Olimpíada

Quais as modalidades que o Brasil tem mais chances de medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris-2024

Perspectiva de pódio é grande em esportes como o boxe, a ginástica artística e o skate

Rebeca Andrade é hoje a maior estrela da delegação brasileira em Paris
Rebeca Andrade é hoje a maior estrela da delegação brasileira em Paris Foto : Miriam Jeske / COB / CP

FALTAM 6 DIAS PARA OS JOGOS OLÍMPICOS DE PARIS-2024

Na próxima sexta-feira, a partir das 14h30min (horário de Brasília), uma esperada Cerimônia de Abertura ao longo do rio Sena marca o início do maior evento esportivo do planeta. Para os Jogos Olímpicos de Paris-2024, a delegação brasileira terá 276 atletas – pela primeira vez com maioria de mulheres – disputando 39 modalidades, sendo que, em várias delas, o país compete com chances reais de subir ao pódio. A seguir, o Correio do Povo lista os esportes nos quais a torcida brasileira mais tem possibilidades de comemorar uma vitória.

Rebeca Andrade briga pelo título no solo, no salto e no individual geral | Foto: Miriam Jeske/COB

GINÁSTICA ARTÍSTICA

O Brasil chega a Paris com vários atletas em condições de conquistar o ouro. Mas não há ninguém na delegação brasileira que hoje esteja numa condição de estrelato em termos esportivos como Rebeca Andrade. Campeã olímpica em Tóquio-2020, campeã mundial no ano passado, a brasileira briga pelo título no solo, no salto e no individual geral. Além disso, não será surpresa se aparecer no pódio na trave e nas barras. O problema para estar no lugar mais alto da disputa, no entanto, tem nome e sobrenome: Simone Biles, o fenômeno norte-americano. Rebeca é o principal nome da ginástica brasileira, mas não é a única com uma boa perspectiva em Paris. A própria equipe feminina vai para os Jogos com boas chances de voltar com uma das três medalhas. Individualmente falando, a melhor aposta, além de Rebeca, é Flávia Saraiva, que está embalada por bons resultados, como o bronze no Mundial do ano passado, e pode surpreender no solo e na trave. No masculino, que disputa só o individual, o destaque é Arthur Nory.

Beatriz Ferreira não perde uma luta há dois anos | Foto: Miriam Jeske/COB/CP

BOXE

Nos Jogos de Tóquio-2020, Beatriz Ferreira era uma das melhores apostas brasileiras. Na briga pelo ouro, no entanto, ela acabou derrotada pela irlandesa Kellie Harrington na categoria até 60 kg. Um ciclo olímpico depois, a boxeadora baiana volta disposta a reescrever o final. O momento não poderia ser melhor. Bia tem tido sucesso tanto no boxe profissional como no boxe olímpico e não sabe o que é perder há dois anos. Entre as adversárias derrotadas ao longo deste tempo, não está Harrington e um reencontro entre as duas parece provável e é, desde já, um daqueles momentos imperdíveis de Paris-2024. Para o Brasil, a modalidade pode representar mais conquistas, a começar por Keno Marley na categoria até 92 kg. O baiano vem de dois títulos importantes em 2024: campeão na Copa do Mundo nos Estados Unidos e na Holanda. Jucielen Romeu (até 57 kg) e Luiz Oliveira, o Bolinha (até 57 kg), são outros com boas chances.

Rayssa Leal foi medalhista olímpica aos 13 anos, conquistando o bronze. Agora com 16, busca o ouro | Foto: Alexandre Loureiro/COB/CP

SKATE

Para alguém que conquistou uma inédita medalha olímpica na modalidade aos 13 anos, quando ainda era conhecida como a Fadinha do Skate, pressão não é exatamente um problema. Menos ainda quando de lá para cá permaneceu sempre entre os principais nomes da categoria. Por tudo isso, Rayssa Leal já chegaria para os Jogos Olímpicos com status de favorita ao pódio no street. O histórico recente sugere que não se trata de uma aposta arriscada, visto que ela tem brilhado em competições como a Street League e o Circuito Mundial. Para além de adversárias qualificadas, principalmente as japonesas, a dúvida fica em torno de como Rayssa vai lidar com um novo cenário, que agora é de muito mais pressão. Menos pressionados, outros nomes brasileiros podem surpreender, principalmente no masculino, onde Augusto Akio, por exemplo, vem credenciado pelo segundo lugar no Campeonato Mundial, disputado no início do ano passado. Pedro Barros, prata em Tóquio-2020, é outro que pode repetir a dose e figurar no pódio novamente.

Na sua segunda Olimpíada, Gabriel Medina busca o primeiro pódio | Foto: Tony Heff / WSL Divulgação / CP

SURFE

Ao lado do skate, o surfe foi uma das modalidades que estreou no programa olímpico nos Jogos de Tóquio-2020, ambos com bons resultados para o Brasil. Das águas japonesas, veio o primeiro ouro naquela edição, com Ítalo Ferreira. De certa forma, já era esperado que o país brilharia na disputa. As fichas, contudo, estavam jogadas no outro representante: Gabriel Medina. Envolvido em polêmicas com o Comitê Olímpico Brasileiro, a grande estrela do surfe nacional não conseguiu render o que dele se esperava. Três anos depois, Medina é mais uma vez o maior nome brasileiro da modalidade nos Jogos Olímpicos. Ouro nos Jogos Mundiais ISA este ano, o surfista é o atual sexto colocado no ranking mundial, mas tem a seu favor um bom histórico nas ondas de Teahupo’o, no Taiti – o surfe é a única modalidade que será disputada fora da França. Se o título de Medina do ISA Games o credencia como uma aposta mais segura em Paris, o vice-campeonato da gaúcha Tatiana Weston-Webb da mesma competição segue na mesma linha. Ainda que venha em uma temporada um tanto quanto irregular, a surfista conseguiu uma nota 10 este ano no mesmo mar onde acontecem as provas. Atual bicampeão do Circuito Mundial, Filipe Toledo preferiu abrir mão dessa competição este ano para cuidar da saúde mental. Se repetir as performances de 2022 e 2023, é favorito ao pódio.

Equipe feminina do Brasil vinha invicta na Liga das Nações, mas perdeu em momento decisivo | Foto: FIVB / Divulgação

VÔLEI

A última vez que o vôlei brasileiro passou em branco em uma edição de Jogos Olímpicos e não voltou para casa sem ao menos um bronze foi no já distante 1988, quando a competição aconteceu na Coreia do Sul. Tamanha regularidade mostra a força do país na modalidade. E desta vez, não deve ser diferente. Apesar das duas derrotas na fase final da Liga das Nações após uma campanha invicta até então, a equipe feminina chega a Paris mais do que credenciada, senão ao título, pelo menos ao pódio. O time masculino, por sua vez, inspira menos confiança. Foi sétimo na Liga das Nações, eliminado pela mesma Polônia que agora vai encarar na fase de grupos da Olimpíada.

VÔLEI DE PRAIA

Desde que o vôlei de praia foi incluído nos Jogos, o Brasil havia estado em todos os pódios. Não por acaso, no total de medalhas, é o país com mais conquistas, superando até os EUA: 13 a 11. Contudo, a tradição foi rompida em Tóquio-2020, quando o Brasil não conseguiu nem o bronze. O retorno aos tempos de glória, porém, tem tudo para ser em solo francês. E para tanto, dois nomes despontam: Ana Patrícia e Duda. Líderes do ranking mundial no ano passado, campeãs de cinco etapas do Circuito Mundial e do Pan-Americano. O currículo às vésperas dos Jogos não poderia ser mais alentador. No masculino, por sua vez, a esperança de pódio brasileiro reside na dupla George e André.

Bronze em Tóquio-2020, Alison dos Santos briga com mais chances pelo ouro | Foto: Wander Roberto/COB/CP

ATLETISMO

A delegação do atletismo, com 42 atletas, é a maior entre todas as modalidades que o Brasil vai disputar em Paris. Destes, um nome aparece com mais força no radar: Alison dos Santos, o Piu, que compete na prova dos 400 m com barreiras e no revezamento 4 x 400 m. A primeira é onde residem as grandes expectativas. Em Tóquio-2020, Piu foi bronze em uma prova na qual brilhou o norueguês Karsten Warholm. De lá para, no entanto, o desempenho de Alison só tem melhorado. Logo após 2021, emendou uma temporada perfeita no ano seguinte, que sofreu um baque em 2022, quando teve uma lesão grave no joelho que o obrigou a ser submetido a uma cirurgia. As dúvidas quanto ao potencial na volta, no entanto, logo foram dirimidas. Após um recomeço irregular, vem em uma curva crescendo. Este ano, conquistou a prova em quatro etapas da Liga Diamante, inclusive contra Warholm. No início de julho, voltou a medir forças com o norueguês, mas, desta vez, terminou em terceiro, indicando uma disputa apertada pelo ouro em Paris. Menos cotados, mas ainda assim com possibilidades de surpreender nos Jogos, estão outros nomes como Caio Bonfim, na marcha atlética, e Darlan Romani, no arremesso de peso. O primeiro tem sido presença regular no pódio da categoria nos últimos meses. Darlani, por sua vez, foi a diversas finais no ciclo olímpico, sempre um bom indicativo.

Isaquias Queiroz busca em Paris-2024 o bicampeonato olímpico | Foto: Jonne Roriz/COB/CP

CANOAGEM

Não são muitos os atletas que podem colocar na parede de casa medalhas olímpicas de todas as cores, uma dourada, duas prateadas e uma bronzeada. Isaquias Queiroz é um deles. Nos Jogos do Rio-2016, beliscou o título da canoagem velocidade, mas ficou com dois segundos lugares e um terceiro. Veio Tóquio-2020 e com ele, enfim, o sonhado ouro, na prova do C1 1000m (o C indica a embarcação, no caso a canoa e o número, a distância da prova). No ano passado, alegou razões pessoais para se afastar dos treinos por um longo período. O saldo veio no Mundial, quando não figurou em nenhum pódio. A retomada, contudo, parece ter sido encontrada na sequência. Neste ano, brilhou nas etapas da Hungria da Copa do Mundo, dando sinais de que vai para as águas de Paris novamente na condição de favorito. Se na canoagem velocidade, o grande nome do Brasil é Isaquias, no slalom as nossas melhores chances estão com Ana Sátila, tanto no C1 (canoa individual) como no K1 (caiaque individual). Outro nome que pode surpreender na modalidade e aparecer no pódio é Pepê Gonçalves, que compete no K1 e no K1X (caiaque cross).

JUDÔ

Em 1980, o Brasil conquistou quatro medalhas nos Jogos de Moscou: duas na vela, uma no atletismo e uma na natação. A partir da edição seguinte, nunca a delegação brasileira voltou sem ter ganho pelo menos um bronze no judô. De 1984 a 2020, a modalidade disputada no tatame é a única a figurar em pelo menos um pódio olímpico. Campeões como Aurélio Miguel, Rogério Sampaio, Sarah Menezes e Rafaela Silva firmaram uma tradição que, ao que tudo indica, será mantida em Paris-2024. Isso porque o país chega com uma série de judocas com potencial para brigar pelo ouro. Mayra Aguiar, da Sogipa, é uma das apostas mais seguras. A gaúcha de Porto Alegre vai para a sua quinta olimpíada – nas últimas três participações foi bronze – mais focada do que nunca, a ponto de recusar entrevistas e participações em eventos para projetar apenas a disputa até 78 kg nos Jogos. A lista dos brasileiros com boas perspectivas conta com outros nomes para lá de bem cotados: Beatriz Souza (acima de 78 kg), a campeã olímpica Rafaela Silva (até 57 kg), Daniel Cargnin, também da Sogipa (até 73 kg) e William Lima (até 66 kg).

Marcus D'Almeida pode conquistar a primeira medalha do Brasil no Tiro com Arco | Foto: Júlio César Guimarães/COB

TIRO COM ARCO

Há uma série de modalidades nas quais o Brasil nunca esteve representado no pódio olímpico. O tiro com arco – que há muito deixou de ser arco e flecha – é uma delas, mas tem tudo para sair dessa lista nas próximas semanas, graça a Marcus D’Almeida. O arqueiro carioca foi campeão da Copa do Mundo no passado e terceiro lugar no Mundial, o que lhe valeu a liderança do ranking ao final de 2023. O bom momento se manteve na atual temporada. Em junho, ficou com o segundo lugar na etapa da Turquia da Copa do Mundo, uma posição importante visto que era a última competição antes dos Jogos Olímpicos. Na briga pelo ouro, o principal rival deve ser o turco Mate Gazoz, campeão olímpico em Tóquio-2020. Além da disputa individual, D’Almeida também vai competir nas duplas mistas, ao lado de Ana Luiza Caetano.

TÊNIS DE MESA

Se o Brasil conquistar pela primeira vez uma medalha no tênis de mesa, tudo indica que será por uma façanha de Hugo Calderano, que, no ano passado, figurou no Top 5 do mundo, tornando-se o melhor atleta das Américas da modalidade.

GINÁSTICA RÍTMICA

Mais uma modalidade na qual o país nunca teve tradição, mas conta com uma geração inspirada. Há poucos dias, o conjunto brasileiro foi prata na etapa de Milão da Copa do Mundo. No individual, Bárbara Domingos é a mais cotada para uma surpresa.

VELA

A verdade é que a vela não chega a ser uma surpresa. É uma das modalidades em que o país tem tradição olímpica e que mais uma vez vai forte, principalmente com Martine Grael e Kahena Kunze na classe 49er FX.

MARATONA AQUÁTICA

Campeã olímpica em Tóquio-2020, Ana Marcela Cunha nada entre as favoritas sempre que compete. Recuperada de uma lesão no ombro em 2022, a nadadora tem competido em alto nível, inclusive vencendo suas principais adversárias.

TÊNIS

Em Tóquio-2020, o bronze conquistado pela dupla feminina Laura Pigossi e Luisa Stefani foi uma surpresa. Agora, o nome mais forte é Bia Haddad, que chegou a figurar no Top 10 feminino no ano passado (hoje é 22º lugar), mas segue com potencial para ir longe no individual e nas duplas, justamente ao lado de Pigossi.

HIPISMO

A equipe brasileira, formada por Rodrigo Pessoa, Pedro Veniss, Stephan Barcha e Yuri Manssur, é considerada uma das melhores que o país já teve. Na Copa das Nações do ano passado, ficou em quarto lugar.

ESGRIMA

Oitava no ranking mundial, Natalhie Moellhousen é o nome mais forte da modalidade no país, com boas chances em Paris.