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A um mês da COP30, Fórum Gaúcho de Mudanças Climáticas discute perspectivas para Belém e o futuro do Pampa

Evento propõe reunir propostas de adaptação do estado e levar à Belém, além de elaborar a Carta do Bioma

Evento ocorre até o final desta quinta-feira na sede da Fiergs
Evento ocorre até o final desta quinta-feira na sede da Fiergs Foto : Camila Cunha

A um mês da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorre em Belém, autoridades do setor privado, academia e sociedade civil reúnem-se para discussão e proposição de ações governamentais voltadas à mitigação e adaptação às mudanças climáticas na 12ª edição do Fórum Gaúcho de Mudanças Climáticas (FGMC), principalmente como preparação à Conferência, que terá participação do RS em comitiva. O encontro, organizado pela Assessoria do Clima da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), ocorre até o final desta quinta-feira na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto Alegre.

A secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, lembrou que as últimas reuniões do fórum pincelavam a conferência, mas que, agora, o momento é de propor o que o Estado levará à Belém e uma espécie de prestação de contas, com relatórios de eventos participados pelos setores voltados ao clima do RS. “É um momento de aprendizagem coletiva, mas este fórum em especial vai ter projetos maduros na secretaria e no governo do Estado com a questão climática”, afirmou. Para a titular da pasta, com o programa, os municípios irão revisitar seus planos de contingência e adaptação para maior preparação às mudanças climáticas.

No fórum, também ocorre a Conferência do Bioma Pampa, dedicada a aprofundar o conhecimento do tem e o uso das regulamentações do bioma no Brasil, com a presença de pesquisadores da Argentina e do Uruguai. Ainda, será elaborada a Carta do Bioma, documento que consolida propostas de fortalecimento da governança climática subnacional e pontos sobre o papel do Rio Grande do Sul na agenda ambiental. “Somos o único estado brasileiro que tem o bioma Pampa, e vamos fazer discussões sobre esse tema em diferentes pontos de vista. Vamos abrir uma consulta pública para recepcionar as proposições do que deve estar na carta e encaminhar através dos governadores pelo clima”, diz Kauffmann.

O Rio Grande do Sul terá sua participação em comitiva organizada pelo governo do Estado. A participação dos painéis ainda está sendo aprovada, mas pelo menos três já estão confirmados. Segundo a secretária, eles deverão tratar, principalmente, das ações de reconstrução adaptadas a um estado que passou por uma tragédia climática. "Vamos falar, neste ano, da reconstrução adaptada que estamos promovendo no Estado, da nossa maturidade na revisão do inventário de emissões de gases e, também, nas cadeias de descarbonização, que foram trabalhos apresentados na Expointer e que estamos consolidando para na COP, mais uma vez, demonstrar o quanto que o Rio Grande do Sul está comprometido com essa pauta, e isso também não impede dele sofrer as ações climáticas", afirma.

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Representante da presidência da COP30, Luciana Abade Silveira pontuou, na abertura do evento, que a primeira vez haverá uma COP na floresta, uma escolha estratégica para mostrar o quanto a floresta é importante para a discussão climática. Também destacou a importância das reuniões prévias entre os estados para debater ações locais. "Os estados são fundamentais para que o Brasil atinja a sua meta climática. As ações locais são imprescindíveis. O Rio Grande do Sul viveu na pele o drama do que é essa emergência climática, então a gente precisa discutir a adaptação. Um dos pontos principais da COP é a agenda de adaptação e da implementação. Porque muito já foi discutido. Todo mundo já sabe o que tem que fazer, tá tudo posto. Agora a gente tem que precisa e da ação", diz.

Inamara Mélo, diretora de Políticas Públicas para Adaptação e Resiliência à Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente (MMA), afirmou que o Plano Nacional de Mudança do Clima, o Plano Clima tem uma meta ousada de reduzir, até 2035, entre 59 e 67% das emissões, mas que isso exige a participação de estados e municípios. Também salientou a importância de organizar uma agenda de adaptação à mudança climática em um momento que avança a agenda do federalismo climático. "Este aqui é mais um momento importante de estabelecermos compromissos e propostas que venham a se tornar agendas e medidas efetivas no enfrentamento da mudança climática. Se, por um lado, nós estamos assistindo ao aumento da frequência, da magnitude, e da intensificação dos eventos extremos, é verdade também que precisamos aproveitar o momento de oportunidades para o avanço dessa agenda", diz.

O Conselho de Meio Ambiente da Fiergs participou de todas as edições do fórum, trazendo o papel da indústria dentro da mitigação permanente dos efeitos climáticos, conta o coordenador do conselho e diretor do Sistema Fiergs, Guilherme Portella. É muito relevante para Fiergs receber o Fórum. É simbólico a gente realizar dentro dessa casa que foi toda reformada por conta da enchente. A indústria é uma parte muito importante nesse processo. Entendemos que devemos liderar diversas ações junto com o governo do Estado e todos os os partícipes. É um ato decorrente do impacto das mudanças climáticas”, afirmou.