Bombeiros desencadeiam novas ações e incluem banhados nas buscas pelo menino Miguel

Bombeiros desencadeiam novas ações e incluem banhados nas buscas pelo menino Miguel

Comandante Elísio Lucrécio não descarta que corpo da criança seja encontrado em outro estado

Correio do Povo

Drone auxilia na varredura à beira-mar

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O oitavo dia de buscas pelo menino Miguel chega nesta quinta-feira com o Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS) desencadeando novas ações dentro do planejamento diário de resgate. Além disso, a corporação incluiu a procura em banhados da região do Litoral Norte. 

“Uma equipe fará as buscas em torno do banhado, do lado contrário ao que a mãe diz ter feito”, explicou o coordenador das operações e comandante do Corpo de Bombeiros de Tramandaí, tenente Elísio Lucrécio. "Estamos em uma área alagadiça. Estamos fazendo uma varredura total", frisou.

Conforme Lucrécio, outras equipes seguirão as buscas pela orla. “Locais onde as águas de cheia trazem e depositam muitas sujeiras, lixos, paus, galhos, roupas velhas etc também serão novamente averiguados. Outra equipe deslocará pela orla como vem sendo feito na semana. O uso do drone ajuda muito na cobertura dos monitoramentos atrás e dentro das linhas de arrebentação”, complementou.

Segundo o tenente Elísio Lucrécio, a mobilização do 9º Batalhão de Bombeiros Militar (9º BBM) conta com a participação das unidades de Capão da Canoa e de Torres em apoio pela areia na orla. Ele não descartou que o corpo possa aparecer no litoral de outro estado, como Santa Catarina, cujo efetivo do Corpo de Bombeiros Militar de SC já foi alertado. "Queremos descartar todas as hipóteses", resumiu.

“Pescadores de cabo no mar, pescadores de rede na lagoa, populares…todos estão comprometidos nas buscas. Embarcações com a melhora do mar já começaram a navegar e isso aumenta as chances de visualizarem o corpo boiando”, afirmou o tenente Elísio Lucrécio. “Hoje praticamente todos os locais e possibilidades onde ela possa ter largado o Miguel poderão ser vasculhados”, observou, citando o emprego de viatura, drone, bote e moto aquática. “A previsão é de tempo bom. Corrente sul/norte. Mar e rio maré baixa”, constatou.

O comandante lembrou que a mãe não sabe se jogou vivo ou morto o filho no rio Tramandaí. "Se largou vivo, a criança inalou água e ela automaticamente fica mais tempo embaixo da água. A água fria também faz com que permaneça mais tempo submersa", esclareceu.

Perícia 

Nesta quarta-feira, uma equipe do Departamento de Criminalística do Instituto-Geral de Perícias percorreu o trajeto entre a residência, onde vivia a criança com a mãe e a companheira desta, e o rio Tramandaí. No último local, a suspeita afirmou que jogou o corpo do filho de sete anos nas águas. Os peritos criminais e técnicos em perícias do IGP refizeram o caminho indicado por ela em busca de vestígios.

A mala, apreendida na noite de quinta-feira passada nas margens do rio Tramandaí, será periciada. Na última terça-feira, a equipe do IGP realizou a perícia com um reagente, utilizado para identificar vestígios não visíveis de sangue, em dois endereços frequentados pelas suspeitas em Imbé.

Houve o recolhimento de objetos como roupas, cadernos e uma corrente utilizada para prender a vítima. No caderno, o menino era obrigado a escrever frases autodepreciativas e de baixo auto estima,copiando as mesmas deixadas pela mãe ou pela companheira em uma página.

“Eu sou um idiota”, “Não mereço a mamãe que tenho”, “Eu sou ladrão”, “Eu sou ruim”, “Eu sou cruel”, “Eu sou malvado”, “Eu não presto”, “Eu não sei valorizar ninguém” e "Eu sou um filho horrível" foram redigidas pela criança, que sofria tortura física e psicológica, vivendo trancada dentro de um armário.

Após a conclusão, os laudos periciais do IGP serão encaminhados para a Polícia Civil, encarregada do inquérito. A mãe do menino, de 36 anos, foi presa em flagrante na noite de quinta-feira passada e confessou que jogou o filho no rio Tramandaí. Ela está recolhida na Penitenciária Feminina de Guaíba.

Já no último domingo, a companheira da mãe da vítima, de 23 anos, teve a prisão temporária decretada. Ela foi transferida na quarta-feira para o Instituto Psiquiátrico Forense, em Porto Alegre.


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