Cerimônia de Abertura dos Jogos de Paris-2024 inova e emociona com foco na cultura francesa e protagonismo da cidade
Ápice do evento foi o momento em que a pira olímpica foi acesa em um balão, que ficou suspenso no Jardin des Tuileries
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A Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 teve nas ruas da capital francesa o seu grande protagonista. Na primeira vez em que o evento é realizado a céu aberto e não dentro de um estádio, nem mesmo a chuva estragou o espetáculo que deu, oficialmente, o pontapé inicial da Olimpíada. A apresentação mesclou números artísticos em vários pontos da metrópole com cenas pré-gravadas tendo como fio condutor uma figura misteriosa que carregava a tocha olímpica enquanto lidava com outras situações, que incluíam o sumiço da Mona Lisa. Em paralelo à “história”, embarcações cruzavam o Rio Sena com as delegações de todos os países que participam dos Jogos. O temor de ataques terroristas dada a dificuldade logística para preparar a segurança foi aos poucos trocado por um sentimento de encantamento e pertencimento, dada a proximidade das pessoas com o evento.
Logo no início do evento, uma cara bem conhecida, tanto dos franceses como dos brasileiros: Zinedine Zidane. O craque da seleção da França, campeã mundial em 1998, foi o primeiro a carregar a tocha, que pouco depois iniciaria o seu trajeto com a figura misteriosa. Logo sem seguida, os primeiros números musicais indicavam como seria a celebração. À beira do Sena, surgiu a cantora Lady Gaga para uma apresentação que simulava o clima dos famosos cabarés parisienses.
Aos poucos, as embarcações começaram a tomar o Sena com os atletas. Os países com delegações mais numerosas, com um barco só para si, enquanto aqueles com menos representantes dividiam os veículos com outras nações. O Brasil, que teve o canoísta Isaquias Queiroz e a jogadora de rugby sevens Raquel Kochhnann como porta-bandeiras, teve uma embarcação exclusiva. Nas janelas e sacadas dos prédios próximos ao rio, as pessoas aproveitavam todo e qualquer espaço para acompanhar tudo.
Como era de se esperar, a cultura francesa foi bastante explorada na Cerimônia. Houve espaço para citações a escritores famosos e espetáculos icônicos, como Os Miseráveis, de Victor Hugo, e desfile ao estilo da Paris Fashion Week. Em um dos momentos mais emocionantes do evento, a mezzo-soprano Axelle Saint-Cirel, posicionada no telhado do Grand Palais e segurando uma enorme bandeira francesa cantou A Marselhesa, o hino francês. Enquanto isso, a partir de diferentes bases emergiam estátuas de importantes personalidades femininas do país como Simone de Beauvoir, Olympe de Gouges e Alice Milliat.
Ao final do desfile das delegações, a Cerimônia transformou-se em uma grande festa eletrônica por um bom punhado de minutos. Na retomada do espetáculo, uma cavaleira montada em um cavalo mecânico prateado galopou pelas águas do Sena até voltar à terra e entregar a bandeira olímpico para que enfim fosse hasteada. Foi a hora dos discursos. Presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, agradeceu o empenho do governo francês e celebrou o espírito olímpico: “Nossos sonhos estão se tornando verdade esta noite. Viva os Jogos Olímpicos. Viva a França”. A palavra foi passada ao presidente Emmanuel Macron, que declarou aberta a competição oficialmente.
Restava ainda saber como seria acesa a pira olímpica. E o caminho final contou com presenças renomadas, como Zidane, o tenista espanhol Rafael Nadal, o ex-atleta americano Carl Lewis, a ex-ginasta Nadia Comaneci e a tenista Serena Williams. A honra de acender coube ao judoca Teddy Riner e Marie-José Perec, do atletismo. Em forma de um balão, a pira foi acesa enquanto a cantora Celine Dion, direto da Torre Eiffel, entoava os versos de “L’Hymne à l’amour”, de Edith Piaf.
Com a pira olímpica suspensa no ar, uma Cerimônia de Abertura que apostou na proximidade com o público e nas ruas de Paris como protagonismo chegou ao fim. Agora restam duas semanas de competição. Duas semanas que têm tudo para serem históricas.