FALTAM 10 DIAS PARA OS JOGOS OLÍMPICOS DE PARIS-2024
Em 2008, o mundo da natação foi impactado por uma tecnologia revolucionária. Novos trajes, feitos na maioria das vezes à base de poliuretano, alteraram o cenário competitivo como se agora os nadadores ganhassem um impulso extra nunca antes experimentado. Na prática, o material atuava na flutuação do corpo na água, da mesma forma que ajudava na compressão do corpo e repelia a água. Essa combinação permitia que os atletas direcionassem a energia para a força, resultando em mais velocidade. Os nomes variavam: super trajes, maiôs tecnológicos e por aí vai. Fato é que nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, nada menos do que 25 recordes mundiais e 65 olímpicos foram quebrados, algo impensável para qualquer competição deste porte.
O ano seguinte marcava o Campeonato Mundial, em Roma. Uma nova leva de maiôs tomou o mercado da natação de assalto, com avanços ainda maiores nos mesmos aspectos de flutuação e compressão. O resultado? Mais quebra de recordes: desta vez, foram 43. Aos poucos, no entanto, cresceu o debate em torno do quanto a tecnologia não estava influenciando da forma equivocada as competições. A polêmica tomou tanto corpo que a Federação Internacional de Natação (Fina) optou por proibir os trajes a partir de 2010. Dali em diante - o que vale até hoje - seriam permitidos apenas maiôs feitos com material têxtil. Mais que isso, na competição masculina, os nadadores poderiam usar apenas bermudas, nada mais de trajes que cobrissem o corpo inteiro
Passados 14 anos, sete marcas masculinas ainda são daquele período, inclusive na mais rápida das provas, onde o brasileiro César Cielo cravou 20s91 nos 50m livre. O estilo aliás, é praticamente dominado por tempos daquela época. De todas as oito distâncias do nado livre, seis ainda guardam recordes de 2008 e 2009. No feminino, por sua vez, o único tempo que não foi batido desde então foi nos 200m borboleta. A explicação mais razoável para as mulheres terem quebrado mais recordes do período dos super trajes vem justamente do fato do uso do maiô. Com as pernas e o abdômen cobertos até hoje nas provas, a eficiência tem sido maior. Aliás, quatro marcas foram quebradas apenas em 2024, todas ainda pendentes de confirmação por parte da Fina, mas indicando que os Jogos de Paris-2024 podem ser palco de novos recordes. Agora sem super trajes.
Lista de recordes mundiais da natação
Masculino
- 50m livre - 20s91, César Cielo (BRA, 2009)
- 100m livre - 46s80, Pan Zhanle (CHI, 2024)
- 200m livre - 1min42s00, Paul Biedermann (ALE, 2009)
- 400m livre - 3min47s07, Paul Biedermann (ALE, 2009)
- 800m livre - 7min32s12, Lin Zhang (CHI, 2009)
- 1500m livre - 14min31s02, Yang Sun (CHI, 2012)
- 100m costas - 51s60, Thomas Ceccon (ITA, 2022)
- 200m costas - 1min51s92, Aaron Peirsol (EUA, 2009)
- 100m peito - 56s88, Adam Peaty (GBR, 2019)
- 200m peito - 2min05s48s, Qin Haiyang (CHI, 2023)
- 100m borboleta - 49s95, Caeleb Dressel (EUA, 2021)
- 200 borboleta - 1min50s34, Kristof Milak (HUN, 2022)
- 200m medley - 1min54s00, Ryan Lochte (EUA, 2011)
- 400m medley - 4min02s50, León Marchand (FRA, 2023)
- 4x100m livre - 3min08s24 (EUA: Michael Phelps, Garrett Weber-Gale, Cullen Jones e Jason Lezak, 2008)
- 4x200m livre - 6min58s55, (EUA: Michael Phelps, Ricky Berens, David Walters e Ryan Lochte, 2009)
- 4x100m medley - 3min26s78 (EUA: Ryan Murphy, Michael Andrew, Caeleb Dressel e Zach Apple, 2021)
Feminino
- 50m livre - 23s61, Sarah Sjostrom (SUE, 2023)
- 100m livre - 51s71, Sarah Sjostrom (SUE, 2017)
- 200m livre - 1min52s23, Ariarne Titmus (AUS, 2024)*
- 400m livre - 3min55s38, Ariarne Titmus (AUS, 2023)
- 800m livre - 8min04s79, Katie Ledecky (EUA, 2016)
- 1500m livre - 15min20s48, Katie Ledecky (EUA, 2018)
- 100m costas - 57s13, Regan Smith (EUA, 2024)*
- 200m costas - 2min03s14, Kaylee McKeown (AUS, 2023)
- 100m peito - 1min04s13, Lilly King (EUA, 2017)
- 200m peito - 2min17s55, Evgeniia Chikunova (RUS, 2023)
- 100m borboleta - 55s18, Gretchen Walsh (EUA, 2024)*
- 200 borboleta - 2min01s81, Zige Liu (CHI, 2009)
- 200m medley - 2min06s12, Katinka Hosszu (HUN, 2015)
- 400m medley - 4min24s38, Summer McIntosh (CAN, 2024)*
- 4x100m livre - 3min27s96 (Austrália: Mollie O’Callaghan, Shayna Jack, Meg Harris e Emma McKeon, 2023)
- 4x200m livre - 7min37s50 (Austrália: Mollie O’Callaghan, Shayna Jack, Brianna Throssel e Ariarne Titmus, 2023)
- 4x100m medley - 3min50s40 (EUA: Regan Smith, Lilly King, Kelsi Dahlia e Simone Manuel, 2019)
Misto
- 4x100m livre - 3min18s83 (Austrália: Jack Cartwright, Kyle Chalmers, Shayna Jack e Mollie O’Callaghan, 2023)
* Ainda pendente de confirmação pela Fina