Exclusivo: depoimento de tesoureiro do Inter ao MP detalha procedimentos suspeitos
Correio do povo Logo

Receba as principais notícias do Inter no seu WhatsApp

Inscrever-se WhatsApp Logo

Exclusivo: depoimento de tesoureiro do Inter ao MP detalha procedimentos suspeitos

Funcionário testemunhou uso de notas frias, obras não vistas e retirada de dinheiro de bilheteria

Fabrício Falkowski

De acordo com a investigação, Affatato retirou 147 adiantamentos entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2016

publicidade

A sequência de saques em dinheiro vivo na boca do caixa com posterior prestação de contas com notas de empresas de construção civil, que sangrou os cofres do Inter em mais de R$ 9 milhões ao longo do mandato de Vitorio Piffero (2015/2016), foi o primeiro e mais visível ato irregular comprovado por auditorias – foi também o primeiro a ser desvendado pelo Correio do Povo, em matéria publicada em agosto de 2017. Era a ponta do iceberg que acabou descortinando a gestão que foi definida pelo Ministério Público como “uma verdadeira organização criminosa”. Para ajudar a entender como funcionou o esquema, protagonizado pelo então vice de finanças, Pedro Affatato, os integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP chamaram o tesoureiro do Inter, Admir Júnior Toscani Dornelles. O CP teve acesso ao vídeo completo do depoimento. Confira os principais trechos:



Toscani, que compareceu ao Ministério Publico na condição de testemunha no ano passado, confirmou que ele e outros funcionários do clube “estranharam” a forma como Affatato fazia as retiradas e também como prestava contas. Porém, sentiam-se constrangidos pelo ex-dirigente. “Ele (Affatato) ordenava”, relatou Toscani. "Todo vice-presidente que precisa de um valor para viagens ou para pequenas despesas, se utiliza deste adiantamento. Neste caso específico, foi utilizado pela vice-presidência de finanças com a retirada de valores maiores com a justificativa que seria para obras ou posterior prestação de contas. (...) Ou seja, retirava um montante e depois trazia um valor X em notas”, explicou. O problema foi o volume de dinheiro recolhido e também a prestação de contas, com notas fiscais visivelmente frias. “Um vice-presidente trazer uma nota não válida é indício de que alguma coisa não está certa, né?”, questiona.

De acordo com Toscani, que trabalha no clube desde 2006, atravessando várias gestões, inclusive a atual, de Marcelo Medeiros, o procedimento usado por Affatato, principalmente com tamanho volume, jamais foi visto no clube: “É inédito”.
Ele também revelou que Affatato procurava a tesouraria após os jogos realizados no Beira-Rio, quando o clube ainda tinha o dinheiro vivo arrecadado nas bilheterias. “Eu precisava ter uma disponibilidade de caixa muito grande, pois estes saques eram sistemáticos, semanais ou até mais (seguidos), com uma programação. E por que eu tinha dinheiro sempre? Porque geralmente essa prática era pós-jogo, quando eu estou com um volume de recursos grande em caixa em função das bilheterias. Então, era feita a programação. O caixa era alto, pois a demanda era alta", afirmou.

Para o MP, os saques em dinheiro usando as notas fiscais de empresas de construção civil foram a “principal fonte de fraudes e desvios” daquela gestão. Toscani revelou, inclusive, que Affatato pediu que ele transportasse os valores para outros lugares. “Várias vezes... Ele ordenava que eu levasse a alguns lugares... Já levei para restaurante, perto do aeroporto. A maioria dos saques era feito lá (tesouraria), mas teve oportunidades de levar fora”.

De acordo com a investigação, Affatato retirou 147 adiantamentos entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2016, de valores entre R$ 10 e 220 mil em dinheiro vivo. Depois disso, o ex-vice de finanças alterou o procedimento: ao invés de sacar e depois apresentar a nota, ele passou a apresentar a nota para levar o dinheiro da tesouraria. Porém, as retiradas continuaram até o final da gestão, em dezembro daquele ano. Após quebra do sigilo bancário, o MP encontrou depósitos em valores idênticos em suas contas particulares ou de suas empresas nos mesmos dias. Ou seja, segundo a investigação, Affatato retirava o dinheiro do Inter utilizando notas frias com o pretexto de pagar por obras que nunca existiram, mas irrigava as próprias contas. Toscani, que segue trabalhando pelo clube, confirmou a prática do ex-dirigente ao MP.

A defesa de Pedro Affatato informou que irá se manifestar apenas nos autos.

Mais Lidas

Confira a programação de esportes na TV desta terça-feira, 23 de abril

Opções incluem eventos de futebol e outras modalidades esportivas em canais abertos e por assinatura







Placar CP desta terça-feira, 23 de abril: confira jogos e resultados das principais competições de futebol

Acompanhe a atualização das competições estaduais, regionais, nacionais, continentais e internacionais

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895