Medalhista nos Jogos Paralímpicos, judoca gaúcho Marcelo Casanova conta a conquista do bronze

Medalhista nos Jogos Paralímpicos, judoca gaúcho Marcelo Casanova conta a conquista do bronze

Atleta do Recreio da Juventude, de Caxias do Sul, assegurou a medalha na sua primeira participação no evento em Paris

Victória Rodrigues

Judoca garantiu medalha inédita em terras francesas

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Quando deixou Caxias do Sul para a aclimatação do judô nos Jogos Paralímpicos em Troyes, cidade no sul da França, o gaúcho Marcelo Casanova ainda não tinha dimensão de tudo que ia viver na semanas seguintes. A expectativa de assegurar uma medalha paralímpica inédita para o Recreio da Juventude, clube que cresceu e se formou como atleta, foi atingida logo na sua primeira participação nos Jogos. Aos pés da Torre Eiffel, na Arena Campo de Marte, o judoca de 21 anos de idade conquistou a medalha de bronze na categoria até 92kg na classe J2, destinado a atletas que conseguem definir imagens.

Com albinismo e astigmatismo, Marcelo ingressou no judô aos nove anos por influência do pai, também judoca. "Ainda na Olimpíada de Londres ele me mostrou a competição e eu acabei gostando das lutas. Um mês depois ele me inscreveu no Recreio da Juventude, onde eu estou até hoje. Fui competindo e gostando", conta o medalhista. "Ter isso na família acho que foi um pilar fundamental para conseguir chegar onde eu cheguei", completa. O atleta ingressou na modalidade convencional e chegou a integrar a seleção de base sub-18. Até que em 2021 decidiu migrar para o paralímpico, logo no início do ciclo. Um ano depois da mudança, o gaúcho subiu no lugar mais alto do pódio nos Jogos Parapan-Amaricanos em 2022, repetindo o feito em Santiago ano passado. Os bons resultados, a evolução no esporte e as vitórias em campeonatos internacionais resultaram na integração de Casanova na seleção paralímpica brasileira durante o ciclo para Paris.

Apesar dos anos de experiência no tatame, Marcelo conta que a principal diferença na migração foi a largada da luta. "No paralímpico a gente não tem aquela briga inicial de troca de pegada, já começa com uma pegada feita", afirma. "A minha desvantagem no convencional era esse reflexo de chegar no quimono, de barrar uma pegada, justamente essa disputa de pegada inicial e no paralímpico eu tive que me acostumar a começar com já com a pegada, porque é outro tipo de luta. Tu já sai muito mais exposto para tomar algum golpe", explica o judoca. Além do judô, o gaúcho também pratica jiu-jitsu para aprimorar ainda mais a técnica no solo dos tatames.

Trajetória rumo ao bronze

Quarto lugar no ranking mundial, o chaveamento do torneio indicava o judoca Evan Molloy, da Grã-Bretanha, como o primeiro adversário de Marcelo nas quartas de final. Sob os gritos da família e amigos, que viajaram em peso a Paris para torcer de perto, o atleta venceu sua primeira luta em terras francesas. Porém, o caminho para o ouro tinha como empecilho o francês Helios Latchoumanaya, número 1 do ranking. Em um combate duro, Marcelo acabou sofrendo um ippon nos segundos finais da disputa sendo superado pelo dono da casa e dando adeus ao ouro.

Mesmo assim, retornou ao tatame para enfrentar o italiano Simone Canizzaro e buscar a medalha no peito. "A gente tem que ser reinventar na hora. A gente sempre vai almejando o ouro, mas tem que estar preparado para todas as situações, tanto dentro da luta, quanto dentro da competição", diz Marcelo. "Então ali foi um momento de reorganizar, botar a cabeça no lugar, esfriar e voltar ao foco para conquistar a medalha", relembra.

Com a medalha no peito, o gaúcho pretende retornar à Serra Gaúcha para aproveitar a conquista, mas sem ficar muito tempo longe dos treinos. A rotina intensa, que chega a três treinos por dia, é o caminho para voltar à disputa e brigar pelo ouro em Los Angeles-2028. "O Marcelo com a medalha é um Marcelo com mais experiência, com mais história para contar, muito mais feliz e grato por todo esse ciclo e por todo esse processo", finaliza.



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