Brasil sente primeiros efeitos de ataque cibernético em massa

Brasil sente primeiros efeitos de ataque cibernético em massa

Após relatos na Europa e nos EUA, empresas e órgãos públicos orientaram funcionários a desligar computadores

AE

publicidade

* Com informações da AFP

Após relatos de ataques cibernéticos em empresas da Europa ao longo desta sexta-feira, começam a surgir no Brasil os primeiros relatos de efeitos. Dentre as empresas afetadas estão a sede brasileira da Telefônica/Vivo, em São Paulo, além do Tribunal de Justiça de São Paulo, o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo e o Ministério Público do Estado de São Paulo. Ainda não está claro, porém, o alcance dos ataques no País.

• Ciberataque contra hospitais britânicos fez parte de "ação internacional", diz May

O Brasil é um dos 74 países afetados pelo ataque de ransomware -- quando um software malicioso é usado para "sequestrar" um computador --, segundo levantamento preliminar feito pela empresa de segurança Kaspersky. No total, já foram registrados mais de 45 mil casos dentre empresas e órgãos públicos e governamentais em todo o mundo. Nas instituições atingidas, um aviso aparece na tela dos computadores exigindo que seja paga uma quantia em bitcoins para que o sistema volte a operar. Trata-se do ataque de ransomware mais rapidamente disseminado já registrado em todo o mundo.

De acordo com fontes, os funcionários da Telefônica/Vivo foram orientados a desligar os computadores e desconectar todos os dispositivos da rede corporativa. No início da tarde, a empresa orientou os funcionários do prédio administrativo a deixarem a empresa, já que apenas um número reduzido de executivos e funcionários formariam um comitê de crise para resolver o problema. A empresa não confirma oficialmente as informações sobre a dispensa de funcionários e afirma continuar operando normalmente.

Por meio de nota, a Telefônica Espanha informou que foi detectado, na manhã desta sexta-feira, um incidente de segurança cibernética que afetou alguns computadores de colaboradores que estão na rede corporativa da empresa. "Imediatamente, foi ativado o protocolo de segurança para tais incidentes com a intenção de que os computadores voltem a funcionar o mais rápido possível", afirmou, no comunicado. A Telefônica/Vivo informou que seus serviços não foram afetados pelo ataque e que dados dos clientes continuam seguros.

Já no Tribunal de Justiça de São Paulo, segundo relatos de fontes, uma tela com o ataque de sequestro de computadores apareceu em alguns computadores exigindo pagamento para liberação dos arquivos da máquina -- o chamado ataque de ransomware. O Tribunal de Justiça de São Paulo informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que pediu para os funcionários desligarem os computadores. O site do Tribunal de Justiça de São Paulo está fora do ar, assim como os sites do Ministério Público de São Paulo e do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.

Procurada, a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), órgão responsável por prestar serviços de TI para órgãos do governo estadual, não confirma os ataques, mas orientou os funcionários a desligarem os computadores.

Precauções 

Em âmbito federal, o Serpro, empresa de TI que presta serviços para o governo federal, informou que não registrou nenhum tipo de ataque à sua rede nesta sexta-feira, mas que já acionou um plano de contingência para evitar problemas.

Por enquanto, não houve nenhum ataque a pessoas físicas, mas saiba o que fazer se quiser se proteger de ataques e invasões.

Ataque mundial

O ataque foi lançado mediante um vírus 'ransomware', que afeta os "sistemas Windows, cifrando todos os seus arquivos e os das unidades de rede às quais estiverem conectados", segundo o Centro Criptológico Nacional (CCN) espanhol, divisão dos serviços de Inteligência encarregada da segurança de tecnologias de informação.

No caso dos hospitais britânicos, o ataque forçou o desvio de ambulâncias, a suspensão de consultas de rotina e, inclusive, a alteração de cirurgias, segundo informou uma testemunha à AFP.

"Certas organizações do NHS informaram à NHS Digital que foram afetadas por um ataque informático", anunciou o Serviço Nacional de Saúde (NHS, em inglês).

Um porta-voz do hospital Saint Bartholomew de Londres disse que estava sofrendo de problemas informáticos graves e atrasos em seus quatro estabelecimentos.

"Lamentamos ter que cancelar consultas de rotina", acrescentou o porta-voz, informando que tinham desviado suas ambulâncias a outros estabelecimentos.

O Centro Nacional de Cibersegurança britânico estava assistindo na investigação do incidente, aparentemente provocado pela transmissão de um vírus chamado Wanna Decryptor, afirmou.

Praticamente na mesma hora, várias companhias espanholas, entre elas o gigante das telecomunicações, Telefónica, foram alvo de um ciberataque com um vírus do mesmo tipo que o britânico.

"O ataque afetou pontualmente equipamentos informáticos de trabalhadores de várias companhias. No entanto, não afeta nem a prestação de serviços, nem a operação de redes, nem o usuário destes serviços", informou o ministério em um comunicado publicado em Madri.

O ciberataque "não compromete a segurança dos dados, nem se trata de um vazamento de dados", insistiu o Ministério da Energia, que também se encarrega de questões digitais.

O 'ransomware' é um pequeno programa informático, que costuma esconder-se em um arquivo de aparência inofensiva. Assim que é infectado, o usuário não consegue acessar seus arquivos enquanto não pagar um resgate.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895