MP vê “verdadeiro loteamento criminoso” na gestão Piffero
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MP vê “verdadeiro loteamento criminoso” na gestão Piffero

Cruzamento de dados bancários comprovou que ex-dirigentes do Inter receberam dinheiro de empresas e agentes de futebol

Fabrício Falkowski

MP vê “verdadeiro loteamento criminoso” na gestão Piffero

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Em sua primeira página, em letras maiúsculas, está escrito: “SIGILOSO”. Em seguida, na terceira página, o pedido do Ministério Público, encaminhado à Justiça em dezembro, que deu origem aos 20 mandados de busca e apreensão em residência de ex-dirigentes e de agentes de futebol, além de empresas, não deixa margem para dúvida sobre o resultado de mais de um ano de investigações: o Inter durante a gestão de Vitorio Piffero virou um “verdadeiro loteamento criminoso”.

• MP: Empresários irrigaram contas de ex-dirigentes na gestão Piffero

O MP fez um levantamento completo do funcionamento do esquema, e apresentou em um relatório com 243 páginas que o Correio do Povo teve acesso. “Efetivadas uma série de diligências investigatórias, entre elas a inquirição de testemunhas e análise de contratos, notas fiscais e dados oriundos das quebras de sigilos bancário e fiscal de dezenas de pessoas físicas e jurídicas, os elementos probatórios colhidos indicaram de forma efetiva e direta que tais dirigentes, de fato, promoveram um verdadeiro loteamento criminoso na gestão do Sport Club Internacional no biênio de 2015/2016, justamente nos setores mais sensíveis do clube, cada um deles patrocinando desvios e fraudes na respectiva esfera de atuação e atribuição”.

Sob o comando do ex-presidente Vitorio Piffero, segundo a investigação do MP, a corrupção tomou conta do clube naqueles dois anos e teve vértices importantes no futebol, na contratação de empresas de construção civil, nos departamentos jurídicos e de administração e até na contratação de agências de viagem. Por isso, seis dirigentes – além de Piffero, Pedro Affatato (vice de finanças), Carlos Pellegrini (vice de futebol), Alexandre Limeira (vice de administração), Emídio Ferreira (vice de patrimônio) e Marcelo Castro (vice jurídico) – são investigados pelos crimes de apropriação indébita, estelionato, organização criminosa, falsidade documental e lavagem de dinheiro.

Através de notas frias, desvios superiores a R$ 9 milhões

O esquema mais rentável e também o que chamou mais a atenção envolvia a contratação de empresas de construção civil – desvendado em matéria do CP de agosto de 2017. Por meio dele, Affatato, em conluio com Emídio Ferreira, segundo dados levantados a partir da quebra de sigilos bancários, desviou mais de R$ 9 milhões do clube utilizando notas fiscais frias de empresas que sequer existiam. O MP encontrou depósitos nas contas das empresas de Affatato, como a Sinarodo, nos mesmos dias e valores dos saques que ele realizada na tesouraria do clube. Por exemplo, no dia 15 de junho de 2015, ele sacou R$ 160 mil no caixa colorado. E no mesmo dia, há um depósito, de idêntico valor, na conta da Sinarodo. Apenas uma semana depois, em 22 de junho, ele retirou R$ 77 mil em dinheiro vivo no caixa do clube e, na mesma data, há um depósito de mesmo valor para a Sinarodo.

Segundo o MP, Affatato “obtinha direta e pessoalmente os contestados adiantamentos de valores, sem qualquer limite, destinados a outra vice-presidência (patrimônio), utilizando as notas fiscais suspeitas tão somente para efeito de prestação de contas do numerário já recebido”. O esquema envolvia as cinco empresas já referidas (Keoma, Pier Serviços, etc), além de outras, cujas ligações com Emídio Ferreira e Affatato foram encontradas na investigação, inclusive com repasse de valores para os dois dirigentes ou para suas empresas.

Agência de viagens recebeu mais de R$ 100 mil por mês ao longo da gestão

Outra fato relacionado a Affatato diz respeito a contratação da empresa Piratini Agência de Viagens, cuja sede anunciada em seu site é no Centro de Porto Alegre. A investigação do MP comprovou que a Piratini prestava serviços para a Sinarodo, que pertence ao ex-dirigente, antes de 2015. Quando Piffero assume o clube, Affatato levou a empresa para dentro do Inter. Ela recebeu R$ 2.121.324,70 ao longo da gestão 2015/2016, dos quais repassou R$ 169 mil para Affatato, conforme mostra o documento do MP. Para obter esses valores, ela superfaturava a compra de passagens. Há, por exemplo, notas fiscais que compravam a aquisição por parte do clube de uma passagem para a Flórida (EUA) por R$ 22 mil e outras duas para a Europa por R$ 47 mil.

“Certamente não por coincidência, demonstrando de forma inequívoca um acerto financeiro que justificaria não só a utilização da Piratini Agência de Viagens para serviços de turismo do clube, como, em especial, o eventual superfaturamento antes exemplificado, durante o ano de 2016, em meio à contestada gestão e ao recebimento do Internacional de valores próximos dos R$ 2 milhões, a referida empresa passou a recompensar o investigado Pedro Antônio Affatato, com a transferência, para a conta corrente pessoal dele, de quantias que totalizaram a importância de R$ 169 mil”, conforme afirma o documento do MP.

Affatato e o Piffero foram procurados e não atenderam a reportagem do CP. A advogada da Piratini, Luciana Scheeren, disse que seu cliente não teve acesso ao processo, que corre em segredo de Justiça, e que justificará ao MP as movimentações. 


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