Mais de mil atletas russos estão envolvidos em "doping institucionalizado"
Técnicas de manipulação misturavam tecnologia avançada e métodos artesanais
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"Uma conspiração institucional foi implementada, com participação do Ministério dos Esportes e de serviços como a Agência Russa Antidoping (Rusada), o laboratório antidoping de Moscou, junto com o FSB (serviços secretos) para manipular amostras", disse o autor do relatório em entrevista coletiva realizada em Londres.
Quem é quem
Mclaren não quis revelar os nomes dos atletas envolvidos no processo. "As informações que possuímos são confidenciais. Cabe às Federações Internacionais decidirem o que fazer com essas informações", justificou, ressaltando que as identidades de 695 atletas, entre eles 19 não russos, foram repassadas às federações.
McLaren iniciou a investigação depois das revelações de Grigori Rodtchenkov, ex-diretor do laboratório antidoping de Moscou, hoje refugiado nos Estados Unidos, ao New York Times. A primeira parte do relatório, divulgada em julho, às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, teve como foco o esquema de doping sistemático e a manipulação de amostras no caso específico dos Jogos de Inverno de 2014, realizados em Sochi, balneário do sul da Rússia.
Na avaliação do jurista canadense, a equipe olímpica russa corrompeu os Jogos de Londres. "Esta manipulação específica e centralizada dos exames anti-doping foi evoluindo na medida em que estava sendo usada e era uma resposta às mudanças de regulamento da Wada e os exames surpresa", ressaltou.
Sal e café na urina
Na investigação, a equipe de McLaren descobriu que as técnicas de manipulação mesclavam tecnologia avançada e métodos mais artesanais. "Sal e café foram colocados nas amostras de urina para adulterar os resultados", explicou o canadense.
Depois da divulgação da primeira parte do relatório, mais de cem atletas russos foram excluídos dos Jogos do Rio, cerca de um terço do total da delegação. O escândalo veio à tona há um ano, com as revelações bombásticas de uma comissão independente da Wada sobre o esquema doping organizado no atletismo, com base em denúncias de um documentário da emissora alemã ARD.
Em novembro de 2015, as revelações levaram a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) a suspender o país de todas as competições internacionais da modalidade. A punição coletiva impediu, por exemplo, a saltadora com vara Yelena Isinbayeva de buscar o tricampeonato olímpico no Rio.