Em meio ao South Summit, RS enfrenta o desafio de levar a teoria para a prática

Em meio ao South Summit, RS enfrenta o desafio de levar a teoria para a prática

Evento chega hoje ao segundo dia com palestras e encontros que fomentam o ambiente de inovação, mas ainda em busca de meios reais de transformar conhecimento em investimento real

Jonathas Costa

Ambiente de inovação fomentado no South Summit ainda precisa encontrar viabilidade prática no cotidiano da economia gaúcha

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Não faltam a Porto Alegre e ao Rio Grande do Sul bons indicadores de incentivo ao ecossistema das startups. Rankings nacionais e internacionais colocam o Estado na ponta em importantes quesitos de sustentabilidade, economia, sociedade, capital humano, infraestrutura e até mesmo no aspecto político-legal.

Um relatório do Rede RS Startup apresentado ontem no South Summit Brazil, contudo, evidencia que converter todos esses indicadores em investimentos reais em solo gaúcho segue um desafio de grandes proporções. “Como fazer esses dados serem percebidos?”, questionou a professora da Fundação Dom Cabral, Kadigia Faccin. A resposta é complexa e sem uma versão única.

Gerente de Inovação do Sebrae RS, Márcio Pires apresentou em outro momento do evento dados que corroboram para ampliar o desafio: apesar de o Estado ter importantes indicadores de conhecimento acadêmico, os dados relativos aos negócios inovadores seguem baixos. “A academia precisa achar o caminho para converter conhecimento em inovação”, avalia.

Pesquisa sobre as startups gaúchas foi apresentada ontem no South Summit | Foto: Ricardo Giusti

No levantamento da Rede RS Startup, é a governança que aparece como principal gargalo a ser enfrentado. Em uma escala de 0 a 10, o indicador que apura o nível médio de governança nos diferentes ecossistemas gaúchos ficou em 6,13. Quando observado o monitoramento de resultados feito pelas startups em seus próprios negócios esse patamar cai para 5,11.

“Temos milhares de possibilidades de interpretação, mas o que quero ressaltar é que precisamos olhar os dados e pensar para onde iremos agora, o que podemos fazer para melhorar. Avaliamos que o ambiente é como se fosse um adolescente: ele é super capacitado, mas precisa de experiência. Precisamos olhar as regiões e ver como sustentar o empreendedorismo de base tecnológica nesses locais e suportar as startups em início de carreira”, sugeriu Kadigia Faccin.

Cais em obras não deve afastar South Summit

Casa do evento em Porto Alegre, o Cais Mauá foi leiloado em fevereiro deste ano para o consórcio Pulsa RS com investimentos previstos de R$ 353,3 milhões para a ampla revitalização e qualificação. Pelo contrato, há o compromisso de que a reestruturação do patrimônio histórico, incluindo os armazéns tombados e o pórtico central, além da revitalização das docas, ocorra nos primeiros cinco anos de concessão.

O início das intervenções é esperado para este ano ainda, mas não há no horizonte dos novos responsáveis pela área a intenção de comprometer a realização do South Summit no Cais. Novas edições do evento estão garantidas em Porto Alegre até, pelo menos, 2027.

Ontem, ao Correio do Povo, o vice-governador Gabriel Souza confirmou que ouviu do próprio CEO do Pulsa RS o compromisso de adequar o cronograma de obras ao evento. Ninguém quer afastar das águas do Guaíba a maré de bons negócios trazida pelo South Summit.

Cais do Porto é a cada do South Summit Brazil desde a sua primeira edição, em 2022 | Foto: Ricardo Giusti

Lady startup

É impossível falar de South Summit sem citar Maria Benjumea. Empreendedora em série, foi ela quem fundou o evento em Madri em 2012 em resposta à crise econômica que atingiu duramente a Espanha.

Sempre colorida e sorridente, já sente-se em casa por aqui e ontem novamente enrolou no pescoço as cores da bandeira do RS. Durante a cerimônia de abertura, teve revelado um de seus apelidos na europa: “lady startup”.

Maria Benjumea é a fundadora do South Summit | Foto: Ricardo Giusti

Filho de gaúchos à frente da gigante chinesa

Na mira da tributação brasileira, o mercado de e-commerce internacional tem buscado alternativas para ficar mais verde e amarelo.

A Shein, que domina o tráfego deste tipo de vendas no setor de varejo de moda no país, assumiu o compromisso de passar o índice de produtos vendidos pela plataforma com origem nacional dos atuais 55% para 85% até 2026.

Quem fez o anúncio ontem no South Summit foi o general manager da marca no Brasil, Felipe Feistler, que tem suas origens ligadas ao Rio Grande do Sul. Os pais de Feistler, que assumiu a liderança da Shein no Brasil em maio de 2022, são gaúchos.


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