Câmara de Vereadores discute ações de enfrentamento das mudanças climáticas em Porto Alegre
Reunião, que teve como tema o Dia do Meio Ambiente, debateu os impactos e os reflexos da enchente histórica da capital
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A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre realizou na manhã desta terça-feira uma reunião virtual para tratar das ações de enfrentamento das mudanças climáticas na capital. O encontro teve como tema a semana do Dia Internacional do Meio Ambiente e apontou os impactos e reflexos da enchente histórica vivida em maio na capital.
Segundo a vereadora Lourdes Sprenger, presidente da Cosmam, a proposta da reunião foi fomentar um debate sobre os desafios neste momento de reconstrução de Porto Alegre, buscando projetos e soluções que levem em consideração um futuro sustentável. Ela destacou que “a catástrofe climática” que a cidade vive não será esquecida pela população.
No encontro, os vereadores membros da comissão também discutiram as circunstâncias do fechamento do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) e da falta de investimentos no Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). Eles também apontaram a necessidade de mudanças de ações relacionadas ao meio ambiente e ao Plano Diretor de Porto Alegre.
Enchente mostrou necessidade de adaptação
Uma das entidades convidadas para participar do encontro foi o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). O professor Rodrigo Paiva apresentou um trabalho realizado pelo instituto sobre as mudanças climáticas e as necessidades de adaptação da capital para esta nova realidade.
Segundo Paiva, a baixa ocorrência de inundações no início do último século em Porto Alegre pode ter motivado a ocupação de áreas baixas, assim como o período entre 1920 e 1950, com mais cheias, motivou a construção do sistema de proteção. “Entre 1970 e 2000 tivemos pequenas cheias. Mas nas décadas mais recentes, especialmente nos últimos 10 anos, houve um aumento expressivo de inundações. A média de cheias da última década é muito superior ao que tivemos anteriormente”, pontuou o pesquisador.
Ele também apresentou um estudo feito pelo IPH sobre os efeitos das mudanças climáticas em nível nacional. Conforme o relatório, poderá haver aumento de alagamentos em quase todas as cidades brasileiras. Já com relação aos rios e leites de água, o RS terá um aumento da probabilidade de ocorrerem cheias e de forma mais frequente e agressiva.
“Nós do IPH entendemos que a sociedade gaúcha deve se recuperar da enchente de 2024 levando em conta o aprendizado para reconstruir o RS incorporando adaptações às mudanças climáticas para todos os tipos de projetos de infraestrutura. O sistema de proteção tem que ser repensado para ficar cada vez mais forte, para aguentar uma vazão maior dos rios que pode ocorrer com as mudanças climáticas. Também deve ser feito um investimento muito forte em sistemas de monitoramento, previsão e alerta de eventos como este que vivenciamos”, completou.
Uso de dados para ajudar a repensar a capital
Vaneska Paiva, coordenadora de Planejamento Urbano da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), apresentou mapas das inundações na Capital e detalhou os impactos das cheias. A Prefeitura estima em 160 mil pessoas a população atingida. Quase 40 mil edificações foram afetadas, e mais de 45 mil empresas atingidas. A inundação de estruturas como o aeroporto e a rodoviária também causam um impacto econômico significativo, destacou Paiva.
“Porto Alegre passa por um momento único na sua história, de uma crise muito impactante. É algo sem precedentes. Em um primeiro momento, utilizamos dados georreferenciais para entender o tamanho da inundação. A partir do ponto limite das estruturas afetadas, será possível definir as políticas públicas que serão aplicadas. Todos os projetos que vão surgir precisam ter em sua concepção o objetivo de atender esses conceitos de mudanças climáticas”, finalizou.