Direção do Grêmio aposta na manutenção de Renato apesar de pressão e Z4
Fichas gremistas estão na capacidade do treinador de reverter o momento ruim dentro de campo
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A situação não tem precedentes. Em quase 121 anos, nunca o Grêmio ficou tanto tempo sem jogar em casa. Dificuldades ocorridas na Baixada e no Olímpico não encontram correspondência em nada parecido com o cenário em que a Arena é também personagem. Não bastasse figurar na zona de rebaixamento e o imbróglio jurídico estabelecido com a gestora do estádio, soma-se a falta de perspectiva para o retorno à efetiva posição de mandante. No centro deste ambiente tenso, encontra-se quem construiu uma relação próxima com o maior ídolo do clube em todos os tempos: o presidente Alberto Guerra. A realidade é novidade para quem precisa encará-la. Não é porém, para Renato Portaluppi.
Nas três vezes em que o técnico deixou o Grêmio, presidentes e motivos diferentes: com Paulo Odone, em 2011 uma espécie de incompatibilidade; 2013/14 com Fábio Koff uma inviabilidade financeira; e em 2021 com Romildo Bolzan em uma manobra interna. Está em outro tricolor a semelhança com o que vive Renato hoje. Em 2014, no fim do quarto ciclo como treinador do Fluminense houve divergência entre os poderosos. Ele sempre foi convicção de Celso Barros, espécie de primeiro-ministro do Flu entre 1999 e 2014, mas naquele momento prevaleceu a opinião do presidente Peter Siemsen.
A proximidade de Guerra com Renato é mais um ingrediente no momento, mas insuficiente se não houver respaldo que segure as convicções. Ainda mais se elas não tiveram apoio. Guerra montou um departamento de futebol com quem o treinador tem ótimo trato. Com Luiz Vágner Vivian, desde 2013 há um apreço recíproco. Com Antônio Brum também existe sintonia. E a questão é justamente essa. À medida em que os resultados não aparecem, a pressão atropela qualquer material que sustente o que foi construído.
Se pouco foi dito pela diretoria após o Gre-Nal, foi de forma intencional. O caos da coletiva de Guerra em um apertado corredor do Couto Pereira favorecia a hipótese diminuta de uma declaração fora do lugar ou contrária ao discurso mais forte de Renato pouco antes. Por uma razão simples. É na figura do técnico em que as fichas estão. Mesmo estátua, é ele quem mais experiência e estofo tem para se movimentar no cenário atípico.