Balsa de 77 metros encalhada em plantação de arroz causa prejuízo milionário a agricultor em Triunfo

Balsa de 77 metros encalhada em plantação de arroz causa prejuízo milionário a agricultor em Triunfo

Impasse impede retirada de embarcação trazida pelas enchentes em maio

Felipe Faleiro

Um navio arrastado pelas águas da enchente foi parar, em maio, numa propriedade rural em Triunfo. A embarcação bloqueia a irrigação da plantação de arroz de Edson Saccon

publicidade

Um gigante de aço está encalhado no canal da propriedade do produtor rural Edson Saccon, na localidade do Passo Raso, em Triunfo, na Região Metropolitana. A embarcação Hernave II, de 77 metros de comprimento, foi transportada pelas enchentes, ainda no começo de maio, a partir do rio Jacuí, de onde a água é coletada por duas bombas para ser utilizada na plantação de arroz da fazenda, de cerca de 400 hectares. De lá para cá, o impasse sobre a responsabilidade da retirada da balsa do local traz preocupação e perdas cada dia maiores na lavoura da família do agricultor.

Saccon estima o prejuízo imediato em R$ 10 milhões, principalmente porque precisou desativar um dos equipamentos. “Vieram alguns navios rebocadores, tentaram puxar por este canal, mas desistiram. Chegou no final (do canal) e trancou. Uns três dias depois, o rio subiu mais uma vez e colocou ele de volta aqui. Seria mais fácil se tivessem tentado pelo caminho do vizinho, que é maior”, contou o produtor rural. No começo de maio, ele contou não ter estado em Triunfo, mas havia ido a Florianópolis para um procedimento médico.

Lá, acabou ficando por 30 dias, por não conseguir retornar por conta das cheias. Quando voltou, localizou o navio estacionado a cerca de 500 metros de onde está parado atualmente. “Se não passa água, não consigo plantar”, lamenta ele. O prejuízo pode ser ainda maior, já que somente a enchente destruiu metade de sua plantação, fazendo com que ele perdesse mais R$ 4 milhões, afirma Saccon, estimando que a água subiu a seis metros acima do normal no local, no auge das cheias. Já o canal em questão tem cerca de dois metros de profundidade, sendo, na visão dele, inviável a retirada desta embarcação sem outras de apoio.

O empresário Daniel Feliciani, da Fênix Gestão de Passivos, que está auxiliando Saccon na questão, disse que pretendia notificar os proprietários do navio e de um estaleiro próximo, onde a embarcação estava ancorada, para proceder com a remoção. “Podemos dar um prazo de quatro dias úteis para o início da operação. Depois, se não houver (a retirada), vamos acionar judicialmente”, afirmou ele, acrescentando que tentou uma reunião com ambos na quarta-feira, porém não foi atendido. A reportagem contatou ambos para obter um posicionamento, mas não houve resposta.

Ainda conforme Feliciani, foram também contatados a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), a Prefeitura de Triunfo, a Marinha do Brasil, o Ibama e inclusive a Agência Nacional do Petróleo (ANP) para obter orientações, ainda que, em tese, o navio, por ora relativamente escondido na mata que margeia o canal, esteja vazio. Procurada, a Fepam disse ter recebido a denúncia e abrirá um processo para apurar detalhes. “Após a apuração, a Fepam vai notificar o empreendedor, caso haja irregularidades”, salientou o órgão estadual. A Marinha não respondeu até o fechamento deste material e os demais não foram localizados.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895