South Summit traz debate sobre urgência de mudança no sistema produtivo

South Summit traz debate sobre urgência de mudança no sistema produtivo

Exemplos de sucesso mostram que também é possível lucrar com virada de chave

Camila Pêssoa

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Adotar uma agricultura regenerativa, que não só preserve os solos e a água, como também recupere recursos naturais degradados não é uma opção, mas sim uma necessidade. Esta foi a mensagem principal trazida pelos convidados Robyn O’Brien, diretora administrativa da empresa americana de serviços financeiros focados em reverter as mudanças climáticas rePlant Capital e Gonzalo Muñoz, co-fundador da consultoria em estratégias ambientais, sociais e de governança Manuía, durante a palestra “Linking plates and plannet: Mitigation of climate change through food production”, parte da programação desta quarta-feira do South Summit, evento de inovação que ocorre até sexta-feira no Cais Embarcadero, em Porto Alegre.

Ao lembrar que as mudanças climáticas devem afetar pesadamente as gerações mais jovens, Robyn pontuou que não há mais tempo para polarizações a respeito de como devemos produzir comida, em que há vilões e mocinhos, plant based e animal based e outras dicotomias, já que o problema da escassez de água, por exemplo, vai afetar a todos. “Assim, é nossa responsabilidade construir um sistema de produção de comida que reserve água eficientemente e quando se vê essas transições para a agricultura regenerativa é exatamente sobre isso que estamos falando”, pontuou. Dessa forma, a diretora defendeu que passemos a interpretar a “grande base de dados” que é o solo para obter informações sobre infiltração de água, retenção de carbono e densidade de nutrientes e, assim, regenerá-lo.

Ao mesmo tempo, Muñoz defendeu que o sistema de produção de comida predominando no mundo “está quebrado”. “Nós estamos prejudicando o meio ambiente para produzir comida que alguns de nós nem mesmo comem, nem mesmo precisam. O que precisamos agora é de um sistema que não só possa acabar com a degradação urgentemente, que ponha um fim no desmatamento, mas que também possa regenerar” enfatizou, ao apontar, também, para a necessidade urgente de despolitizar o tópico das mudanças climáticas.

O evento também mostrou que essas mudanças podem ser acompanhadas de um aumento na lucratividade com o relato de Álvaro Dilli, diretor de Sustentabilidade da SLC Agricola, empresa que economizou R$ 40 milhões na safra de 2021/22 utilizando tecnologias, como o sensoriamento remoto, aplicação localizada de defensivos - o que reduz o uso de agroquímicos em 78%, segundo Dilli - e apontamento digital, que tornam a produção mais eficiente e sustentável. De acordo com Dilli, a empresa economiza R$ 7,00 para cada R$ 1,00 investido nessas novas tecnologias e espera economizar R$ 50 milhões nesta safra.

A empresa também gera uma receita anual de R$ 4,4 milhões com créditos advindos de certificações de produção responsável de soja, milho e algodão e de R$ 3,8 milhões com créditos por fixação de carbono, com expectativa de alcançar R$ 150 milhões com estes créditos em 30 anos.


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