Casa dos Azulejos volta a ostentar sua beleza em Rio Pardo após restauro

Casa dos Azulejos volta a ostentar sua beleza em Rio Pardo após restauro

Imóvel tem como principais aspectos peculiares a utilização de azulejos artesanais portugueses

Otto Tesche

Casa dos Azulejos encontra proteção na Lei Estadual que declara integrante do Patrimônio Cultural do Estado a área histórica da cidade de Rio Pardo

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Uma edificação construída antes da segunda metade do século 19 e integrante do acervo cultural do Estado voltou a atrair a atenção em Rio Pardo após as obras de recuperação. O advogado Eugenio Carlos Mota de Almeida e a esposa Rosi Flores Almeida, proprietários do prédio da Casa dos Azulejos, concluíram o restauro do espaço localizado na esquina das ruas Almirante Alexandrino e Arthur Falkenbach, no Centro. O imóvel, conhecido como Antigo Açougue Vermelho ou Encarnado, tem como principais aspectos peculiares a utilização de azulejos artesanais portugueses, com revestimento das fachadas frontal (oeste) e lateral (norte).

A edificação agrega caraterísticas da arquitetura portuguesa, com a utilização de azulejos artesanais procedentes de Portugal, portas de ferro maciços e estatuetas/esculturas no telhado. A construção é uma das duas únicas no modelo existentes em Rio Pardo, com aplicação de azulejaria de cerâmica portuguesa. O outro imóvel na cidade com esta peculiaridade fica na Rua Andrade Neves, nas proximidades do Centro Regional de Cultura. No Estado também, existem apenas alguns prédios em poucos municípios, como Porto Alegre, Pelotas, Rio Grande e Quaraí.

As obras de restauro começaram no fim do ano passado. Mas os proprietários assumiram a garantia de recuperação e manutenção do imóvel em outubro de 2011, com a assinatura do termo de compromisso de ajustamento de conduta no Ministério Público de Rio Pardo. A medida fez parte de uma série de ações propostas pela promotora Christine Mendes Ribeiro Grehs, em negociação com os proprietários de imóveis, para garantir a proteção patrimonial de prédios considerados de valor histórico na cidade. O projeto de restauro da Casa dos Azulejos passou por análise do Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico de Rio Pardo (DPHARP) e foi conduzido pela arquiteta Vera Schultze. A execução das obras esteve sob a responsabilidade do engenheiro Joel Lisboa da Rocha e da arquiteta Joana Muller Rocha.

O advogado Eugenio Carlos Mota de Almeida informou que houve a preservação do piso original no interior e os desenhos de animais e ferramentas nas paredes relacionadas às atividades do açougue que funcionou no local durante três décadas, até os anos 40, com a adaptação do prédio pela Cooperativa Pastoril Rio Pardo. O proprietário explicou que houve necessidade de fazer moldes para a confecção de novas peças, algumas de fibra de vidro, para substituir as partes com danos. Destacou que uma das dificuldades foi a recuperação da azulejaria de forma artesanal, com o uso de mão de obra especializada.

A Casa dos Azulejos encontra proteção na Lei Estadual que declara integrante do Patrimônio Cultural do Estado a área histórica da cidade de Rio Pardo. Também está protegida pela lei municipal de zoneamento e uso e ocupação do solo, de 2006, que destaca o imóvel como de valor histórico, cultural e de expressiva tradição para a cidade de Rio Pardo e está incluído no inventário do patrimônio cultural do Estado do Rio Grande do Sul. O imóvel, após a restauração foi locado para as atividades de uma loja de artigos religiosoa.

O locatário tem o compromisso de não alterar as características arquitetônicas do prédio. Por isso, além dos detalhes nos azulejos externos, as pessoas que entram no prédio podem observar o piso original da época de contrução do imóvel e os detalhes na parede, com figuras de animais e utensílios de uso em açougues. Os atuais proprietários compraram a edificação em 1988 e fizeram pequenas melhorias antes do restauro.

A recuperação de mais um prédio de valor cultural representa um estímulo para a luta pela recuperação e preservação do patrimônio histórico de Rio Pardo, uma das principais marcas do município que completa 211 anos de instalação em outubro. Rosi Flores Almeida destacou que muitas pessoas da própria cidade não têm conhecimento do prédio do Antigo Açougue Vermelho, assim como de outras edificações que integram o Inventário do Patrimônio Cultural local. Rosi lamenta a existência de diversas construções antigas na área urbana condenadas por falta de manutenção.


Correio do Povo
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