China reage às novas restrições às exportações de chips de IA

China reage às novas restrições às exportações de chips de IA

A medida provocou indignação em Pequim, críticas da indústria e alertas sobre um impacto na competitividade dos Estados Unidos

AFP
As novas regras entrarão em vigor em 120 dias

As novas regras entrarão em vigor em 120 dias

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Os Estados Unidos anunciaram, nesta segunda-feira (13), novas regras de exportação para chips avançados usados para inteligência artificial (IA), em um novo esforço do governo de Joe Biden para dificultar o acesso da China e outros rivais de Washington para estes componentes.

As restrições seguem as anunciadas em 2023 sobre a exportação de certos chips de IA para a China, que os Estados Unidos veem como um concorrente estratégico no campo de semicondutores avançados.

"Os Estados Unidos lideram o mundo em IA agora, tanto no desenvolvimento de IA quanto na fabricação de chips de IA, e é fundamental que continuemos assim", disse a secretária do Comércio, Gina Raimondo, à imprensa.

A medida provocou uma reação de indignação de Pequim, críticas da indústria e alertas sobre um impacto na competitividade dos EUA.

A China disse, nesta segunda-feira, que as novas restrições impostas pelos Estados Unidos são uma "violação flagrante" das regras do comércio internacional.

O anúncio "é outro exemplo do uso generalizado da segurança nacional e do abuso dos controles de exportação, e é uma violação flagrante das regras econômicas e comerciais internacionais", disse o Ministério do Comércio chinês em um comunicado.

O diretor-executivo da Associação da Indústria de Semicondutores, John Neuffer, disse em uma declaração: "Estamos profundamente decepcionados que uma mudança dessa magnitude e impacto esteja sendo feita poucos dias após uma transição presidencial e sem nenhuma contribuição significativa (solicitada) da indústria".

Ele acrescentou que a decisão pode causar "danos duradouros à economia dos EUA e à concorrência global" ao ceder mercados importantes aos rivais.

A gigante da indústria Nvidia disse em um blog que "disfarçadas como medida 'antiChina', essas regras não farão nada para melhorar a segurança dos EUA".

As novas regras entrarão em vigor em 120 dias, disse Raimondo, o que dará tempo ao novo governo do republicano Donald Trump para fazer mudanças pertinentes.

A nova regulamentação atualiza os controles sobre chips, exigindo autorizações especiais para sua exportação, reexportação e transferências dentro dos Estados Unidos, além de incluir uma série de exceções para países considerados aliados.

Enquanto isso, os centros de dados de IA terão que atender a parâmetros de segurança aprimorados para poder importar chips.

A China disse nesta segunda-feira que as novas restrições são uma "violação flagrante" das regras de comércio internacional.

O anúncio "é outro exemplo do uso generalizado da segurança nacional e do abuso do controle de exportação, e é uma violação flagrante das regras econômicas e comerciais internacionais", disse o Ministério do Comércio da China em um comunicado nesta segunda-feira.

Visões conflitantes

Segundo o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, as novas regras tornam "difícil para nossos concorrentes estratégicos usar o contrabando e o acesso remoto para escapar de nosso controle das exportações".

Também criam "incentivos para que nossos amigos e aliados de todo o mundo usem fornecedores confiáveis de inteligência artificial avançada", afirmou.

Mas a Associação da Indústria de Computação e Comunicações alertou que as novas regras poderiam prejudicar a capacidade das empresas americanas de enviar semicondutores avançados para centros de processamento de dados fora dos Estados Unidos.

E a Fundação para a Informação e Inovação Tecnológica (ITIF na sigla em inglês) observou que pressionar os países a escolher entre Washington e Pequim pode desestimular os parceiros dos Estados Unidos e fortalecer a posição da China no ecossistema global de IA.

"Muitos países poderiam optar pelo lado que lhes ofereça acesso ininterrupto a tecnologias de IA essenciais para seu crescimento econômico e futuro digital", opinou o vice-presidente da ITIF, Daniel Castro.

A Nvidia indicou que o primeiro governo de Trump mostrou como os Estados Unidos "vencem por meio da inovação, da competição e do compartilhamento de nossas tecnologias com o mundo, não se escondendo atrás de um muro de poder governamental".

Embora Trump tenha imposto tarifas pesadas sobre importações chinesas durante seu primeiro mandato, seus apoiadores no Vale do Silício podem ver as novas regras do governo democrata como um obstáculo desnecessário à sua capacidade de exportação.

Às 19h05 GMT (16h05 no horário de Brasília), a Nvidia caía 2,62% em Wall Street, após o anúncio oficial.

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