cuidados extras e que não retorne a áreas de risco.
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Sul do Estado é impactada por cheia na Lagoa dos Patos. Municípios da região já começaram a sofrer com o aumento do nível das águas.
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Governador Eduardo Leite admite que o Estado vai realizar estudos que tratem da transferência geográfica de localidades inteiras do RS que vêm sendo atingidas por eventos climáticos extremos.
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Municípios do Litoral Norte acolhem vítimas das enchentes. Prefeituras montam centros de donativos para moradores de Porto Alegre e outras cidades que foram para a região. De acordo com a CCR Via Sul, entre os dias 4e10, cerca de 65 mil veículos passaram pela freeway.
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O Estado de Calamidade Pública causado pela enchente fez o Ministério da Educação autorizar que instituições da Educação Básica e Superior no Rio Grande do Sul flexibilizem calendários letivos e que realizem ensino de maneira remota.
11 e 12/05
- A chuva castiga Porto Alegre. O Guaíba volta a subir no dia 12, com a água chegando pelos demais rios que desembocam na bacia hidrográfica.
- Atracou, no dia 11, no Estaleiro Rio Grande, o Navio Aeródromo Multipropósito “Atlântico”, da Marinha do Brasil. O navio trouxe 1.350 militares, 154 toneladas de donativos, 38 viaturas do Grupamento de Fuzileiros Navais em apoio à Defesa Civil, 24 embarcações de pequeno e médio porte, três helicópteros, além de duas estações móveis para tratamento de água, capazes de produzir 20 mil litros de água potável por hora.
- De acordo com a prefeitura de Porto Alegre, subiu para 14.225 o número de pessoas que estão nos abrigos temporários da Capital.
- Há dias, governadores do Brasil enviam equipes ao território gaúcho, em reforço ao efetivo mobilizado pelo governo federal. Além das equipes de salvamento, muitos estados mandaram aeronaves, embarcações, equipamentos de resgate e até estações móveis de tratamento de água. Enquanto isso, brasileiros de todos os Estados doam dinheiro, roupas, alimentos e água potável.
- Próximo de completar 130 anos, em outubro de 2025, o Correio do Povo enfrenta um de seus maiores desafios. A complexa cobertura da maior catástrofe climática da história do RS impõe ao jornal desafios logísticos e humanitários que afetam a operação da empresa. A sede do Correio do Povo, no Centro Histórico de Porto Alegre, está alagada desde o dia 3. Os funcionários passaram a trabalhar de maneira remota. Dentro do prédio, o nível da água supera 1 metro. O parque gráfico, no Quarto Distrito, também foi severamente atingindo.
- O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, determina dia 12 que as famílias residentes em bairros do lado oeste da cidade, como Rio Branco, Fátima, Mato Grande, Harmonia, Mathias Velho e São Luis, e que porventura estejam em áreas secas, que evacuem imediatamente os locais, pois a água subiria novamente.
- A Lagoa dos Patos segue avançando pelas ruas do Laranjal, em Pelotas.
- A Prefeitura de Gramado mantém 16 pontos evacuados por serem considerados como áreas de risco. Os locais ficam nos bairros Três Pinheiros, Piratini, Bavária, Planalto, na Várzea e no centro da cidade.
13/05
- O Guaíba em Porto Alegre volta a ultrapassar os 5 metros. Na zona Sul, as ondas invadem ruas e casas.
- O Ministério Público do RS anuncia instauração de investigação sobre o sistema de proteção contra cheias de Porto Alegre.
- O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anuncia a suspensão do pagamento da dívida do RS com a União por 36 meses.
14/05
- Agência Nacional de Aviação Civil determina suspensão da venda de passagens com origem ou destino para o Aeroporto Internacional Salgado Filho.
- Assembleia Legislativa do RS aprova decreto de estado de calamidade.
- Cachoeirinha conta mais de 24 mil pessoas fora de casa.
- Cruzeiro do Sul (foto) contabiliza destruição quase completa. Nove mortes e nove desaparecidos são registrados.
- Banco do Brics, Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe, Banco Interamericano de Desenvolvimento e Banco Mundial anunciam R$ 15,6 bilhões para o RS.
15/05
- Governo federal anuncia medidas de apoio às famílias atingidas pela enchente, dentre as quais o Vale-Reconstrução, de R$ 5,1 mil a serem depositados para todas as famílias diretamente afetadas pela catástrofe. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em abrigo em São Leopoldo, onde conversou com os abrigados.
- Concluída obra de duplicação do corredor humanitário que serve de acesso alternativo a Porto Alegre, ligando o Túnel da Conceição com a av. Castelo Branco e a BR 290.
- O Dmae confirma que a Estação de Tratamento de Água Moinhos de Vento voltou a tratar a água e iniciou a distribuição.
- A prefeitura de Gramado contabiliza mais de 1.261 desabrigados em razão de residirem em áreas de risco, com possibilidade de deslizamento ou colapso. Equipes do Corpo de Bombeiros intensificaram as buscas por desaparecidos em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, com reforço de agentes vindos de São Paulo, Distrito Federal, Tocantins e Amapá.
- Cães farejadores e maquinários também fazem parte da operação. São cinco pessoas desaparecidas.
16/05
- A Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs) estima recuo nas receitas das cidades em razão da menor arrecadação do ICMS. O cálculo é de queda de 25%.
- Em Canoas, força-tarefa coordenada pelo Judiciário promove identificação e registro civil dos atingidos pelas enchentes.
- Vila Serraria, na Capital, está alagada há duas semanas e a população depende de blindado do Exército para entrar e sair do bairro, onde moram de 5 a 8 mil pessoas.
17/05
- O governador Eduardo Leite anuncia a constituição da Secretaria da Reconstrução Gaúcha, dois dias após o governo federal criar o Ministério Extraordinário de Apoio à Reconstrução do RS, comandado por Paulo Pimenta.
- O Dmae abre a comporta 3 do Muro da Mauá, localizada na avenida Mauá esquina com a rua Padre Tomé. Ela estava fechada desde o dia 2 de maio.
- Diante do recuo do rio Caí e o retorno das águas para o leito em Montenegro e São Sebastião do Caí, muitas famílias puderam deixar os abrigos e voltar para suas casas. Agora, o momento é de limpeza dos imóveis e recolhimento de entulhos.
18 e 19/05
- Águas do Guaíba ainda estão longe de chegar aos 3 metros, que é o nível de inundação, mas o recuo vem ocorrendo. Os resgates seguem na zona Norte de Porto Alegre, grande parte deles no bairro Humaitá (foto). Correio do Povo retoma edição impressa do jornal.
- Guaíba recua no centro de Porto Alegre, mas deixa para trás um cenário de destruição.
- Comerciantes e moradores começam a limpeza. Caminhões para recolher entulhos ou para bombear a água de pontos mais baixos dentro dos prédios também são constantes.
- Para acelerar a retirada da água acumulada em bairros de São Leopoldo e Canoas, as prefeituras iniciaram a instalação de bombas e motores, agilizando o processo de escoamento e viabilizando o retorno das famílias para suas casas.
- Pets morrem em lojas da Cobasi durante enchente. O caso ocorreu em duas lojas, na avenida Brasil e no Shopping Praia de Belas.
- O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do RS, no programa Agro Solidário, anuncia investimento de R$ 4 milhões para distribuição de itens como cestas básicas, fogões e geladeiras. Também há colchões, jogos de cama e de banho, artigos de higiene e limpeza e caixas d’água.
20/05
- Após três semanas do início da inundação e diante das falhas evidenciadas no complexo de proteção contra cheias da Capital, o prefeito Sebastião Melo afirma que será preciso “investimentos pesadíssimos” para revisar e atualizar diques e casas de bombas.
- O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) faz a apresentação das ações da força-tarefa criada para capacitar gestores municipais para o uso das ferramentas e dados e embasar o planejamento da reconstrução de áreas atingidas pelas cheias.
- Os moradores que residem em áreas de encosta em Canela devem evacuar imediatamente os imóveis devido à possibilidade de deslizamentos mediante o retorno das chuvas intensas previstas para a Serra Gaúcha.
21/05
- O Ministério da Saúde anuncia a reconstrução de postos de saúde em 33 cidades do Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, a ministra Nísia Trindade confirmou a destinação de mais R$ 202,2 milhões para a ampliação e manutenção da assistência de saúde nos municípios gaúchos. Os deputados estaduais aprovam projeto do governo do Estado que prevê o Plano Rio Grande, programa de Reconstrução, Adaptação e Resiliência Climática do Estado.
- A rodoviária de Porto Alegre não tem prazo para voltar a funcionar. A estrutura ainda tem alagamentos e aguarda avaliação de danos antes de retomar.
- O centro da Capital vira ponto de “caçadores” de entulhos. A região se tornou visada para saqueadores e os prejuízos estimados entre os comerciantes são de milhões. A água recuou, mas ainda há pontos de inundação que impedem o retorno da energia elétrica.
- O Mercado Público de Porto Alegre ainda está com os portões trancados. Móveis e entulhos se empilham nos acessos do local. A Secretaria de Saúde de Porto Alegre registra 268 suspeitas de leptospirose.
- No Hospital São Lucas da PUCRS há três casos, no de Clínicas, quatro, e na Santa Casa, 13 suspeitas.
- A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou a operação de voos comerciais na Base Aérea de Canoas.
- O governo do Estado estima um prejuízo preliminar de cerca de R$ 3 bilhões apenas em rodovias e pontes estaduais que foram destruídas ou danificadas pela enchente.
22 e 23/05
- O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirma que os danos causados pelas enchentes no setor elétrico do Rio Grande do Sul ultrapassam R$ 1 bilhão. Pelo menos 160 mil pessoas seguem sem energia elétrica no Estado.
- O nível do Guaíba na altura do Cais Mauá, em Porto Alegre, ficou abaixo dos 4 metros pela primeira vez desde o dia 3 de maio.
- O número de mortos no Estado já passa de 160.
- Um homem de 33 anos, morador da região central do município de Venâncio Aires (RS), morreu após contrair leptospirose. Esta é a segunda morte confirmada para a doença ao longo dos últimos dias no Estado.
- O prefeito Sebastião Melo anuncia o fechamento de comportas e outras providências depois que vários bairros de Porto Alegre voltaram a enfrentar enxurradas e bloqueios de ruas.
- Aulas voltam a ser suspensas.
- Metsul conclui que maio é o mês mais chuvoso da história da Capital.
- Voluntários, bombeiros e policiais militares socorrem moradores ilhados na zona sul de Porto Alegre. O ponto mais crítico é a esquina da av. Otto Niemeyer e a rua Arroio Grande, no bairro Camaquã.
24/05
- O Departamento de Defesa Vegetal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) diz que, quando as águas baixarem, o RS vai precisar intervir em cerca de 3 milhões de hectares de solos de áreas agrícolas consolidadas, com ações para recuperar sua fertilidade e estrutura.
- A Corsan anuncia que normalizou a operação em todos os seus sistemas de abastecimento de água atingidos pelas enchentes, em 67 municípios gaúchos.
- A estação de tratamento Rio Branco, de Canoas, foi a última a operar a pleno.
- O risco de deslizamentos de terra motiva a evacuação de 300 moradores do bairro Tocado Corvo, na cidade de Cruzeiro do Sul. A medida foi tomada com base em vistoria e relatório técnico do Grupo de Avaliação de Movimento de Massa do RS (Gamma), composto pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Infraestrutura, da Defesa Civil estadual e outros órgãos.
- A instabilidade que retorna ao RS trazendo mais chuvas para regiões que ainda sofrem com o cenário de inundação causa preocupação em autoridades ambientais e famílias que tiveram perdas materiais e casas destruídas pela enchente.
25 e 26/05
- Prefeitura da Capital e governo do Estado suspendem atividades escolares diante da formação de ciclone na costa gaúcha. Operações de limpeza também serão interrompidas. Com duas bombas de drenagem instaladas, a população do Sarandi esperava que a água acumulada escoasse. Porém, a estimativa é que será necessário ao menos outras duas semanas.
- 42 mil clientes da CEEE Equatorial estão sem energia. Em Porto Alegre, há 26 mil.
- Uma força-tarefa de 800 garis se esforça para dar conta do lixo que toma as ruas de Porto Alegre desde que as águas da enchente começaram a baixar.
- A Base Aérea de Canoas começa a receber voos comerciais. As primeiras operações, de acordo com a Fraport, serão com a companhia aérea Latam.
- Após denúncia de que doações para vítimas da enchente em Eldorado do Sul estavam sendo desviadas, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado (MPRS) realizou, dia 25, operação contra integrantes da Defesa Civil do município. Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão.
- O Laboratório Central (Lacen) do RS analisa mais de 714 amostras de casos suspeitos de leptospirose. Há 124 casos confirmados e 4 mortes pela doença.
27 e 28/05
- Protestos bloqueiam uma das faixas da BR 290, no sentido Capital-Litoral, na zona Norte de Porto Alegre. Moradores da Vila Farrapos e do bairro Humaitá reivindicam instalação de bombas para drenagem do alagamento na região, inundada havia quase 25 dias.
- A Trensurb adia novamente, desta vez para o dia 29, o início de sua operação emergencial, entre as estações Novo Hamburgo e Mathias Velho, em Canoas. De acordo com o diretor-presidente da estatal, Fernando Marroni, tudo depende da retomada da subestação São Luís, que teve um princípio de incêndio no dia 23.
- Pela primeira vez desde o início da crise, o Guaíba fica abaixo de 3 metros na altura do Centro Histórico de Porto Alegre. O arquipélago segue alagado, mas o nível das águas se mantém em declínio.
- Na zona Norte, bomba foi ligada no Humaitá e dique no Sarandi recuperado. Moradores começam o caminho de volta ao bairro Humaitá, em Porto Alegre, após a bomba flutuante que foi instalada para reduzir o alagamento. A região permanece sem luz nem água potável.
29/05
- Obras de melhorias são executadas na pista da Base Aérea de Canoas para melhor receber as aeronaves que pousam e decolam do local. O Aeroporto Hugo Cantergiani, de Caxias do Sul, passa a ter voos diretos para o Rio de Janeiro. Em junho, a Latam começa a atender o trecho entre Caxias e a capital carioca, através do Aeroporto do Galeão.
- Na Vila Farrapos, mesmo após a instalação da bomba na região, a água ainda ultrapassa a linha da cintura em pontos. O entorno da Arena do Grêmio é o local onde há ruas mais alagadas. Os trabalhos para reparar o dique do Sarandi, em Porto Alegre, duram dois dias e devem durar mais quatro. A prefeitura comunica que o conserto demandará a remoção de ao menos 37 famílias que vivem na Vila Nova Brasília. Todas, diz a administração, foram construídas de forma irregular.
- O Estado já soma cinco mortes pela leptospirose. Em sete dias, as notificações semanais subiram 126%, e em 21 dias, mais de 4.000%, de 20 na primeira semana do mês de maio para 839.
- Escolas municipais e as conveniadas com a Prefeitura de Porto Alegre que não foram atingidas pelas cheias e que contam com abastecimento de água e energia elétrica voltam às aulas.
30 e 31/05
- O diretor-presidente da Trensurb, Fernando Marroni, confirma o reinício das operações nas 13 estações entre a Mathias Velho, em Canoas, e a Novo Hamburgo. Com intervalos de 30 minutos, as viagens duram 30 minutos, ante 12 minutos neste trecho antes da enchente. O acesso às composições é gratuito.
- Uma força-tarefa do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) está nas ruas de Porto Alegre com pelo menos 800 trabalhadores e 300 máquinas para recolher os entulhos que a água deixou para trás em Porto Alegre.
- Passados 30 dias do início dos episódios de chuvas volumosas, o saldo no Estado é o da maior catástrofe climática já registrada no Rio Grande do Sul. Conforme a Defesa Civil Estadual, até o dia 31, ao menos 169 pessoas perderam a vida em decorrência de alagamentos, deslizamentos e descargas elétricas, dentre outras ocorrências relacionadas às chuvas. Além disso, mais de 800 pessoas ficaram feridas, enquanto outras 44 seguem desaparecidas.
- Entre os 497 municípios do Estado, ao menos 473 tiveram algum tipo de transtorno em decorrência das chuvas, resultando em 2,3 milhões de pessoas diretamente afetadas. Pelo menos 630 mil gaúchos seguiam fora de suas casas, sendo 48,7 mil em abrigos e 581,6 mil desalojados.
- O rastro de destruição se espalhou por diversas regiões do Estado. Nos vales de rios como Taquari, Pardo, Jacuí, Caí, Paranhana, Sinos e Gravataí, assim como nas cidades banhadas pelo Guaíba e pela Lagoa dos Patos, ficou concentrada a maioria dos afetados por alagamentos. Nas demais áreas do Estado, quedas de rodovias e demais estragos deixaram localidades isoladas e o acesso dificultado em centenas de municípios.