Após a enchente, empresa de tecnologia deixará de operar em Porto Alegre

Após a enchente, empresa de tecnologia deixará de operar em Porto Alegre

Empresa funcionava no bairro São Geraldo, que foi fortemente afetado pelas chuvas

Paula Maia
Em meio ao caos, até a operação começar na nova unidade, a empresa adotou medidas emergenciais, como a transferência de parte da produção para Gravataí

Em meio ao caos, até a operação começar na nova unidade, a empresa adotou medidas emergenciais, como a transferência de parte da produção para Gravataí

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Uma empresa de tecnologia, localizada no bairro São Geraldo em Porto Alegre, está de malas prontas para deixar a Capital. Depois de sete anos lutando contra alagamentos, a enchente que submergiu a empresa em dois metros de água foi o estopim para a decisão de se mudar para Cachoeirinha, onde a produção está prevista para começar em 60 dias.

Um dos sócios, Valtuir Caetano, contou que os impactos da enchente foram devastadores. Ele considerou ineficaz as medidas preventivas e a falta de manutenção em infraestruturas críticas. Os prejuízos são estimados em R$ 2 milhões.

"Estamos aqui há sete anos e, desde a primeira semana, enfrentamos alagamentos. Desenvolvemos um sistema de comportas na entrada da empresa, mas nunca imaginamos que a água atingiria dois metros de altura", explicou o empresário.

A enchente causou danos irreparáveis a equipamentos de informática, muitos dos quais estavam prontos para entrega, incluindo um lote de 150 produtos destinados a uma grande rede varejista. Caetano destacou que a situação foi agravada pela inoperância das bombas de escoamento, responsáveis por retirar a água da área. "Se a bomba estivesse operando em plena capacidade, provavelmente a tragédia não teria alcançado essa magnitude", lamentou.

Em meio ao caos, até a operação começar na nova unidade, a empresa adotou medidas emergenciais, como a transferência de parte da produção para Gravataí, a fim de garantir a continuidade dos serviços para os clientes. A produção caiu em 90%.O empresário expressou frustração com a falta de ação das autoridades: "O governo e o município sabiam do risco, mas não tomaram as medidas necessárias para prevenir essa tragédia".

A empresa também enfrenta o desafio de descartar equipamentos danificados pela água contaminada, que começaram a enferrujar. "Prezamos pela qualidade dos nossos produtos e não podemos reutilizar componentes danificados. Prefiro descartá-los para manter a integridade do nosso nome no mercado", explicou o empresário.

Empresário Valtuir Caetano, da Shaelter Tecnologia, na Av Pátria, bairro São Geraldo em POA | Foto: Ricardo Giusti

Nesta manhã de quinta-feira, o trabalho de limpeza em frente à empresa foi redobrado. Após a chuva de ontem, pilhas de resíduos se desfizeram, espalhando lixo pelas vias. "É revoltante saber que a nossa rua foi negligenciada enquanto outras receberam atenção", ressaltou, destacando que a limpeza das ruas é uma questão de saúde pública.

"É uma situação inaceitável. Estamos lidando com água contaminada e isso coloca em risco a saúde de todos que trabalham aqui", concluiu.

De acordo com o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), a força-tarefa após a enchente chegou a 19 locais nesta quinta-feira. Desde 6 de maio, quando o trabalho começou nos pontos de resgate, até a noite de quarta-feira, 19, foram retiradas 74.222 toneladas de resíduos das ruas, como restos de móveis estragados, raspagem de lodo acumulado e lixo de varrição.
O DMLU também informou que a lavagem por hidrojateamento ocorre em oito vias nesta quinta-feira. E o bairro São Geraldo, assim como Menino Deus, Navegantes e Centro Histórico estão na lista.


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