South Summit: CEO do movimento Black Money, Nina Silva "enfrenta" a falta de diversidade

South Summit: CEO do movimento Black Money, Nina Silva "enfrenta" a falta de diversidade

Uma das palestras de encerramento no Arena Stage provocou público em busca de um futuro diferente na economia

Bernardo Bercht

Mulher mais disruptiva do mundo enfrentou o tema da falta de diversidade

publicidade

Um dos grandes problemas a serem enfrentados na economia do futuro foi a temática de uma das palestras de encerramento da South Summit Brazil, neste sexta-feira. A CEO do movimento Black Money, Nina Silva, enfrentou em cada minuto no palco Arena Stage a falta de diversidade nas empresas nacionais e multinacionais. "Não é um problema da South Summit, não é de Porto Alegre, é estrutural", enfatizou a empreendedora classificada como a mulher mais disruptiva do mundo no Tech Global Awards 2021.

"Temos um alicerce chamado raça que nos segmenta, exclui e prejudica economicamente", enfatizou Nina. "O outro é o patriarcado, no qual as mulheres tem o um espaço menor no mercado e nos ganhos", definiu.

Nina recordou da sua escalada no mercado para mostrar que, mesmo ao atingir cargos de gerência, não conseguiu implementar a diversidade. "Ao longo de duas décadas em grandes multinacionais nos EUA e no Brasil me deparei com ambientes hostis", comentou. "Eu não tinha pares, não tinha outras mulheres negras. Eu comecei como trainee e fui até diretora de TI. Mas eu não conseguia ter autonomia para contratar meus pares", relatou a CEO.

Ela avalia que este é um desperdício de potencial para as companhias. "No Brasil, vivemos numa estrutura que não nos coloca no melhor lugar para aproveitar os melhores talentos e realmente começar a falar em meritocracia", salientou Nina.

"Precisa quebrar os padrões e espaços de poder. É sobre isso que trato em cada palco e mesa de reunião. São 16% de mulheres em conselhos administrativos de grandes empresas", frisou a empreendedora. "O lugar do gestor ainda tem gênero e cor, um privilégio de homens brancos cisgêneros. Mulheres brancas quando atuam nesses espaços de poder, dificilmente ocupam a área de gestão", analisou Nina, antes de provocar a plateia sobre a representatividade. "Não é possível que eu esteja num palco do século 21, falando de inovação e não temos pessoas trans na sala", lamentou. "Não posso falar e atuar só no meu quintal. Onde estão as mulheres trans na tecnologia. Os homens trans pretos? Eles não estão."

"Racismo e misoginia é uma burrice econômica. É nesses tempos de interação global que a diversidade amplia a lucratividade das empresas", sublinhou a CEO. "Se for variado em gênero, temos 25% a mais de dinheiro para o acionista. Se a empresa tiver diversidade racial, 35% a mais de rendimento", apontou ela, citando estudos. "São 500 milhões de reais por ano por conta de preconceito de gênero. 800 milhões por preconceito racial."


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895