Casas abandonadas e marcas nas paredes: Eldorado do Sul vive mazelas mais de oito meses após as enchentes

Casas abandonadas e marcas nas paredes: Eldorado do Sul vive mazelas mais de oito meses após as enchentes

Prefeitura afirma estar trabalhando na recuperação do município, que foi mais de 80% atingido pela tormenta de 2024

Felipe Faleiro

Famílias vivem em Eldorado do Sul em meio a residências abandonadas que representam diferentes perigos aos vizinhos l Cássia Roberta Pinheiro mora com sua família muito próxima de um conjunto de casas abandonadas

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Eldorado do Sul ainda vive inúmeras mazelas mais de oito meses depois das tormentas de maio do ano passado, que atingiram 80% da área do município da Região Metropolitana e a totalidade dos moradores de alguma maneira, a maioria de forma permanente. Muitos abandonaram onde viviam e hoje as residências seguem exibindo as marcas de onde a água atingiu, em diversos casos acima das próprias casas. No bairro Cidade Verde, um dos mais afetados, estão alguns destes exemplos.

Vizinhas de onde ficará o futuro dique de contenção a ser construído, e cuja promessa é de reduzir novas ocorrências de inundações no futuro, a dona de casa Nadir da Silva e sua filha, a diarista Cássia Roberta Pinheiro, estão com a residência pintada e praticamente tudo arrumado, embora o sentimento da perda permaneça. Animais de estimação precisaram ser deixados para trás quando a água subiu, forçando a família a tomar difíceis decisões na ocasião. Quase tudo o que há dentro da moradia foi obtido de doações.

“Eu mesmo comprei apenas uma geladeira, um micro-ondas e uma mesa. Quando veio a enchente, primeiro vimos os relatos na televisão, mas não demos muita atenção no começo. Depois, meu marido alertou que era melhor que saíssemos, e tirou a mãe dele e as crianças. Já estávamos acostumados com enchentes menores. Saímos, e no começo conseguíamos vir apenas um pouco, e a água cada vez mais alta, subindo devagarinho. Mas, depois, não havia mais o que fazer”, contou Cássia, que tem quatro filhos.

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A família conseguiu obter os R$ 5,1 mil do Auxílio Reconstrução, do governo federal, e R$ 2,5 mil do Programa Volta por Cima, do governo do Estado, e vive a expectativa de sair em definitivo, enquanto não há resolução da situação do dique. A casa da família, feita de madeira é alta, sustentada por pilares sobre o solo, e mesmo assim, a água subiu a mais de quatro metros de altura na área. Outras, porém, não tiveram a mesma sorte de permanecer em seus terrenos, e há aquelas que praticamente caíram nos banhados próximos, estando assim há meses.

A Prefeitura de Eldorado do Sul afirma estar trabalhando em mutirões, especialmente de limpeza urbana, podando, nesta semana, árvores danificadas pelas tormentas de maio, também liberando a visibilidade das câmeras de monitoramento. A Administração ainda iniciou ação de hidrojateamento das bocas de lobo na região do Delta, a fim de melhorar o sistema de drenagem e prevenir alagamentos.


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