Supremacia do Bayern Munique

Supremacia do Bayern Munique

O clube alemão conquistou seu décimo título e comprovou seu domínio na Alemanha, o que também provoca preocupação

Desde a criação da Bundesliga, em 1963, o clube bávaro já obteve 32 conquistas

Por
CHICO IZIDRO

O Bayern Munique comprovou no final de semana passado seu domínio na Alemanha, ao obter o décimo título consecutivo, após derrotar o rival Borussia Dortmund na Allianz Arena por 3 a 1. O último time a ser campeão foi justamente a equipe do Vale do Ruhr, que em 2012 era treinada por Jüngen Klopp, hoje no comando do Liverpool. 
Desde a criação da Bundesliga, em 1963, o clube bávaro já obteve 32 conquistas. Os outros maiores campeões são o Nuremberg, com nove títulos, mas apenas um desde o surgimento da Liga; o Borussia Dortmund, com oito taças, sendo cinco na Bundesliga; e o Schalke 04, com sete, todas obtidas antes dos anos 60. Entre todos os grandes campeonatos europeus, o predomínio do Bayern Munique é o maior de todos os tempos.

Esse domínio preocupa e, por isso, a Bundesliga não esconde que estuda mudanças na competição, podendo introduzir a realização de play-offs no final das temporadas para evitar que os bávaros sejam campeões. Donata Hopfen, diretora da Federação Alemã, assumiu o estudo de possíveis mudanças: “Não tenho tabus com esse assunto. Se os play-offs ajudarem, vamos falar sobre isso”. Pelo lado do Bayern Munique, os dirigentes têm opiniões divididas. “Creio que poderá ser entusiasmante ter um novo modelo, tal como haver play-offs, na Bundesliga. Um formato com semifinais e final poderia ser entusiasmante para os torcedores, faz sentido pensar nisso. No Bayern, estamos sempre abertos a novas ideias”, admitiu o ex-goleiro do time e atual diretor-geral do clube, Oliver Kahn. Por outro lado, o presidente do Bayern Munique e ex-atacante Uli Hoeness vê a ideia como um ataque. “É apenas uma tentativa de ir contra o Bayern. Não há play-offs em nenhuma grande liga do mundo, na Inglaterra, Espanha ou França. A senhora Hopfen passa dia e noite a pensar em como acabar com o domínio do Bayern.” A grita também parte de um ex-jogador do clube, hoje no Real Madrid. Para o volante Toni Kroos, mexer no formato de disputa da Bundesliga para tentar acabar com a hegemonia do Bayern seria injusto. “Não sou a favor de procurar desesperadamente por regras para manter o Bayern longe do topo. Este lugar também é conquistado e merecido.”

Porém, para o ex-meia Lothar Matthäus, que teve duas passagens pelo Bayern Munique, de 1984 a 1988 e depois de 1992 a 2000, a supremacia do time deve acabar logo, não devendo ser motivo de preocupação dos rivais. De acordo com ele, o Bayern cometeu erros de planejamento que custarão caro nos próximos anos. “Acredito que o domínio do Bayern diminuirá porque eles cometeram erros no planejamento e não trabalharam com tanta precisão como em anos anteriores”, afirmou Matthäus. Conforme sua avaliação, o Bayern “chega tarde nas negociações com muita frequência”. O exemplo que dá é do centroavante polonês Robert Lewandowski, que ficará sem contrato em junho de 2023 e já se especula que possa deixar os bávaros já na próxima janela de transferências, devendo ir para o Barcelona ou Real Madrid. “Claro que o Bayern pode continuar contratando jogadores. A pergunta é: eles têm qualidade dentro e fora de campo, o DNA que este clube precisa?”, perguntou. “Tudo costumava ser mais estável e agora alguns erros de principiante estão sendo cometidos”, concluiu.

Recordes nas ligas menores

Nas ligas menores do Velho Continente, o Celtic manteve domínio na Escócia (Scottish Premiership), ao aproveitar a falência de seu maior rival, o Glasgow Rangers, que em 2012 foi refundado, tendo de recomeçar na quarta divisão. Assim, a equipe dos católicos de Glasgow ganhou nove campeonatos entre 2012 e 2020. Na temporada 2020-21, reestruturado, o Rangers conseguiu evitar o décimo título do grande rival. E, mesmo tendo ficado em jejum por nove anos, o Rangers, equipe dos protestantes de Glasgow, segue sendo o maior campeão escocês de todos os tempos, com 55 títulos. O Celtic tem 51 taças.

Já na Bulgária, a Parva Liga testemunha a supremacia do Ludogorets Razgrad, que está próximo de obter o seu 11º título seguido. Surgido em 1940 na pequena Razgrad, que tem pouco mais de 39 mil habitantes, o Ludogorets tem sido campeão desde 2012, e já teve o brasileiro Paulo Autuori como técnico, em 2018. Sob seu comando, a equipe conquistou a Supercopa da Bulgária. Outro domínio recente ocorreu no Chipre, onde o APOEL Nicosia foi heptacampeão entre 2013 e 2019, num total de 28 títulos, que o coloca como maior campeão cipriota, na frente do Omonia Nicosia, que tem 21. 

Nos anos 90, ocorreu um dos maiores predomínios recentes na Europa, mais exatamente na Noruega, onde a partir de 1992, o Rosenborg iniciou uma série de 13 títulos que durou até a temporada de 2004. E na periférica Armênia, o Pyunik Futbolayin Akumb foi campeão por dez vezes seguidas, entre 2001 e 2010.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895