Em ano de grande expectativa, dupla Gre-Nal naufraga com eliminações

Em ano de grande expectativa, dupla Gre-Nal naufraga com eliminações

Clubes investiram pesado em contratações, mas enchente contribuiu para eliminações nas Copas, e péssimo desempenho no Brasileirão

Correio do Povo

Thiago Maia e Dodi foram contratados em 2024

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Da prospecção de títulos a eliminações precoces e um desempenho pífio no Campeonato Brasileiro. Após a eliminação do Grêmio, na noite de terça-feira, para o Fluminense, na Copa Libertadores, a dupla Gre-Nal compartilha junto o mau momento vivido no futebol.

Ainda com um turno inteiro pela frente no Brasileirão, Grêmio e Inter agora lutam para se afastar de vez da zona de rebaixamento. A perspectiva de uma vaga na Libertadores não está clara e depende da melhora do desempenho de ambos no campeonato.

Inter: Investimento alto e prejuízos desanimadores

Do céu ao inferno. Investimentos, renovação com o treinador e grandes nomes para reforçar a equipe. Se em 2023, com um time bem mais modesto, o Colorado bateu na trave na Copa Libertadores, em 2024 a esperança do clube era liquidar com a seca de títulos, ainda mais depois da chegada de reforços importantes, como Borré, Thiago Maia e Fernando. A realidade, porém, foi outra.

Os investimentos em contratações em 2024, que superaram os 15 milhões de euros (cerca de R$ 80 milhões), e a manutenção de jogadores como Rochet, Valencia, Alan Patrick e Aránguiz, dava a entender que seria um grande ano no Beira-Rio. Em março veio o primeiro baque, após a eliminação do time na semifinal do Gauchão para o Juventude nos pênaltis.

Jogadores do Inter lamentam eliminação do Gauchão para o Ju, nos pênaltis | Foto: Fabiano do Amaral / CP Memória

O regional era uma prioridade, que não foi cumprida. Ainda assim, O presidente Alessandro Barcellos bancou a continuidade de Eduardo Coudet, apostando na melhora da equipe para Copa Sul-Americana, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro.

Nem Inter, nem Grêmio contavam com a enchente, que devastou o Rio Grande do Sul durante o mês de maio. O fenômeno que tirou milhares de casa e alagou Porto Alegre atingiu a dupla Gre-Nal, obrigando os times a criar uma rotina longe dos seus domínios e com um calendário apertado.

Após ficar 30 dias parado, o Inter voltou a campo no dia 28 de maio. Diante do Belgrano, pela Sul-Americana, a derrota por 2 a 1 na Arena Barueri iniciou uma crise sem fim. A partir dali, o Colorado pouco fez na temporada e viu seu desempenho cair drasticamente ao longo dos jogos.

O ápice da crise veio em julho. Sem forças e com muita dificuldade para se encontrar em campo, o Inter foi mais uma vez batido pelo Juventude, desta vez na Copa do Brasil. A derrota no jogo de ida, no Beira-Rio, serviu para derrubar Eduardo Coudet, demitido naquela noite. Dias depois, no sábado, o Colorado empatou em 1 a 1 com o Papo e foi eliminado do torneio nacional.

A saída do torneio prejudicou o faturamento do clube, que esperava chegar pelo menos até as semifinais da competição e assim obter ao menos parte de uma premiação milionária. Se atingisse o objetivo, o colorado colocaria nos cofres pelo menos R$ 50 milhões, somando os valores. A soma amenizaria os prejuízos do clube com a enchente, que destruiu o Centro de Treinamento Parque Gigante e também as instalações do estádio Beira-Rio, causando de R$ 35 milhões a R$ 50 milhões de a mais nos gastos do clube com a recuperação das estruturas.

Sem a Copa do Brasil, o Inter seguiu adiante na temporada. Perdeu uma semana para anunciar Roger Machado como substituto de Coudet e no meio deste período teve de lidar com a Copa Sul-Americana. Derrota de 1 a 0 diante do Rosario Central e no jogo seguinte, já com Roger na casamata, um empate em 1 a 1 selou a nova eliminação do Colorado na temporada para um time que faz uma campanha nada mais do que modesta no Campeonato Argentino.

Fiasco: festa argentina e outra eliminação dentro do Beira-Rio | Foto: Fabiano do Amaral

Desde o dia 23 de julho, o Inter tem apenas o Brasileirão pela frente. Ainda que tenha mais tempo para treinar, o técnico Roger ainda busca o melhor padrão de jogo de um time que venceu apenas uma vez com ele no comando.

Roger durante treino do Inter | Foto: Ricardo Duarte / Inter/ CP

Grêmio: Gauchão de consolo e fracasso nas Copas

A situação no Grêmio também não foi muito diferente. O vice-campeonato de 2023 gerou entusiasmo e grande expectativa para a atual temporada. Apesar de não ter investido tão forte quanto o rival, o Tricolor fez movimentos para suprir a saída de Luis Suárez.

Diego Costa foi a aposta principal e com ele vieram Pavón, Dodi e Maik. O primeiro semestre do Tricolor foi bom para fazer o tema de casa. O título do Campeonato Gaúcho passou a noção de que o time estava bem o suficiente para encarar Copa do Brasil e Libertadores. A realidade, no entanto, apresentou-se de outra forma.

Conquista do hepta deu a sensação de que o time teria êxito em 2024 | Foto: Mauro Schaefer / CP Memória

A enchente que atingiu o Rio Grande do Sul retirou o Grêmio da Arena e dificultou ainda mais o desempenho do Tricolor na Libertadores. Dessa forma, a equipe de Renato Portaluppi só conseguiu reagir na fase de grupos na reta final e precisou usar o Couto Pereira, estádio do Coritiba, para consolidar a sua classificação às oitavas de final.

Sem a Arena como arma, o Tricolor passou a se apresentar de maneira itinerante no Brasileirão, usando Couto Pereira, Centenário, Alfredo Jaconi, Arena Condá e até o estádio Kleber José de Andrade, no Espírito Santo, como palco. Longe de casa e com pouco tempo para treinar, o clube gaúcho chegou a acumular seis derrotas consecutivas, o que colaborou para uma longa permanência na zona de rebaixamento e uma crise que quase culminou na saída de Renato Portaluppi.

Administrando a má fase, o Grêmio buscou forças dentro do próprio grupo para sair do rebaixamento. Conquistou triunfos contra Vitória, Vasco, Athletico-PR e Cuiabá para alcançar um lugar fora da zona do descenso.

Mais inteiro no Brasileirão e reforçado por Jemerson, Miguel Monsalve, Aravena, Arezo e Braithwaite, o Grêmio pôde se preocupar com Copa do Brasil e Libertadores. No entanto, o fim da linha para o Tricolor nessas competições teria praticamente o mesmo roteiro.

Braithwaite chegou como grande reforço para o segundo semestre | Foto: Lucas Uebel/Gremio FBPA

Diante do Corinthians, na Copa do Brasil, dois empates em 0 a 0 levaram a decisão para as penalidades. Nas cobranças, derrota por 3 a 1.

Quase 15 dias depois, na Libertadores, o mesmo final, mas diante do Fluminense. Uma vitória no Couto Pereira e uma derrota no Rio de Janeiro provocaram pênaltis novamente. Nas cobranças, o time carioca foi mais feliz e ficou com a vaga nas quartas de final da competição sul-americana.

Marchesin pega a bola enquanto jogadores do Flu comemoram classificação | Foto: Marina Garcia / Fluminense F.C

O que restou para Dupla?

Eliminados nas Copas, e com pontuação quase igual no Brasileirão, o que restou para a dupla Gre-Nal em 2024? O título, ainda que matematicamente possível, já não será possível. Então, restou pontuar o máximo que podem. Se quiserem uma vaga na Libertadores, Grêmio e Inter terão de conseguir um rendimento considerável, o que contraria o que foi feito até aqui pelas duas equipes.

Com 24 pontos em 21 partidas. Se quiser entrar no G-6 o que daria uma vaga na Pré- Libertadores, vai ter que somar pelo menos mais 38 pontos, levando-se em conta a pontuação do Bragantino, 6º lugar no ano passado com 62 pontos. Nesse caso o aproveitamento teria de ser de pouco mais de 74,5%. Se quiser apenas escapar do rebaixamento e somar 46 pontos, o time terá que ter um aproveitamento de 41%.

Já para o Inter, a situação é um pouco melhor, visto que o clube tem dois jogos a menos. Com 25 pontos na tabela, na 13ª colocação, o time precisa de 35% de aproveitamento, ou pouco mais de 20 pontos para escapar da Série B. Se quiser sonhar mais alto, o Colorado vai precisar de pelo menos 64% de aproveitamento, pelo menos 37 pontos para brigar por um G-6.


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