“Ainda está tudo muito melancólico”, relata moradora do Quarto Distrito
Moradores e comerciantes buscam retomada no bairro, enquanto algumas ruas ainda estão na etapa de limpeza

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Bairro que concentra diversas empresas e que foi um dos mais atingidos pelas enchentes na Capital, o Quarto Distrito enfrenta realidades distintas ao longo do seu território. Enquanto alguns pontos já começam a retomar as atividades e tentar ter um ar de normalidade, outros locais ainda estão passando pelos trabalhos de limpeza.
A segunda-feira foi de recolhimento de entulhos que interrompiam parte da rua Moura Azevedo. Enquanto as retroescavadeiras se esforçavam para compactar os detritos e colocá-los nos caminhões que faziam o recolhimento, equipes trabalhavam para varrer e recolher o que restava, além de retirar o excesso de terras e o lodo deixado por semanas de alagamento.
Na rua Álvaro Chaves, comerciantes ainda faziam a limpeza de materiais e equipamentos que ficaram cobertos pela água. Tinha, ainda, aqueles que precisaram reforçar estruturas de decks e concluir a limpeza do interior dos estabelecimentos.
Na mesma rua, a moradora e empreendedora Maria Teresinha Strassburger conciliava a limpeza do porão de sua casa que ficou totalmente alagado, com a entrega de produtos gráficos, com que ela trabalha. O local atingido, na parte de baixo de sua casa, armazenava máquinas de sua gráfica, que já não estava mais em atividade, mas que eram guardadas para serem vendidas. “O maquinário não estava operando, desde que eu fechei o negócio e trouxe elas para cá, mas deu perda total, assim como o nosso carro. A água subiu muito rápido e não deu tempo de sair e nem de retirar nada”, conta.
Durante o início das enchentes, ao perceber o aumento do nível da água, ela e a família saíram de casa para se abrigar em um prédio vizinho. Como as águas continuaram subindo, todos precisaram ser resgatados.
A dramática situação vivida por ela resultou em um trauma que, a cada novo episódio de chuva, volta a atormentar a moradora. “Retornamos para casa há duas semanas, mas ainda está tudo muito melancólico. O pior é a cabeça e a falta de ânimo. Começa a chuvarada e eu não consigo ficar tranquila. No sábado, a água da chuva subiu até a calçada e não dormi a noite toda”, afirma Maria Terezinha.