Após ameaças, eleição da Câmara de Cachoeirinha terá forte esquema de segurança

Após ameaças, eleição da Câmara de Cachoeirinha terá forte esquema de segurança

Vereadores procuraram MP para fazer denúncias após sessão de terça

Fernanda Bassôa

Vereadores procuraram MP para denunciar ameaças a parlamentares e familiares

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A eleição Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Cachoeirinha deve acontecer nesta sexta, às 19h. O pleito deveria ter ocorrido na última terça-feira, mas foi “boicotado” pela chapa do governo, conforme relatam os vereadores da oposição. A sessão, marcada por ameaças, troca de insultos e até mesmo invasão de um membro do Executivo no plenário, foi denunciada por oito parlamentares ao Ministério Público na quarta-feira. Ainda na terça, um pouco antes do início dos trabalhos, um vereador teve um princípio de enfarte e precisou ser levado ao hospital. Ele teve familiares ameaçados e estaria sendo pressionado a mudar seu voto. A votação da Mesa Diretora não aconteceu por falta de quórum. Para a sessão desta sexta-feira, espera-se forte aparato policial visando a integridade física dos parlamentares, servidores e de seus parentes.

Vereador da oposição, que esteve presente no MP, Marco Barbosa disse que está em seu terceiro mandato e nunca passou por uma situação dessas. “Temos uma chapa devidamente registrada. Chegou na hora da sessão, na terça, parlamenteares articulados com o governo não compareceram e a votação da mesa não pode acontecer. Um vereador foi ameaçado e também teve invasão de plenário. Familiares estão sendo ameaçados de morte caso não se vote na chapa apoiada pelo governo. É inadmissível uma situação dessas! Por isso procuramos o Ministério Público.”  Segundo ele, além de registro na Polícia Civil, também foram entregues no MP um pen drive com imagens da sessão de terça. “Estão burlando nosso regimento. Só queremos que seja cumprido o processo. Pessoas estão sendo amedrontadas. Está errado.”

O vereador Edson Cordeiro afirmou que fez um registro de ocorrência, na manhã de quinta-feira, por ameaça, e entregou cópia do documento na Promotoria da cidade. “Na terça-feira, com casa lotada, quando vereadores da chapa contrária perceberam que perderiam, esvaziaram o plenário, prejudicando a votação.” Cordeiro disse que é bem provável que as duas CPIs que estão tramitando na casa (dos controladores semafóricos e a contratação de empresa de limpeza) tenham motivado ainda mais a troca de insultos e a insegurança da base do governo dentro da casa. “Nesta sexta não poderá se permitir nenhum tipo de ilegalidade.”

Candidato da chapa governista, o vereador Felisberto Xavier explicou que quando foram informados que o colega havia passado mal e não sabendo a gravidade do quadro de saúde, se reuniram para saber o que fazer. “Foi quando, inesperadamente, o secretário deu início à sessão. Sem quórum. Nos sentimos desrespeitados e não demos quórum para o seguimento dos trabalhos.” Com relação as ameaças, ele desconhece. “Acredito que quem seja alvo de ameaças deva procurar a Polícia e pedir que seja investigado, identificado e punidos mediante as Lei Brasileira, independente de cargo, função, sexo, idade ou partido.”

A Promotoria de Justiça de Cachoeirinha informou, em nota, que "foi registrada a Notícia de Fato nº 01504.000.565/2019 e que está aguardando a juntada de documentos. A partir do que for juntado, será analisada a necessidade de outras diligências e eventuais inquirições de pessoas. O crime narrado foi de ameaça, ainda com autoria indeterminada. Trata-se de delito de menor potencial ofensivo, a ser apurado no Juizado Especial Criminal."

A Prefeitura de Cachoeirinha também emitiu nota e disse que respeita a autonomia da Câmara de Vereadores. O texto ainda pondera que “eventuais conflitos pessoais devem ser respondidos pelos envolvidos. As ameaças que estão sendo alegadas precisam ser formalizadas e apuradas pelas autoridades competentes. O Executivo continuará defendendo internamente seus projetos de gestão por meio dos vereadores da base. E espera que questões políticas e pessoais não criem obstáculos ao andamento do mandato e da própria cidade.” 


Correio do Povo
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