“Ônibus ficou sem base, quase em voo”, relata professora que sobreviveu ao acidente em Imigrante

“Ônibus ficou sem base, quase em voo”, relata professora que sobreviveu ao acidente em Imigrante

Coordenadora do curso de paisagismo da UFSM, Denise Estivalete Cunha acredita que sobreviveu por estar na parte dianteira do veículo

Guilherme Sperafico
Acidente com ônibus da UFSM deixou sete mortos e 26 feridos na manhã de sexta-feira

Acidente com ônibus da UFSM deixou sete mortos e 26 feridos na manhã de sexta-feira

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“Só me recordo da alta velocidade e o ônibus ficou sem base, quase em voo por cima das coisas”. O relato é de Denise Estivalete Cunha, de 33 anos, professora e coordenadora do curso técnico em paisagismo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ela é uma das sobreviventes do acidente ocorrido na manhã de sexta-feira, 4, em Imigrante, no Vale do Taquari, que deixou sete mortos e 26 feridos.

O grupo, formado por estudantes e professores, seguia em excursão para uma visita técnica ao Cactário Horst, quando o ônibus perdeu o controle na chamada Descida da Berlim, região de curva acentuada e forte declive. Segundo a Polícia Civil, o motorista afirmou que ficou sem freio e tentou sair da pista ao avistar um terreno plano, mas o veículo despencou em um barranco de cerca de 40 metros.

Em entrevista concedida ao jornalista Emílio Rotta, assessor de imprensa do Hospital Bruno Born, em Lajeado, onde está internada, Denise lembra de ter levantado para orientar os alunos, quando sentiu o ônibus acelerar de forma repentina. “Começou a ficar em alta velocidade, os alunos gritavam para colocar o cinto. Eu sempre uso, mas acho que naquele momento eu estava de pé, tentando organizar a entrada, e só depois sentei”, relata.

A professora acredita que sobreviveu por estar na parte dianteira do veículo, que bateu com os pneus no chão antes de capotar. Após o impacto, a professora perdeu parte da memória. “Não sei quem me tirou de lá, quem me carregou. Só lembro de estar indo para uma van branca, como se fosse escolar, com uma tipóia improvisada no braço e muito sangue no rosto”, conta.

Ao ver o próprio reflexo no espelho retrovisor, conta que levou um susto. “Me apavorei, mas me diziam: ‘não foi nada, tu estás viva’, e o resto ficou. Na hora eu não entendia se ficaram feridos ou se ficaram pra trás”, detalha.

Internada no Hospital Bruno Born, em Lajeado, Denise recebeu atendimento de urgência e passou por sutura no rosto, feita por um cirurgião plástico. Ela também elogiou o atendimento recebido nas duas unidades.

Conforme a coordenadora, ela ajudou, inclusive, a esclarecer a quantidade exata de passageiros. “Falaram que eram mais de 40, mas eu tinha feito a chamada e sabia que éramos 32 alunos e um motorista. Passei essa informação já no segundo hospital (Bruno Born)”, relata.

Com a voz embargada, Denise relembra o momento em que pensou no filho. “Tenho um guri de três anos. Só pensava em ver ele de novo. Foi muito triste”, diz. Ainda em recuperação, ela se diz grata por estar viva, mas sente o peso do trauma. “A ficha ainda não caiu”, completa.

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