Após alagamentos na madrugada, moradores do Extremo Sul da capital temem novas inundações
Pontos dos bairros Ponta Grossa e Hípica registraram inundação na madrugada desta quinta-feira

publicidade
Acima da cota de alerta, mas abaixo da cota de inundação, a elevação do Guaíba começa a preocupar moradores da zona Sul e Extremo Sul de Porto Alegre. Muitos pontos já registraram alagamentos entre a noite de quarta-feira e a madrugada desta quinta-feira. Mesmo com a redução da água no início da manhã, a chegada do vento Sul já reflete no aumento das ondas do Guaíba.
No Lami, toda a faixa de areia já foi coberta pela água, que está já em baixo da guarita de salva-vidas. O Guaíba em cheia contrasta com o cenário de destruição das casas e bares que ficavam de frente para a praia. O vento Sul era forte no local. Todo o trecho de churrasqueiras e campo de futebol na orla do Lami estavam em baixo da água no início da tarde.
No Belém Novo, o nível do Guaíba já atingia as churrasqueiras da orla, ficando a poucos metros da avenida Beira Rio. Além disso, a marca de terra molhada na parte mais alta da orla indica que o nível do Guaíba esteve ainda maior durante a noite de quarta-feira e a madrugada desta quinta.
Em Ipanema, o Guaíba já cobre grande parte da faixa de areia da praia. As ondas estão mais intensas em alguns pontos da orla. Ainda há muito resquício de sujeira da enchente histórica de maio. Mesmo com a cheia, muitos moradores da região aproveitaram o tempo ameno para praticarem atividades físicas pela orla de Ipanema. No Guarujá, algumas ruas ainda apresentavam pontos de alagamento em função da água que ficou sobre a pista e não conseguiu escoar.
Áreas da Hípica e Ponta Grossa já alagaram
Um dos pontos do Extremo Sul que já registraram alagamentos ficam nas proximidades do arroio do Salso, que divide os bairros da Hípica com a Ponta Grossa. Na rua Evaldo Queiroz de Figueredo, próximo ao Túnel Verde, a maioria dos moradores já não está mais pelas casas. Os que decidiram voltar, precisam tomar medidas para evitar que a água cause mais estragos.
Muitos utilizam de alternativas como sacos de areia ou garrafas de plástico para tapar os vãos da porta. Um destes casos é o de Débora Teixeira. Além de criar uma contenção para evitar a água, ela também ergueu os móveis. Segundo ela, a água do arroio ficou a poucos centímetros de entrar na sua casa nesta madrugada.
Além disso, ela cita que o acúmulo de lixo que a correnteza levou para a rua na enchente de maio ajuda o arroio a represar e alagar na rua. “Essa água não está escoando porque tem muito lixo ainda. Essa água está parada há vários dias. Nessa madrugada faltou uma lâmina para alagar tudo dentro de casa. E se voltar a chover, o arroio sobe muito rápido”, alertou a moradora.
Do outro lado do arroio do Salso, na rua Dorival Castilhos Machado, na Hípica, a moradora Altair Miranda conta que a água ficou a cerca de 10 centímetros para entrar no primeiro pavimento da sua casa, que é mais elevada. Diferente de Débora, que mora com o arroio como vizinho, Altair reside em um ponto distante cerca de 300 metros do leito.
“Logo que a água começa a chegar perto de casa, a gente já ergue todos os móveis. A rua ficou toda coberta de água nesta madrugada. Eu moro aqui há 40 anos e nunca tinha vivido enchentes de entrar água dentro de casa. Muitos vizinhos já estão colocando os imóveis à venda e saindo daqui”, falou.