“Cada vez que chove, é um medo", diz morador do bairro Navegantes

“Cada vez que chove, é um medo", diz morador do bairro Navegantes

José de Souza aproveitou o dia ensolarado para continuar a limpeza da sua casa, que ele não vai mais morar depois de 54 anos

Paula Maia

José de Souza ficou assustado diante da magnitude da inundação

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As marcas da enchente que atingiu Porto Alegre no mês de maio ainda são visíveis nas paredes das casas, prédios comerciais e na vida de quem frequenta o bairro Navegantes. José de Souza aproveitou o dia ensolarado desta terça-feira para continuar a limpeza da sua casa, que ele não vai mais morar depois de 54 anos.

"Nós vamos reformar a casa e alugar, isso que aconteceu é muito triste. Nós estamos levando a vida. O que importa é a saúde. Mas eu nunca imaginei que ia passar por isso”, diz o aposentando que afirma que a dor dos seus amigos e vizinhos se mistura com a sua.
“Esse meu vizinho aqui do lado teve um prejuízo de 600 mil, outro vizinho, meu amigo perdeu a mãe em dezembro e agora perdeu tudo ali. Não vai abrir mais”, lamentou.

"Perdi casa, perdi carro. Não tem muito o que dizer, não esperava uma situação dessa", disse, refletindo a incredulidade diante da magnitude da inundação. O aposentado também lembrou que a água invadiu a sua casa de uma forma muito rápida e que sentiu uma profunda tristeza ao ver os danos causados pela água dentro da residência.

“Nós saímos as duas e meia e a água já estava no portão. Precisou de dois caminhões para tirar tudo da casa”. Mesmo saindo do bairro, ele espera que o sistema de drenagem seja melhorado para evitar futuras tragédias semelhantes. "Cada vez que chove, é um medo", confessou, destacando o impacto emocional contínuo das lembranças da enchente.

José Souza, bairro Navegantes, "Eu sinto pelas perdas dos meus vizinhos também" | Foto: Pedro Piegas


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