Após enchente, valores dos alugueis aumentam em Porto Alegre

Após enchente, valores dos alugueis aumentam em Porto Alegre

Com o mercado aquecido, a procura é por imóveis mobiliados em regiões que não sofreram alagamentos

Correio do Povo
Os valores de alugueis tiveram um aumento em torno de 10%, ainda na última semana de maio

Os valores de alugueis tiveram um aumento em torno de 10%, ainda na última semana de maio

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Matheus Liedke morava com a sua mãe e avó no bairro São Geraldo, em Porto Alegre, quando a sua casa foi atingida pela enchente de maio. Passado mais de dois meses, a família ainda não sabe se o local é seguro para um retorno. Ele foi morar em um Coliving – um conceito de moradia compartilhada – no bairro Bom Fim, e sua mãe e avó estão na casa de um tio, no bairro Humaitá, que não teve a sua casa atingida, apesar da água ter chegado na entrada do condomínio.

“A nossa casa ainda está ‘secando’ e estamos fazendo vistorias para avaliar se é seguro voltar para casa ou não, porque a estrutura parece bem comprometida por conta da umidade e do tempo, mas a ideia é conseguir reformar para elas voltarem”, disse revelando que pretende ficar no Coliving por dois anos e depois alugar um apartamento em outro bairro que não tenha risco de alagar.

O medo de uma nova enchente é presente na vida do coordenador de redes sociais, ele afirma que não só pelo evento climático ter atingido a sua casa, “mas por todo o sentimento de impotência e frustração vendo a cidade e o Estado inteiro nessa situação”, ele afirma que se sente extremamente vulnerável e que não pretende mais morar no térreo ou casa, nem perto do Guaíba.

Esse caso é um exemplo do mercado imobiliário aquecido após a enchente. De acordo com o gerente de vendas de uma imobiliária, Marcelo Gonçalves os valores de alugueis tiveram um aumento em torno de 10%, ainda na última semana de maio.

De acordo com Gonçalves, houve um aumento significativo na procura por imóveis na região da sua loja, localizada na avenida Ipiranga, uma área não atingida pela enchente. “Praticamente todos os imóveis na região foram locados”, afirma destacando que o aumento na procura elevou os preços, principalmente por imóveis mobiliados, e citou como exemplo a procura em bairros como Santana, Petrópolis e Santa Cecilia. “Acho que até o final do ano os preços devem permanecer em um patamar mais alto”, observa.

O economista e professor da Fundação Getúlio Vargas Alberto Ajzental considera que o aumento na procura por imóveis também vai refletir em outras cidades. “Uma parte das famílias quer sair de onde morava e vai procurar outras cidades”, ressalta afirmando que uma terceira onda de inflação vai afetar o setor de materiais e construção. “Você vai ter uma enorme demanda tanto por mão de obra quanto por produtos relacionados a manutenção, conserto, reforma e novas construções”, conclui.


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