Clínica de hemodiálise de São Leopoldo que atende 120 pacientes pode fechar
Criado há 21 anos, local não vem recebendo repasses previstos no contrato da terceirização
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“Pelo contrato, que vence em outubro deste ano, a Fundação deve reter somente 5% do valor bruto repassado, como compensação da cessão do espaço, mas não estamos recebendo todo este dinheiro”, explica o paciente Guilherme Molter, que criou uma comissão para tentar resolver o impasse.
“Eu já estava encaminhando a demanda para o Ministério Público (MP) pois é um absurdo isso. Felizmente conseguimos uma audiência com o MP, para a segunda-feira, às 9h30min. Além disso, quero estar presente na Câmara de Vereadores na sessão de terça, que também vai tratar do nosso problema”, afirma o ele, que, três vezes por semana precisa realizar a hemodiálise, das 10h às 16h. “Eu tenho condições, mais a maioria aqui não tem. Tem um senhor que vem a pé para o tratamento. Outra senhora que faz sessões há 19 anos e está sem remédios pois a Farmácia Municipal não disponibiliza. Só queremos ter direito a saúde”, finaliza.
A clínica, que comporta apenas 27 pacientes por vez, tem ainda ao menos cinco máquinas estragadas, que precisam de manutenção. As poltronas também são antigas, e precisam ser trocadas. “Aceitamos doações se alguém quiser ajudar. A gente traz até café, só café preto, para os pacientes terem algo pois eles não ganham nenhuma refeição. Alguns chegam a ficar mais de oito horas sem comer, sendo que a máquina suga todas as energias deles. Falta comida, faltam remédios. É muito triste trabalhar nestas condições e ver eles tendo que superar isso”, diz uma funcionária que prefere não se identificar.
O presidente da Fundação Hospital Centenário, Nelson Piovesan, reconhece a retenção do repasse federal, mas alega que está sendo feita uma negociação junto as empresas terceirizadas, como no caso da Clínica de Hemodiálise, devido ao déficit da casa de saúde passar dos R$ 1,5 milhão. Ele aponta que o custo mensal do hospital é de R$ 9 milhões, sendo que R$ 235 mil são recursos estaduais, R$ 2,3 milhões recursos federais e o restante, quase R$ 7 milhões, é repassado pela Prefeitura de São Leopoldo.
“Nós estamos conversando com todas as empresas terceirizadas, porque precisamos aumentar a receita do hospital, para garantir medicamentos e pagamentos de exames. Esperamos resolver tudo até 60 dias”, afirma Piovesan, garantindo que o serviço da clínica não será suspenso.