Câmara de Santa Cruz do Sul cassa mandato de terceiro vereador em menos de três meses

Câmara de Santa Cruz do Sul cassa mandato de terceiro vereador em menos de três meses

André Scheibler (PSD) foi afastado por improbidade administrativa e quebra de decoro parlamentar

Otto Tesche

publicidade

A Câmara de Santa Cruz do Sul decidiu na manhã desta quinta-feira cassar, por 16 votos favoráveis e uma abstenção, o mandato do vereador André Scheibler (PSD) por improbidade administrativa e quebra de decoro parlamentar. Ele foi alvo da Operação Feudalismo, do Ministério Público, e é o terceiro parlamentar a perder o mandato em menos de três meses e ficará inelegível até 2028. Scheibler estava afastado do Legislativo pela Justiça desde maio, enquanto se desenvolveram os trabalhos da Comissão Parlamentar Processante (CPP), instalada a partir de um pedido do vereador Gerson Luís Trevisan (PSDB), que se baseou num inquérito do Ministério Público.

Scheibler responde a duas ações ajuizadas pelo Ministério Público, uma na esfera cível e outra criminal, por supostamente exigir parcelas de salários de ex-servidores, manter “assessores fantasma” em seu gabinete e por uso indevido de veículos, materiais e funcionários da Prefeitura em uma obra em terreno que pertence a seus familiares, no bairro João Alves.  No início da sessão extraordinária houve a leitura da íntegra do relatório final da comissão processante, que só considerou improcedente a acusação referente aos “fantasmas”, pois diversas testemunhas afirmaram que os dois ex-assessores apontados pela Promotoria cumpriam funções relacionadas à Câmara.

O vereador Alberto Heck (PT), que comandou a CPP, foi o único a se pronunciar na tribuna e detalhou os trabalhos realizados junto com Bruna Molz (Republicanos) e Licério Agnes. “Já havia o precedente de outras duas comissões processantes que serviram de experiência para estabelecer para os ritos. Cada processo tem suas particularidades e em nenhum momento houve a interferência um no outro”, observou. A defesa do vereador André Scheibler coube ao advogado Ezequiel Vetoretti, que focou sua explanação em duas horas nas contradições das testemunhas, em especial, Cornélio Mayer, João Cassepp e Mario Kistenmacher, além de destacar para que os vereadores deixassem de lado a “opinião pública”.  Também questionou o fato de se dar mais valor aos depoimentos do que às provas.

A sessão não contou com presença de público devido às restrições de circulação determinadas por conta da pandemia. No entanto, a presidência da Câmara permitiu que servidores municipais fixassem cartazes com mensagens favoráveis à cassação nas galerias. Scheibler elegeu-se vereador para seu primeiro mandato em 2004 e na eleição conquistou seu quarto mandato, com 1.963 votos. Também foi presidente da Câmara em três oportunidades: em 2005, 2011 e em 2013. Em maio de 2020, foi afastado provisoriamente pela Justiça acusado de irregularidades no seu mandato de vereador. Antes de Scheibler, no mês de maio os vereadores Alceu Crestani (PSD) e Elo Schneiders (PSD) tiveram os mandatos cassados.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895