Após as enchentes no Estado, os municípios gaúchos ainda estão contabilizando prejuízos. Ao todo, 359 planos de trabalho foram aprovados pelo Governo Federal. Os projetos contemplam ações humanitárias até obras de reconstrução. Um mesmo município pode enviar vários projetos de trabalho conforme necessidade.
Segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) publicado nesta quarta-feira, com base em dados extraídos do sistema federal do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), até o momento, apenas 130 prefeituras informaram publicamente os valores de prejuízos públicos e privados causados pelas enchentes.
O total destes prejuízos informados é de R$ 11 bilhões. Os valores são parciais e estão sendo alterados diariamente pelos gestores municipais.
Uma das cidades atingidas é Arroio do Tigre, no Vale do Rio Jacuí, região fortemente impactada por enchentes. Lá foram destruídas pelo menos 26 estruturas de pontes, pontilhões e bueiros, além de vias da zona rural e trechos de calçamento na cidade. Ao todo, a prefeitura estimou mais de R$ 56 milhões em prejuízos, incluindo danos em: pontes e bueiros, agricultura, comércio, calçamentos, escolas e habitações.
Segundo o prefeito de Arroio do Tigre, Marciano Ravanello, a prefeitura ainda está em fase de elaboração dos planos de trabalho para envio ao Governo Federal, em especial para reconstrução de estradas e pontes, que demandarão em torno de R$ 32 milhões. “Estamos fazendo levantamentos e estamos enviando, tanto para o Governo do Estado como para o Governo Federal”, afirmou Ravanello.
Ainda de acordo com levantamento da CNM, do total de R$ 11 bilhões comunicados pelos municípios, R$ 2,5 bilhões são no setor público e R$ 3,9 bilhões no setor privado. A maioria dos prejuízos, por enquanto, referem-se ao setor habitacional, com R$ 4,6 bilhões. Conforme estas informações preliminares, o impacto habitacional é de 100,5 mil residências danificadas e 9,2 mil completamente destruídas.
Em muitas regiões mais afetadas por inundações, como em Novo Hamburgo, no Vale dos Sinos, análises estruturais ainda estão sendo feitas.
“No bairro Santo Afonso, estamos empenhados em fazer uma ampla análise estrutural do dique junto ao Rio dos Sinos. Existe a possibilidade de a estrutura ter sido comprometida com as cheias. Um especialista fará essa avaliação”, disse em nota a prefeita Fátima Daudt.
Ainda de acordo com a prefeitura de Novo Hamburgo, há cerca de um mês a prefeita apresentou um plano de trabalho ao Governo Federal, de R$ 8,5 milhões, com medidas emergenciais relacionadas à drenagem das águas represadas no bairro Santo Afonso. O plano inclui a contratação de bombas flutuantes, geradores, combustíveis e tubos de polietileno para escoar a água sobre o dique até o rio.
Além disso, o município pediu R$ 9 milhões para obras na Casa de Bombas, inundada com a enchente. Ambos os projetos do município seguem em análise.
O ministro do MIDR, Waldez Góes, afirmou nesta segunda-feira que o foco atual da pasta é o escoamento da água das chuvas e a limpeza pública das cidades atingidas. “Já iniciamos uma força-tarefa sobre reconstrução, considerando que já temos 40 planos em análise para que a gente, ainda esta semana, possa anunciar os valores e os municípios já que solicitaram o plano de reconstrução”, comunicou.
- Conforme a prefeita Fátima Daudt, obras definitivas em todo o sistema de contenção de cheias do Rio dos Sinos também serão necessárias a médio e longo prazo.
Principais setores públicos afetados no Estado, conforme levantamento da CNM:
- Danos materiais (instalações públicas como escolas, hospitais, prefeituras, prédios de serviços públicos, instalações de usos comunitários, etc.): R$ 431,2 milhões em prejuízos;
- Obras de infraestrutura (pontes, calçamento, asfaltamento de ruas e avenidas, viadutos, sistemas de drenagens urbanas etc.): R$ 1,7 bilhão em prejuízos;
- Sistema de transportes: R$ 106,8 milhões em prejuízos;
- Assistência médica emergencial: R$ 14,7 milhões em prejuízos;
- Sistema de esgotamento sanitário: R$ 21,4 milhões em prejuízos;
- Limpeza urbana e remoção de escombros (recolhimento e destinação): R$ 39,4 milhões em prejuízos;
- Geração e distribuição de energia elétrica: R$ 5,3 milhões em prejuízos;
- Sistema de ensino: R$ 84,3 milhões em prejuízos;
- Abastecimento de água: R$ 14,2 milhões em prejuízos;
- Sistema de controle de pragas e vetores (desinfestação e desinfecção): R$ 1,8 milhões em prejuízos;
- Distribuição de combustíveis: R$ 1,7 milhões em prejuízos;
- Segurança Pública: R$ 2,3 milhões em prejuízos;
- Telecomunicações: R$ 1,1 milhão em prejuízos.
Prejuízos por setor:
- Agricultura: R$ 3,1 bilhões em prejuízos;
- Pecuária: R$ 272,4 milhões em prejuízos;
- Indústria: R$ 267 milhões em prejuízos;
- Comércios locais: R$ 131,4 milhões em prejuízos;
- Demais serviços: R$ 88,1 milhões em prejuízos.