CDL Poa celebra segundo ano da adoção de praça centenária no Centro Histórico

CDL Poa celebra segundo ano da adoção de praça centenária no Centro Histórico

Música ao vivo apresentações culturais marcaram a data e celebraram a revitalização do espaço, inundado em maio deste ano; placas com informações das cheias históricas de 1941 e 2024 foram inauguradas

Cristiano Abreu

Espaço completa dois anos sob os cuidados da CDL Poa, que promoveu melhorias após inundação, em maio deste ano

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A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre promoveu nesta manhã evento para celebrar os dois anos da revitalização da Praça Osvaldo Cruz. O espaço, que é um dos símbolos do Centro Histórico da Capital, foi adotada pela entidade varejista, por meio de parceria público-privada com a Prefeitura da Capital, pelo período de cinco anos.

A comemoração do segundo aniversário da iniciativa é ainda mais significativa, pois marca a recuperação da área após a enchente ocorrida em maio deste ano. Com música ao vivo, distribuição de bandeiras do Rio Grande do Sul e apresentações Culturais, a CDL reforçou o compromisso pelos cuidados com o local. Placas com informações e imagens das enchentes históricas de 1941 e de 2024 foram instaladas próximas do monumento em homenagem a Osvaldo Cruz.

De acordo com o presidente da entidade, Irio Piva, a ação contribui para a preservação da memória e a valorização desta histórica área comercial e de lazer da cidade.

“Há dois anos, a gente assumiu aqui essa praça, reformulou ela inteira e entregou para a comunidade. Agora, infelizmente, ela foi alagada, mas a gente refez tudo. E tem uma simbologia grande, é um símbolo da retomada do comércio do centro, que é o lugar onde Porto Alegre começou”, exaltou.

Presidente destaca placas com informações sobre as cheias históricas que atingiram a Capital | Foto: Mauro Schaefer

Piva também ressalta que o comércio do Centro Histórico é de extrema importância para o desenvolvimento do varejo. “Os pequenos e médios empresários, especialmente de vestuário, estão concentrados nesta área, então, retomar as atividades da praça e de todo o Centro Histórico é realmente muito importante. A CDL ajudou lojistas, entregando mais de 22 mil itens para a limpeza, ajudamos no recolhimento do lixo; quer dizer, junto com a prefeitura e com a parceria do Sindilojas, a gente fez uma ação muito forte aqui no Centro para mostrar que a gente precisa recomeçar, precisa acreditar na nossa cidade e fazer as coisas acontecerem o mais rápido possível”, completou o presidente da entidade.

Aberta ao público, a cerimônia contou com a presença de membros da diretoria da CDL POA, autoridades públicas municipais e lideranças do setor na Capital.

Sobre a praça

A Praça Osvaldo Cruz, uma das menores de Porto Alegre, foi construída com pedras portuguesas, cercada por árvores robustas e tendo em destaque o busto do médico e sanitarista brasileiro Oswaldo Cruz, no século 19. No entanto, durante o processo de revitalização, o local precisou receber inúmeras melhorias para que voltasse a receber o público do Centro Histórico com qualidade e segurança. Foram feitas recolocações de pedras originais e incremento de basalto, instalação de decks em diferentes níveis, inclusão de canteiros ajardinados, floreiras, lixeiras, postes de iluminação fotovoltaica e bicicletário. Ainda, foi restaurada a obra de arte, em bronze, com o rosto de Oswaldo Cruz, que tem a assinatura do escultor Rodolfo Bernardelli e que foi entregue à cidade, em 24 de fevereiro de 1928, pelo Instituto Pereira Filho, na pessoa do professor Manoel Pereira Filho.

O local ocupado pela antiga Praça Pinto Bandeira, no centro de Porto Alegre, entre as ruas Voluntários da Pátria, Pinto Bandeira, Chaves Barcelos e Comendador Manoel Pereira, até o final do século XIX, não passava de uma área à beira do Guaíba, ponto de encontro de barqueiros e lavadeiras e local para o descarte de lixo. Na sessão da Câmara de 29/10/1880, o vereador responsável pela área informava o gasto de 620 carroças de terra para cobrir o lixo ali depositado. Em 1889, o Diretor de Higiene ordena uma limpeza rigorosa na área em frente à Rua Pinto Bandeira. A Gazeta da Tarde, em 1898, noticiava a inauguração do “chalet de recreio público” construído junto à Praça pelo Sr. Pedro Bergmann. O ajardinamento e a instalação do busto de Oswaldo Cruz só aconteceram em 1927. Naquele ano, os médicos Manoel José Pereira Filho e Oscar Bernardo Pereira, em nome do Instituto Pereira Filho, fizeram a doação do busto em bronze, obra do escultor Pinto do Couto, para ser colocado na praça em frente ao “Teatro Coliseu”. Os doadores solicitaram que a praça, ainda sem nome oficial, fosse denominada “Praça Oswaldo Cruz”, em homenagem ao médico brasileiro. O pedido foi acatado pelo Prefeito Otávio Rocha que, no Decreto n.º 105, oficializou a denominação sugerida. Na imagem, podemos ver, ao centro, o Edifício Eduardo Secco, construído em 1930 e restaurado entre 2005 e 2009. À direita, prédio construído em 1920, onde funcionou o Instituto Pereira Filho.

Descrição do monumento

O busto é obra do escultor brasileiro Rodolfo Bernardinelli, fundador e professor da Escola Nacional de Belas Artes. Foi modelado em 1904, ainda em vida do sábio Oswaldo Cruz que posou para Bernardinelli. Nas costas do pedestal e unindo a segunda placa à terceira, foram colocadas no monumento duas coroas de louro. (Tanto o busto como as placas referidas foram fundidas na afamada Fundição Carini, do Rio de Janeiro, a qual fez diversos trabalhos de Bernardinelli, como as estátuas de Caxias e do general Osório.) O pedestal da herma em granito foi oferecido pelo Instituto Pereira Filho. Esse pedestal foi trabalhado em Porto Alegre nas oficinas da firma Piatelli Irmãos. Inauguração: 24 de fevereiro de 1928.

Quem foi Oswaldo Cruz

O médico e cientista Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu em São Luís do Paraitinga (SP), em 5 de agosto de 1872. Graduou-se na Faculdade de Medicina do Rio de janeiro em 1892, apresentando a tese de doutoramento “A veiculação microbiana pelas águas”. Antes de concluir o curso, já publicara dois artigos sobre microbiologia na revista Brasil Médico. Seu interesse pela microbiologia levou-o a montar um pequeno laboratório no porão de sua casa. Contudo, a morte de seu pai, no mesmo ano de sua formatura, impediu o aprofundamento de seus estudos por um tempo. Dois anos depois, passou a trabalhar na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, onde era responsável pela montagem e a chefia do laboratório de análises clínicas. Em 1897, Oswaldo Cruz viajou para Paris, onde permaneceu por dois anos estudando microbiologia, soroterapia e imunologia no Instituto Pasteur e medicina legal no Instituto de Toxicologia. Foi o responsável pela erradicação da peste bubônica, da febre amarela e da varíola no País.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895